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segunda-feira, 9 de julho de 2012

O Diabo tomando Prozac - Ensaio sobre o Fim da Cultura

 

Por e-mail, com autorização para publicação no Cavaleiro do Templo

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O presente artigo parte da premissa de que, em toda História da civilização, jamais houve verdadeiramente uma cultura que aceitasse completamente a responsabilidade de seus próprios atos. Sustenta ainda a idéia de que a alteridade do mal, ou seja, sua condição de força com vida própria e alheia à vontade humana foi sempre uma necessidade em todas as épocas.

O estudo comparado das religiões não deixa de se mostrar irônico no sentido de que, se o Bem e os deuses responsáveis pela sua existência tem características tão distintas, o Mal nos parece ser o resultado da ação de um Diabo que costuma se repetir muito, ainda que com "excelentes" resultados. Seria falta de imaginação da parte dos criadores das teogonias ou é verdade que o Diabo sempre vai ser o maior inimigo de Sartre? Para quem não lembra, esse talvez tenha sido o filósofo da "responsabilidade" - alguém que sempre vai nos chamar para assumir as consequências das nossas ações e lembrar que estamos "condenados a ser livres" para escolher o nosso destino. É impossível imaginar um papel para o Diabo quando se pensa como um existencialista porque Lúcifer, não tenho dúvida, tem como função negar a liberdade humana. Aqueles que acreditam em possessão demoníaca e exorcismo (não interessa em que tempo ou lugar) não deixam de repetir Rosseau e o seu "bom selvagem" porque não parece diferente dizer que o homem nasce bom e a sociedade o corrompe do que afirmar que ele é bom; mas o Demônio o possuiu. O que existe em comum nos dois casos é, como eu escrevi no início, a idéia de alteridade, a noção do outro, do objeto externo e da inocência a priori da qual resultará sempre a possibilidade de se redimir e, como gosta de lembrar Luc Ferri, de obter a Salvação - eterna busca do homem e espécie de "primeiro-motor" da filosofia.

O que eu me pergunto às vezes é - que papel pode existir para o Demônio em uma sociedade que não sente mais culpa? Heresia para qualquer discípulo de Freud, essa idéia parece de início um absurdo - "Não há cultura sem Repressão" está muito próximo de "Não há cultura sem Culpa" mas mesmo assim eu gostaria de insistir na hipótese e imaginar um "mundo sem remorsos”...um mundo de Auschwitz, de Pol Pot e do seu Camboja, um mundo de fanatismo com Hitler e Stalin..um mundo assustador e antecipado por Dostoiévski em "Os Demônios"...enfim..um mundo onde a palavra "culpa" já não tem mais significado porque nele impera a ausência de sentido e não se sabe mais o que é o Bem e o Mal..

Eu acho deprimente pensar o mundo assim, mas imagine-se por um momento no papel de "Diabo"..Um Diabo nesse mundo não passaria de um "pobre diabo"..um diabo com "d" minúsculo que não sabe mais ao que veio, já que não tem mais nada para fazer aqui..

Dormindo mal, bebendo, sentindo-se inútil..esse Diabo pós-moderno vai acabar usando Prozac

porque a questão do sentido obrigatoriamente permeia toda ação seja ela humana, divina ou "diabólica" e a depressão adquire aí um caráter quase "sobrenatural"...rsss

Espero, para terminar com mais esperança, que o próprio conceito de Cultura não dependa de tanto maniqueísmo...Bem, Mal, Deus, Diabo...quem sabe a Civilização sempre vai estar aí e essas forças estão dentro de nós mesmos? Quem sabe não há sentido algum a ser buscado como querem os teóricos da Desconstrução..ou quem sabe busca e destino são uma coisa só como querem os budistas? Não sei, mas de uma coisa tenho certeza - até uma certa época da nossa História, de certa maneira, sempre houve um sentido..Agora não parece haver mais e acho difícil que torne a haver enquanto não percebermos que quem morreu foi Nietzsche; não Deus..e que não há espaço para diabo algum quando é Ele que está dentro de nós.

para Eunice.

julho de 2012

Milton Simon Pires
Médico
Porto Alegre - RS

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".