02 jan 2012, às 2:01
Postado por Taiguara Fernandes de Sousa
Hannibal Lecter também tem senso de beleza. E aquele que o imortalizou, especialmente. Estava há pouco ouvindo uma valsa composta por Anthony Hopkins há 50 anos, quando ainda era músico. A valsa intitulada “And the Waltz goes on” foi tocada pela primeira vez por ninguém mais, ninguém menos que o grande violinista Andre Rieu, num show em Viena, Áustria, no verão do ano passado.
A valsa de Hopkins é simplesmente sensacional. Uma pena que gerações não tenham podido ouvi-la nos últimos 50 anos. Nós somos afortunados em apreciá-la. Segue:
“And the Waltz goes on” recordou-me um outro vídeo que eu assisti no Youtube, recentemente, mais longo, porém com quase tanto impacto quanto o violino do Rieu. Trata-se do documentário “Why Beauty Matters?”, baseado na obra do filósofo britânico Roger Scrutton e narrado por ele mesmo. O documentário é o que segue:
O título “Why Beauty Matters” diz tudo: por que a beleza importa? Desde Aristóteles e Santo Tomás de Aquino sabemos que existem três transcendentais, coisas cujo valor permanece pelos séculos e atinge a todos (para dar uma definição pueril e de nenhum rigor filosófico, mas que serve aos fins deste texto): a beleza, a bondade e a verdade. O que é belo, o que é bom e o que é verdadeiro é belo, bom e verdadeiro em todo lugar, para qualquer um.
Scrutton combate a idéia relativista de que não haja um padrão de beleza identificável para todos, de que a beleza possa estar em qualquer coisa; rebate: não, não, nem tudo é belo e, sim, existem coisas feias.
A valsa de Hopkins é inegavelmente bela para qualquer um que esteja em perfeito estado mental, mas ninguém pode dizer os mesmos dos crimes frios e bizarros que cometia o personagem canibal de Hopkins no filme “Hannibal” e esse é um dos motivos pelos quais muitos não se sentem confortáveis para assistir a trilogia de “O Silêncio dos Inocentes” até hoje (a propósito, a quem se interesse, há um bom livro sobre o background filosófico e simbólico deste filme, escrito pelo Prof. Olavo de Carvalho, Símbolos e Mitos no Filme “O Silêncio dos Inocentes”, Rio, IAL & Stella Caymmi, 1993).
Creio que Roger Scrutton saberá explicar melhor do que eu o que é a beleza, para que ela serve e onde encontrá-la. Para senti-la, contudo, escutem o Hopkins.
Um comentário:
Emocionante e belíssíma obra, Cavaleiro. Sir Anthony Hopkins é também um grande músico.
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