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sexta-feira, 18 de novembro de 2011

ITÁLIA: A ILUSÃO TECNOCRÁTICA

NIVALDO CORDEIRO
07/11/2011

Ontem eu vi o programa Manhattan Connection e o diálogo entre Ricardo Amorim e Diogo Mainardi foi ilustrativo e esclarecedor. O argumento de Ricardo é o meu: se políticos não deram solução para a crise em curso não serão tecnocratas desprovidos de voto que terão a solução. Diogo Mainardi deixou de ser um analista político para ser um torcedor apaixonado. É pura ilusão achar que uma personalidade tem a chave para a solução. Auto-engano terrível.

Eu testemunhei momento assim no Brasil quando o presidente João Figueiredo tirou o ministro Delfim Netto da Agricultura e o pôs no Planejamento. A mística de “milagreiro” de Delfim encantava a todos e gerou uma expectativa que não tinha como ser cumprida. A crise é maior do que seus condutores e exige sacrifício. Intuitivamente os que serão chamados a se sacrificar prendem-se irracionalmente ao fio de esperança sobre a ação de uma pessoa que não tem como gerar atalhos. Os sacrificados serão sacrificados do mesmo modo. Delfim Netto acabou por ser o anti-milagreiro, o algoz de toda gente.

A conversa entre Ricardo Amorim e Diogo Mainardi girou em torno do novo primeiro-ministro italiano Mario Monti. Político que jamais recebeu votos, Monti é um tecnocrata completo, apoiado pela burocracia de Bruxelas Esse apoio ajuda, mas pode também atrapalhar, pois o novo primeiro-ministro poderá ser incentivado a fazer os profundos cortes que a Itália terá que fazer nas suas despesas em velocidade mais acelerada. Será no momento dos cortes que a fraqueza congênita de Mario Monti aparecerá a todos: sua não legitimação nas urnas. Toda ação tecnocrática tende a ignorar as sutilezas do processo democrático e atropelar o real com sua racionalidade fria e pseudo. Ocorre que a racionalidade não submete o real. Bem vimos o que tem havido na Grécia. Os perdedores farão barulho e se rebelarão. A cada anúncio de cortes teremos sucessivas rebeliões dos perdedores.

Melhor que a Itália tenha escolhido um nome de consenso com rapidez e que este tenha o apoio internacional necessário. Mas não se pode ter ilusão. A fraqueza do novo governo italiano é mais do que evidente. Na agudização da crise veremos dramas dolorosos. Porque esta crise não é circunstancial e nem de fácil resolução. É uma grande crise, a exigir sacrifícios equivalentes àqueles de tempos de guerra. Será um ajuste geracional, a sacrificar aposentados, funcionários públicos e pagadores de impostos. Teremos a oportunidade de ver a economia política em estágio laboratorial, como em momentos fundadores. A social-democracia morreu e o novo ainda não nasceu. A própria elite não se preparou para a transição.

Esse é o grande pecado da elite européia, que vive a ilusão de que um governo transnacional – eventualmente um governo mundial – seja a solução para a crise. Não é. Governos transnacionais sacrificam a liberdade e a soberania. Terá contra si tenaz resistência. É isso que veremos, a elite tecnocrática remando para alienar a capacidade decisória do Estado italiano e sua população não reconhecendo nela legitimidade para entregar a estrangeiros o poder deliberativo que é inerente aos povos livres. É esse o embate que a guarda a Itália.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".