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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

RELIGIÃO E IDEOLOGIA: Não foi a Igreja católica que perdeu o sotaque de Cristo. Foram os religiosos 'dissidentes' que adquiriram o sotaque de Marx.

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As Igrejas, especialmente a Católica, e seus ministros, tiveram importância fundamental na eclosão e desenvolvimento da Contra-revolução de 31 de Março de 1964. O trabalho realizado pelos religiosos, na conscientização dos seus fiéis, foi muito importante para que os cristãos repelissem, com energia, o assédio dos "bolcheniquins" (bolchevistas tupiniquins). Mas já havia, há bastante tempo, um insidioso trabalho de cooptação dos sacerdotes e dos leigos, principalmente aqueles com respeitável bagagem intelectual. Já havia uma tênue ainda divisão dos sacerdotes em dois grupos distintos : o dos conservadores, que seguiam as determinações da Igreja, e o dos progressistas, que já começavam a contestá-las, indo mais além até : pretendiam atrelar a doutrina cristã à ideologia marxista-leninista. Os comunistas muito cedo compreenderam que para dominar a Igreja tinham de partir de dentro para fora. E se assim o pensaram, melhor executaram.

No estudo "Igreja e Sociedade no Brasil, Luiz Eduardo Wanderley, analisa a Igreja como Estado e Estado Nacional, observando que : "A Igreja Católica, por natureza, apresenta a ambigüidade de se constituir em uma instituição da sociedade civil dentro dos Estados Nacionais e, ao mesmo tempo, ser um Estado com particularidades muito especiais. É nesse sentido que se chega a afirmar que ela possui os atributos de uma multinacional (poder centralizado, massa crítica de recursos para alocar, planejamento internacional etc.). Em contradição gera problemas de enorme complexidade. (...) Agindo como um Estado reconhecido, deve respeitar, a nível das relações diplomáticas, cada Estado nacional de jure e de facto.

Contudo, em conjunturas definidas, através de alguns de seus setores (nacionais e/ou estrangeiros) chega a contestar políticas governamentais com relação ao divórcio, à limitação da natalidade, aos direitos humanos, e a apoiar a partidos e movimentos políticos de oposição". Aí estão definidos, simultaneamente e em linhas gerais, o ponto fraco da Instituição, para fins de infiltração, e a cunha necessária para difundir a ideologia marxista de um modo muito sutil, quase imperceptível, aos leigos.

Já nos começos da década de 60 sobressaia-se o padre Aloísio Guerra, autor do livro "O Catolicismo ainda é Cristão", que assim se manifestava sobre a religião católica : "Essa Religião assim constituída, com bases na hipocrisia, na descaridade, num falso amor, num zelo detestável, num autêntico desprezo dos pobres e numa verdadeira aliança (para o progresso ?) com os ricos, é ou não é o ópio do povo ?"

Vejamos uns poucos dados :

(1) - "Ação Popular (ou Ação Popular Marxista-leninista) era o nome de um grupo de militantes de esquerda nos anos 60, originários do meio estudantil (Juventude Universitária Católica/JUC). A uni-los, a inspiração cristã ditada pela Igreja Católica e a base ideológica marxista-leninista" (o já citado, anteriormente, psicanalista Roberto Freire, na mesma entrevista). Um de seus fundadores e coordenadores foi o cantado e decantado Betinho. Em "Cristianismo, Hoje" Betinho declara que "Alguns de nós começamos nosso aprendizado (marxista-leninista) no movimento estudantil como elementos da Ação Católica. No princípio, uma JEC (Juventude Estudantil Católica) animada por jovens assistentes entusiastas. Era o germe de uma ... revolução, colocada na plano social, histórico. Germe que não morreu na JEC, mas que para muitos só deu frutos na JUC". Aí está a mentira : o lobo vestindo a pele do cordeiro (de Deus !). E a alienação é tanta que o ex-frei Leonardo Boff, um dos teóricos da "teologia da libertação" no Brasil, propôs, após a morte de Betinho, a canonização do "de cujus" ; afinal, ele o homem da 'campanha contra a fome'.

(2) - Em 1968, D. Helder Câmara, arcebispo de Recife e Olinda, que na mocidade havia pertencido às hostes da Ação Integralista Brasileira, fundou um movimento denominado "Movimento de Pressão Moral Libertadora", cuja finalidade era 'conscientizar' o Brasil de Norte a Sul. Já antes, quando bispo auxiliar do Rio de Janeiro e Secretário-Geral da CNBB, assim se manifestara sobre a reforma agrária : "Ou se tem o bom senso de aceitar o projeto de Revisão Agrária ou virá a revolução agrária, para a qual já há balões de ensaio no nosso próprio país" (Coletânea da TFP "Meio Século de Epopéia Anticomunista", 1980). A partir de então. D. Helder fica conhecida, entre os anticomunistas, como o ... Arcebispo Vermelho.

(3) - Ainda em 1968 surgiu o chamado 'Documento Comblin', difundido pelo padre belga Joseph Comblin, professor no Instituto Teológico da Arquidiocese do Recife (de D. Helder Câmara !). Nele Comblin pregava, abertamente, a revolução na Igreja, a subversão no país, a derrubada do governo (marechal Costa e Silva), a dissolução das Forças Armadas e a implantação de uma ditadura comunista, baseada em tribunais de exceção e aparelhada para reduzir ao silêncio os descontentes (idem).

(4) - Mais ou menos na mesma época vamos encontrar, lecionando em universidade do Rio de Janeiro, vamos encontrar Roger Garaudy se declarando a um só tempo cristão e marxista, cuja pregação deletéria foi assim criticada por Geraldo Bezerra de Menezes : Enquanto a França se empenha em desnarxizar os centros de ensino (v. Jules Monnerot, Desmarxizer l'Université, Paris, 1971), no Brasil insiste-se com Roger Garaudy para espalhar a sua ideologia em nossas universidades".

(5) - "Entrevistado por "Zero Hora" (Porto Alegre/RS, 29 Jan 1989), Raul Pont (PT/ex-prefeito de Porto Alegre) afirmou que "a Igreja (católica) originária de Puebla rompeu o preconceito contra o socialismo, havendo atualmente maior identidade entre o setor progressista da Igreja e o PT, em termos de luta política" (citado por A. J. de Paula Couto, em "O Desafio da Subversão", pág. 72).

(6) - No artigo "A Volta do Sagrado" (incluído no livro "Religião e Sociedade") , Rubem Alves observa que "de uma perspectiva da Igreja, o conflito fez com que o Estado emergisse como problema central a ser analisado de um ponto de vista histórico e político. A questão da terra, a situação dos índios e dos direitos humanos, a doutrina de segurança nacional (punctum dolens dos "bolcheniquins"), têm sido os problemas da hierarquia Católica brasileira - e em todos eles o que está em jogo é a questão do autoritarismo estatal (...) Por razões óbvias : o compromisso da Igreja com as classes pobres a leva muito próximo de uma opção socialista, o que contraria os interesses do empresariado capitalista liberal".

(7) - Carlos Doria, no artigo "Religião e Política em Gramsci" (incluído no livro "Religião e Sociedade"), praticamente justifica a afirmação anterior: "Somente o marxismo, como o catolicismo, mas de um modo diverso, lograria penetrar a fundo as massas populares".

(8) - O já mencionado Rubem Alves observa que " com a conferência de Medellin a 'teologia da libertação' deixou de ser expressão de grupos para-eclesiásticos radicais, e foi elevada à condição de voz do episcopado latino-americano". Aí começou de fato o cisma do século XX, caracterizado pelo desenvolvimento da Teologia da Libertação, de inspiração marxista-leninista e, por isso mesmo, combatida pelos Papas mais recentes, especialmente o atual, como os mais antigos combatiam o comunismo. A coisa atingiu o paroxismo no atual pontificado quando os teólogos liberticidas decretaram que "a Igreja de João Paulo II, há muito tempo havia perdido o sotaque de Jesus". Muito colaboraram para isto o aumento de padres de origem urbana, formados não mais em seminários, mas em comunidades, assim como o aparecimento de um expressivo número de organizações internas tais como as Comissões Pastorais, as de Justiça e Paz, as Comunidades Eclesiais de Base, o Conselho Indigenista Missionário ... e associações de leigos como os Cursilhos da Cristandade.

(9) - Em 25 de novembro de 1972, o bispo de Campos, D. Antônio de Castro Mayer, difundiu uma Carta Pastoral sobre os Cursilhos da Cristandade, alertando sobre tendências esquerdizantes observadas em alguns círculos cursilhistas. ( A "Folha de São Paulo", nesta mesma data, comentando entrevista com D. Antônio , assim se expressou : "Há nos Cursilhos uma singular mistura de erro e de verdade, de bem e de mal, entende D. Antônio ...É forçoso reconhecer uma tendência esquerdizante em meios cursilhistas, diz o bispo de Campos".

(10) - No artigo " O Magistério de Roma", publicado no "O Globo" (07 Jul 1985) o Dr. Heráclito Sobral Pinto observou que "não nos encontramos num período de transição, como freqüentemente se declara. A realidade dolorosa é muito mais dramática : o espírito revolucionário, que, desde mais de século, domina a sociedade civil, invadiu também os quadros da Igreja de Crista. Teologia da Libertação, Progressismo, Igreja do Povo, Colegialismo nada mais são do que a negação atrevida, clara ou disfarçada, do Magistério de Roma, de que o Papa é expressão legítima". Tinha plena razão o Dr. Sobral Pinto ao expor as suas observações ; só não dá para entender porque, em contrapartida, ele ficou famoso como defensor de um sem número de comunistas na condição de presos políticos.

Tudo isto confirma a cooptação de uma parcela razoável de religiosos de vários credos, principalmente o católico, pela ideologia comunista. Talvez porque, como observou o Papa Pio XI, "bem poucas pessoas têm sabido penetrar na verdadeira natureza do comunismo". Por certo ignoravam que, para Marx, "a religião é o suspiro da criatura oprimida pela infelicidade, a alma de um mundo sem coração, do mesmo modo que é o espírito de uma época sem espírito. É o ópio do povo (das opium des Volks)" . Nem perceberam que Lenine considerava como " uma abominação qualquer idéia religiosa". Talvez nunca tomaram conhecimento de que, em "Ecclesiam Suam", o Papa Paulo VI condenou "os sistemas ideológicos negadores de Deus e opressores da Igreja, muitas vezes, identificados com regimes econômicos, sociais e políticos, entre eles o comunismo". Desconhecem que,

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".