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sexta-feira, 2 de julho de 2010

G-20: ESTÃO LOUCOS?

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Fonte: "El Diário Exterior", 2 de Julho 2010.
Tradução: A. Montenegro



Por Álvaro Vargas Llosa

A reunião do G-20, em Toronto, no Canadá, deixou em evidência uma verdade patética: os governos, instituições e personalidades que nos deveriam orientar nesta convalescença da hecatombe 2007/2008, continuam recomendando as mesmas políticas que conduziram ao desastre.

Antes e durante as reuniões, o presidente Obama insistiu com as nações, para adiar o ajuste fiscal e a redução da dívida, ações que poderiam sufocar a débil recuperação. Afirmou que o "violento acordo" dos participantes para reduzir o déficit pela metade até 2013 e estabilizar os percentuais da dívida até 2016, revelava mais "violência" que "acordo".

O canadense Stephen Harper, a alemã Angela Merkel e inclusive o francês Nicolás Sarkozy, defenderam o corte fiscal. Mas a oposição dos Estados Unidos e do Japão e a ambiguidade de potências emergentes como o Brasil, resultaram num acordo que não passa de uma banguela declaração de boas intenções.

Publicações respeitáveis, que deveriam contribuir para a clareza moral, agora que a dívida pública alcança 92% da economia da França e 83% da economia da Grã Bretanha, enquanto o déficit dos EUA está na estratosfera, asseguram que não é hora de disciplina monetária e fiscal.

Até Martin Wolf, do "Financial Times", considera "correto que os Bancos Centrais continuem imprimindo dinheiro". Clive Crook, do mesmo jornal, diz que é justo chamar a Alemanha "um mal cidadão global, por ajustar a política fiscal, apesar do superavit externo e da margem para endividar-se mais".

A revista Forbes, supostamente favorável ao mercado, publicou um artigo criticando as medidas de austeridade anunciadas por George Osborne, presidente do Exchequer britânico, que pretende cortar 25% do orçamento de várias repartições estatais. Na revista Bloomberg, o financista George Soros disse que "as medidas de redução de gastos de alguns países europeus produzirão um desastre".

O raciocínio destas vozes habitualmente autorizadas é o seguinte: a recuperação continua dependendo do estímulo estatal. E para restabelecer o equilíbrio entre as nações que têm superávit externo, como a Alemanha ou a China e as deficitárias, como os EUA ou Espanha, as primeiras devem economizar menos e gastar mais.

Se este conselho, que culpa o prudente pela conduta do imprudente, viesse dos pesos pesados de sempre – como o Premio Nobel Paul Krugman e companhia – seria lamentável. Agora, vindo da única superpotência, dos gurus mais influentes da comunidade empresarial e de publicações que se dizem conservadoras, fica claro que o mundo está mais louco do que se temia.

Os déficits, a dívida e o dinheiro fácil, causaram a bolha e a crise. Também causaram o filme de suspense hitchcoqueano que a Europa vive há meses. Tomar as decisões políticas necessárias para a recuperação continuada, evitando futuras bolhas, já é difícil. Mais ainda quando qualquer medida responsável tropeça com as manifestações nacionais, como na França, contra a reforma das aposentadorias e na Grecia e na França contra a reforma fiscal. Tomar tais medidas quando os líderes e vozes respeitadas perderam o juízo, exige esforços titânicos.

Graças a Deus, nem tudo está perdido. Ao mesmo tempo em que o G-20 pirava, o Banco Central da Suiça publicou seu informe anual, criticando como azarenta a manutenção de políticas fiscais e monetárias dissolutas. Sustenta que as taxas de juros artificialmente baixas, distorcem as decisões de investimento e levam os mercados financeiros a adotar riscos elevados. Um programa de austeridade seria gerador de confiança, sinalizando o sistema financeiro e proporcionando os empréstimos de longo prazo com baixo custo, em benefício dos maiores investimentos.

O BPI (Banco Central da Suiça) sustenta ainda que as políticas monetárias descontroladas, poderão produzir o clima de dinheiro fácil, que produziu a crise atual, gerando incentivo para que certas entidades financeiras tomem muitos empréstimos a curto prazo, para repassar a longo prazo, brecha que se traduziria em congelamento do crédito no primeiro sinal de baixa liquidez.

No cerne da questão, as políticas atuais protelam o momento de encarar o desafio demográfico do Estado de Bem Estar nos países que envelhecem rapidamente. Protelam a reestruturação das indústrias ineficientes que vivem ligadas aos aparelhos de UTI do acesso ao crédito fácil.

Verifica-se que "há algo de podre no reino da Dinamarca" quando o Banco Central da Suissa condena as políticas que aplaudiu durante anos. É um alerta para os desastres iminentes, se os governos continuarem no rumo atual.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".