Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro concede Medalha Tiradentes a Olavo de Carvalho. Aqui.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

As três humanidades

MÍDIA SEM MÁSCARA

Na obra Páginas Várias, o maior nome da filosofia brasileira dá seu parecer sobre o homem moderno, das metrópoles, da civilização decadente.
A civilização é a metrópole. Cada vez cresce mais a separação entre os metropolitanos e os provincianos. Enquanto estes continuam a ser os guardiões das culturas, aqueles aniquilam-se na morte das ideias, que substituem por brilhos de moeda falsa. Estamos numa época de decadência, porque se instaura definitivamente no mundo, mais uma vez, o predomínio inconteste das metrópoles.
São elas que falam em nome dos povos. Paris é a França; Berlim é a Alemanha; Londres, a Inglaterra, e Nova Iorque, os Estados Unidos.

São essas cidades os oráculos dos povos e apontam os destinos das nações. No entanto, nelas existe a depressão de todos os valores do homem. E é por isso que elas são o primeiro capítulo da decadência.

A separação entre o metropolitano e o provinciano é crescente, repito. Podemos distingui-los pelos seguintes caracteres que ressalto, no metropolitano: cinismo, desinteresse pelos grandes problemas interrogativos do homem; ausência da dúvida; espírito folgazão; jargão cheio de molequismo como meio de linguagem; falta constante do espírito de conservadorismo, sob qualquer aspecto; necessidade imprescindível de encher o vazio interior com divertimentos mais violentos, excitantes mais rápidos; pouca elegância nas maneiras; tendência para o chiste, para o humor, o trocadilho; tendência às exterioridades, manifesta mais intensamente na busca do vestiário; pretensão de superioridade sobre o provinciano que lhe serve de motivo de ridículo, sobretudo quanto às virtudes que este possui e que são olhadas pelo metropolitano como reminiscências de épocas anteriores que ele julga já ultrapassadas; aumento do esquerdismo nas massas; na arte é atraído pelo temporal, pelo passageiro, pelo epidérmico; não compreende mais arte pela arte; dissociação dos sentimentos nobres que eles os eiva de interesses e de lucros próximos; ausência do heroísmo desinteressado; gosto pela literatura leve, pelo romance em vez do ensaio, pela novela em vez do estudo; ausência de ideais excelsos, substituídos pelas ânsias de vitórias materiais; volubilidade crescente; radicalização às ruas: "Tenho asfalto na alma ... " ; nova concepção utilitária do amor; transformação do casamento em companheirismo; transformação do sentido provinciano da mulher; tendência para maior liberdade sexual ; aumento da neurastenia e doenças nervosas; modificação degenerativa de todos os sentimentos; diminuição do sentido do destino, do signo, para incremento do sentido de causalidade; redução dos instintos por uma padronização consciente normativa de um "modus-vivendi"; maior tensão e vigília na vida; mais vazio nas almas; artificialização crescente da vida e da criação consciente; predomínio da moda, que segue num ritmo cada vez mais rápido; instalação do provisório em suas construções e obras de arquitetura e consequente espírito de "moda", na arte, com o envelhecimento precoce dos seus ídolos; instalação de crenças variadas, com codificações de cunho típico metropolitano; maior ingenuidade na aceitação dos fatos e nos divertimentos; maior atração pela luz e pelo movimento; mais crescente o sentido de morte nas obras humanas metropolitanas, que trazem sempre o gérmem da destruição; completa ausência do sentido de reversibilidade do tempo, consciência mais forte da hora que passa, do segundo que passa; gosto pelas coisas "exquises", instauração da música de sons vitais e do ritmo mais sexual; predominância no consciente dos problemas de ordem sexual; aumento do "taedium vitae"; maior fixação íntima da cidade que nunca abandona o metropolitano, mesmo quando ausente dela; instalação do herói citadino, de brilho rápido, que se salienta por qualquer realização provisória como esportistas, políticos, locutores de rádio, aviadores, etc; maior desagregação dos elementos raciais, para dar nascimento a um tipo comum; ausência de espiritualismo, com crescente desenvolvimento de doutrinas de fundo causal, científico; divinização do dinheiro em contraposição ao sentido econômico rural dos bens; infecundidade física e espiritual; ausência de angústia quando se vê o último de sua família, sem possibilidade de perpetuação; redução da natalidade, ao princípio como consequência de ordem económica, finalmente formando o espírito do homem citadino; redução do instinto maternal das mulheres, que passam bruscamente da meninice para a maturidade; ausência do brinquedo ingénuo, infantil; espírito emancipativo das mulheres; uniformização da urbanística metropolitana, entre si, entre as grandes cidades; a música, a literatura, e a pintura e a escultura, assumem um caráter profissional; ausência do estilo e instalação do gosto; desaparecimento dos costumes para dar lugar às maneiras de comportamento; desaparecimento do traje popular pela influência de uma moda variável; ânsia de imposição do estilo metropolitano sobre as partes ainda não conquistadas; ânsia de imposição de formas genéricas para o domínio no mundo inteiro; aumento crescente do agnosticismo como atitude filosófica, como posição mais fácil para enfrentar as grandes e eternas perguntas; a originalidade como signo de decadência; nas metrópoles, na ânsia de originalidade, "Os homens excelsos não são originais".

Justifico por final o título: três humanidades.

A primeira é a da província, a segunda, a das metrópoles, e a terceira a que há de vir, após a grande transmutação do mundo, após a grande carnificina.



Do livro Páginas Várias - Antologia da Literatura Mundial, Editora Logos, 5a edição, São Paulo, 1966.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".