Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro concede Medalha Tiradentes a Olavo de Carvalho. Aqui.

quarta-feira, 3 de março de 2010

ORDEM, LIBERDADE E PROPRIEDADE


ORDEM, LIBERDADE E PROPRIEDADE


 
Voltando ao tema dos últimos artigos, lembro ao caro leitor que a ordem precede, lógica e cronologicamente, o campo de usufruto da liberdade e da propriedade privada, fato que a miopia militante de certos teóricos do liberalismo teima em contrariar. A ordem é a instância dada pela ciência política na ação dos homens da história. Vimos agora a morte estúpida do prisioneiro cubano por greve de fome, o desfecho teratológico que só uma ditadura sanguinária pode nos oferecer, com a bênção do nefando Lula. Uma ordem doente leva a que fatos assim tornem-se rotina.

Em cuba não existe nem liberdade política e nem liberdades individuais, simplesmente porque a ordem ali instituída foi criada em regime contrário a esses valores. Na prática, temos o Estado total (no sentido dado á expressão por Carl Schmitt), todos os poderes concentrados na mão do ditador. Ele é a constituição, sua vontade é o Poder Legislativo. Ele é a Vontade Geral, nos termos de Rousseau.

Um amigo esteve em férias agora em janeiro em Havana. Ele, que adora a comida cubana, relatou que lá comeu mal, mesmo freqüentando os restaurantes mais caros. Descobriu a causa: a população cubana não tem acesso aos condimentos culinários necessários para a boa cozinha, mesmo aquela caseira. O efeito devastador de uma ordem totalitária arruína até mesmo a boa comida. Quem quiser saborear os criativos dotes culinários cubanos deve mesmo ir a Miami, porque na Ilha-prisão a ordem estabelecida não permite a boa cozinha.

Penso também que é arrematada tolice querer instituir uma ordem a partir da propriedade privada, tomada como princípio. Propriedade nunca é princípio, ela é sempre instituída pela ordem adrede construída. Meu amigo passeando em férias teve o privilégio de ter um neurocirurgião como motorista do taxi que o atendeu, uma situação deveras absurda. Como membro da sociedade cubana mesmo um homem altamente qualificado não pode ganhar o bastante para sobreviver e conseguir o taxi, para atender aos turistas, é um privilégio de quem está de bem com regime. Tudo é politizado, até mesmo a humilde profissão de taxista. A propriedade coletiva foi ali instituída pela ordem revolucionária.

Há uma cena do filme Dr. Strangelove, do Kubrick, hilária e bastante ilustrativa desse fato. O Capitão Mandrake (Peter Sellers), seguido pelo Coronel Guano, precisa de fichas de telefone para falar com o presidente dos Estados Unidos sobre o iminente bombardeio atômico. Completa a ligação e acabam as fichas. Então ele pede ao oficial para obtê-las à força da máquina de coca-cola ao lado. Depois de diálogos patéticos e hilários ele dá um tiro na máquina e diz para Mandrake: “Você vai ter que se explicar com a Coca-cola”.

Algo assim só pode ser imaginado numa ordem em que o regime de propriedade privada está solidamente apoiado pela ordem política estabelecida. Não é a propriedade privada que garante a ordem, é a ordem que garante a propriedade privada. Elementar.

E o que garante a “boa” ordem? Uma elite esclarecida que é a guardiã das instituições e não permite queaventureiros, estúpidos e sanguinários como Fidel Castro e Lênin (e Hitler, no regime democrático, como Chávez), tomem o poder. São pessoas, e não simples instituições, que garantem a boa ordem do Estado. A omissão dos egrégios encoraja e fortalece os aventureiros, como estamos vendo à farta no Brasil de Lula e seus aliados do MST.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".