Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro concede Medalha Tiradentes a Olavo de Carvalho. Aqui.

quinta-feira, 4 de março de 2010

A LEI E A ORDEM


A LEI E A ORDEM

Nivaldo Cordeiro

01 de março de 2010
http://www.nivaldocordeiro.net/aleieaordem



Percebo haver uma grande dificuldade entre os liberais seguidores de Locke de se haverem com a realidade de que a ordem precede a liberdade e propriedade. Acho que aqui fala mais alto o anseio revolucionário típico dos iluministas, que se bateram vitoriosos contra o Antigo Regime. Falta-lhes aceitar o óbvio, que uma ordem sempre será dada, mesmo que pelos revolucionários. Constatar que uma ordem está estabelecida não é, em si, nem bem e nem mal, é um fato da vida.

Ordem não é sinônimo de poder absolutista, mas eventualmente poderá constituir um deles. Ordem é também o que suporta a sociedade aberta.

Acontece o mesmo quando se discute lei natural e alguém argumenta que uma lei positiva que a contraria “não é lei”. Ora, é lei sim e, enquanto tal, inexorável. Terá que ser cumprida. A grande desgraça dos nossos tempos é que os revolucionários tomaram conta do poder e aprenderam a fazer do processo legislativo seu instrumento de moldar o mundo e o homem. Construíram uma ordem, como uma havia na ex-URSS, como há em Cuba e na China. E na Alemanha de Hitler havia. Mas, em nenhuma dessas sociedades, pode-se dizer que esteve vigorante o regime de propriedade privada e garantidas as liberdades.

A ordem é dada por quem está no poder. Para estar no poder é preciso ter a representação do corpo social, mesmo que essa representação não se dê no formato democrático. A ex-URSS fazia eleições como Cuba as faz, uma completa farsa. E, no entanto, não se pode dizer que seus governos não representem adequadamente seu povo. Nenhum governo se mantém contra o consentimento coletivo, mesmo que este seja tácito e não prescinda do terror. Mas o terror sozinho não mantém governo algum, haverá sempre que ter o consentimento para o mando.

Se uma ordem é contra a natureza e é ditatorial, assassina, em grande parte a responsabilidade é do próprio povo que a mantém. Uma ordem doente espelha a alma doente de um povo, que se recusa a lutar contra os potentados do dia, ainda que seja a luta passiva. Os cristãos primitivos não litigavam contra seus irmãos dentro do sistema iníquo dos romanos. Eles simplesmente desconheciam as leis como tal em sua comunidade, fazendo-se reger pelo código emanado das Escrituras. Deu certo. O cristianismo emergiu triunfante das cinzas do Império Romano.

Admitir que a ordem, qualquer que seja ela, é que preside e garante o regime de propriedade e o tipo de liberdade que se exerce é algo que parece elementar e é o tijolo fundamental da ciência política. Vimos que na Alemanha foi preciso que uma força militar externa atuasse para que as liberdades, como as desejamos, retornassem. Na ex-URSS houve uma implosão de dentro para fora, pelas próprias contradições do regime. Durou mais que Hitler, mas os regimes artificiais, que instituem uma ordem contra a natureza, não têm como durar para sempre. Acabam por cair de podres.

A grande tragédia é que o sistema jurídico resultante da ordem revolucionária tem força imperativa de lei. É a própria ordem. No Brasil estamos vendo o estrago que a tal “função social da propriedade” anda a fazer entre nós, desorganizando o processo produtivo e instituindo a insegurança jurídica. Suportando decisões judiciais contra a natureza, iníquas. E ainda estamos nominalmente como uma sociedade aberta. O fato cristalino é que a ordem na sociedade brasileira está em mudança célere, no rumo do comunismo. Todos os dias o governo Lula faz valer novas leis e decretos nessa direção.

Pergunta que não quer calar: por que a propriedade privada, que ainda vige, não tem força para resistir a esse assalto da nova ordem? Porque ela não dispõe dessa força. Quem tem a força é a lei (o sistema jurídico) e as armas, que amparam a lei. As armas estão cada vez mais ameaçadoras dos próprios cidadãos e mesmo a liberdade, a segurança de uma sociedade estável, está em perigo. O sistema jurídico está deformado. Essa é a dura realidade que nossos liberais lockeanos precisam enxergar. Se não o fizerem logo não haverá mais tempo de reação.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".