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quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

A vitória do socialismo?

Fonte: MÍDIA SEM MÁSCARA
HEITOR DE PAOLA | 28 JANEIRO 2010

Heitor de Paola rebate Tibiriçá Ramaglio, lembrando do Pacto de Princeton, de 1993, uma aliança feita entre o Foro de São Paulo e o Diálogo Interamericano, representado por FHC, líder e mentor intelectual dos tucanos.



Eu não pretendia me imiscuir mais uma vez na sujeira da política interna brasileira, particularmente sobre as próximas eleições, mas o Sr. Tibiriçá Ramaglio houve por bem contestar com um novo artigo os comentários que eu fizera ao anterior, no sentido de que não há diferença palpável entre PT e PSDB, ou entre Dilma e Serra. Neste novo artigo o Sr. Tibiriçá faz três coisas:


1. Derrama-se numa verdadeira declaração de amor e admiração ao PSDB e suas principais figuras as quais, a seu ver, transbordam fidalguia e amor ao próximo, enquanto a liderança petista seria um bando de bárbaros que só sabe odiar os primeiros e ao resto do mundo. Penso que este novo texto é a quarta-feira de cinzas do autor: rasgou a fantasia de liberal-conservador e mostrou com clareza a sua plumagem e longo bico, revelando sua opção socialista Fabiana.


2. Num lamentável último parágrafo, como a demonstrar que reconhece a fraqueza de sua argumentação, passa para a ofensa pessoal, comparando-me com os delirantes Chávez e Zelaya e introduzindo um assunto que nada tem a ver com a discussão. De quebra, ainda opõe o que seria minha obtusidade ao pragmatismo de Churchill, do qual este se arrependeria amargamente depois, não somente pela traição do socialista Roosevelt que chamava Stalin de Uncle Joe, a ele entregando mais da metade da Europa.


3. No que seria o âmago do texto o Sr. Tibiriçá demonstra desconhecimento de quase tudo sobre o que fala. Vejamos.


Revela uma completa ignorância sobre a política da República de Weimar ao declarar: 'Na Alemanha de 1933, para abalar o governo socialista da República de Weimar, os comunistas votaram nos nacional-socialistas, cometendo um suicídio que só não era previsível para eles mesmos. Um equívoco terrível, que ajudou o verdadeiro inimigo.Essa é a questão: o verdadeiro inimigo, que não é uma entidade ideal, abstrata, encarnação de nossos mais terríveis pesadelos. O verdadeiro inimigo, em política, é indicado pelas circunstâncias'.


Não tenho conhecimento de nenhuma eleição em que isto tenha ocorrido. A participação dos Comunistas (KPD), após um resultado pífio em junho de 1920 (2,1%) variou de maio de 1924 a julho de 1932 entre 12,6 a 14,3%. Na última eleição antes da tomada do poder por Hitler, em novembro de 1932 subiu para a maior votação de sua história: 16,9%, obtendo sua maior participação no Reischstag: 100 Deputados. Mesmo na eleição já realizada sob o terror nazista,em março de 1933, citada pelo Sr. Tibiriçá, obteve 12,3% e 81 cadeiras (Fontes: HISTORICAL EXHIBITION PRESENTED BY THE GERMAN BUNDESTAG, Weimar Republic e The Radicalization of the German Electorate). Dificilmente esta diferença de 4,6% e 19 cadeiras indicariam que, nesta eleição, "os comunistas votaram nos nacional-socialistas".


Quanto a nazistas e comunistas serem inimigos é uma afirmação sem sentido depois da abertura dos arquivos de Moscou. Desde 1922, por força do Tratado de Rapallo (German-Russian agreement, signed at Rapallo, April 16, 1922) a URSS armou o Reichswehr, permitiu progressivamente a instalação de bases de treinamento para os alemães dentro de suas fronteiras, de forma a ludibriar o Tratado de Versailles, permitiu a instalação de fábricas de gás mostarda, forneceu aviões e tanques de guerra para treinamento. Isto sem falar no Pacto Ribbentropp/Molotov. Os comunistas jamais votaram nos nazistas, como afirma o autor, porque o eleitorado, como qualquer eleitorado inclusive o brasileiro, é composto de idiotas úteis e militantes de base que nada sabem dos acordos de cúpula. Stalin via no nazismo a ponta de lança do comunismo para destruir as democracias européias e tomar conta de todo o território. A cúpula do KPD já sabia de tudo muito antes e coube a Ernst Thäelmann, Presidente do Partido, explicar aos militantes que o inimigo jamais fora inimigo: o único inimigo era a democracia liberal de Weimar que ambos pretendiam destruir. (Sugiro também a leitura de The Red Army and the Wermacht: how the Soviet Militarized Germany and Paved the Way for Fascism, Prometheus Books, Amherst, NY, 1995).


Exatamente o que ocorre no Brasil atual e que, mais uma vez, o Sr. Tibiriçá ignora: em 1993, Lula, pelo Foro de São Paulo, e FHC, pelo Diálogo Interamericano, se reuniram em Princeton, onde FHC lecionava, e sob a coordenação do Secretário de Estado de Clinton, Warren Christopher, assinaram o Pacto de Princeton, versão tupiniquim dos anteriormente citados. Se o Sr. Tibiriçá quiser, está tudo lá no Capítulo XII do Eixo do Mal Latino-Americano e a Nova Ordem Mundial (É Realizações, 1998), PP. 209-219. Os amorosos tucanos exigiram do PT as metas de controle populacional defendidas pelo Diálogo: legalização do aborto, esterilização em massa, legalização da união de homossexuais e enfraquecimento da Igreja Católica que deveria ser substituída por um misticismo individualista sem necessidade da intervenção sacerdotal. Incluía-se também o enfraquecimento dos partidos "de elite" com constantes e ininterruptas denúncias de corrupção e das Forças Armadas.


Esquece o Sr. Tibiriçá, ainda, que o próprio PNDH teve suas duas primeiras versões aprovadas nos governos de FHC, que foi este que iniciou os processos de indenizações por "crimes da ditadura" e criou o Ministério da Defesa, tirando os Militares das decisões políticas da Nação, e que também foram os elegantes tucanos que começaram a financiar a guerrilha do MST. Esquece também as inúmeras declarações de FHC de que a diferença entre os dois partidos não é ideológica (leia-se: ambos são comunistas) e da entrevista do Senador tucano Sérgio Guerra, brilhantemente comentada por Nivaldo Cordeiro, na qual afirma que o PSDB está à esquerda do PT.


PT e PSDB são serpentes gêmeas nascidas do ovo USP bastante fecundadas pela Unicamp. Votar num ou n'outro é exatamente a mesma coisa.


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Aproveito para lançar uma teoria: como no Pacto de Princeton foi combinada uma alternância no poder entre os dois partidos, impedindo qualquer outro de participar em igualdade de condições - e isto foi cumprido à risca, pois, depois de oito anos de FHC, os tucanos lançaram um Serra amorfo em 2002 e um picolé de chuchu em 2006 - não estará agora o PT cumprindo sua parte ao lançar uma péssima candidata ao invés de outros melhores, só para perder para Serra? Se eu fosse Presidente do PT lançaria um candidato melhor, como o Suplicy, testado várias vezes nas urnas e sobre o qual não pairam dúvidas de corrupção. A conferir!

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".