Alejandro Peña Esclusa - Presidente de Fuerza Solidaria e UnoAmérica
A assinatura do acordo entre o Presidente da República Dominicana, Leonel Fernández, e o Presidente eleito de Honduras, Porfirio Lobo, é um dos mais claros exemplos de gol contra político na história moderna da América Central. Entre outros dos aspectos contemplados no acordo, Lobo reivindica a figura de Zelaya, deixando-o sair do país como “hóspede ilustre” e não como exilado, e reconhece publicamente que sua destituição no passado 27 de junho foi um golpe de Estado. Quer dizer, assume como própria a tese de Hugo Chávez.
O Presidente eleito de Honduras coloca a corda no próprio pescoço porque, para cumprir o acordo, deve violar as leis de seu país, o que lhe poderia causar problemas institucionais e legais dentro em pouco. E de passagem, põe no pelourinho centenas de seus próprios colaboradores e amigos que – segundo o acordo – participaram de um golpe e não de uma sucessão constitucional. Lobo acredita que, com o compromisso firmado, os aliados de Hugo Chávez e os inimigos de Honduras o deixarão governar em paz. Quão equivocado está! Se Lobo soubesse como funciona o Foro de São Paulo – e aqui aproveito para recomendar-lhe que estude seriamente o tema – levaria em conta que estas feras famintas são insaciáveis: quanto mais se lhes agrada, mais exigem. As mostras de debilidade as exacerbam e as motivam ainda mais. A única linguagem que entendem é a da firmeza, baseada – certamente – no império da lei. Diga-se de passagem, Leonel Fernández pertence ao Foro de São Paulo.
Além disso, Lobo comete dois grandes erros: primeiro, desconsidera a mudança que a sociedade hondurenha experimentou nos sete meses passados. Acredita que pode governar com o suposto apoio externo, sem contar com o interno. Parece não ter aprendido nada com a tragédia de Zelaya, que quis fazer justamente o mesmo. E, segundo, desconhece as mudanças políticas que estão se dando no continente. O triunfo de Piñera mostra o declive do Foro de São Paulo e, junto com esse declive, a perda do poder de indivíduos como Insulza que, sem o apoio do novo governo do Chile, seguramente sairá da OEA. Quer dizer, Lobo está se juntando – mesmo antes de assumir a Presidência – com a equipe perdedora. Que tamanho desatino!
Lobo ainda tem tempo de retificar para evitar sua auto-destruição. Simplesmente deve escutar a voz dos hondurenhos e cumprir o mandato que eles lhe deram, em lugar de tratar de agradar forças internacionais que, no fim das contas, o trairão.
Tradução: Graça Salgueiro
Um comentário:
A ingenuidade parece ser característica dos empresários democratas nesta America colonizada.
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