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sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

A entrevista de Sérgio Guerra

Fonte: NIVALDO CORDEIRO


A ENTREVISTA DE SÉRGIO GUERRA

10 de janeiro de 2010



A política esquerdista é criminosa na origem porque esconde o real e proclama o delírio como a verdadeira realidade


Caro leitor, para saber-se a origem de todas as nossas tragédias políticas não se precisa de muito. Basta ler a entrevista do senador Sérgio Guerra, publicada nas páginas amarelas de Veja, para termos um descortino completo. A destruição dos valores tradicionais na política começou pelo desaparecimento dos políticos tradicionais, isto é, daqueles que defendiam a economia de mercado e os valores judaico-cristãos. O senador Sérgio Guerra é, ele mesmo, uma amostra de como políticos oriundos das famílias tradicionais enriquecidas aderiram, sem qualquer subterfúgio, ao credo esquerdista. Se não há políticos conservadores não haverá nada a conservar em política.

A entrevista é interessante por muitos aspectos, a começar pela confirmação do nome de José Serra para encabeçar a chapa que disputará a Presidência da República. Segredo de Polichinelo, claro, mas mesmo o óbvio precisa ser dito. O que destaco, todavia está abaixo. Por primeiro, a ênfase que o senador dá ao fato de que seu partido, o PSDB, está à esquerda de Lula. Veja-se bem, o cacique do partido insiste nesse ponto. Podemos ler:


Mas nós estamos à esquerda mesmo. Se ganharmos, vamos acelerar os investimentos na educação e na saúde. Manteremos o Bolsa Família, que é um mecanismo eficiente de erradicação da miséria e da fome. O PT não é de esquerda. Já foi; não é mais. O PT se transformou num partido populista. Antes, o PT tinha militância nas grandes cidades. Agora, tem cabos eleitorais nos grotões, pagos com dinheiro público, que escorre por meio de ONGs. Isso é esquerda? Não, é populismo. A verdade é que o PT só gosta de democracia quando lhe convém. Na eleição passada, quando estávamos atrás nas pesquisas, o PT introduziu o crime na campanha, com o dossiê fajuto dos aloprados e aquela pilha de dinheiro que ninguém sabe de onde surgiu. Agora que estamos na frente, imagine o que eles vão fazer. Será uma campanha sangrenta. Eles vão fazer de tudo para impedir uma possível vitória nossa. O que está acontecendo atualmente são apenas ensaios”.


Todo esquerdismo, inclusive o do PSDB, é populismo, no sentido de servir para adular as massas de forma irracional, mas não é verdade que este esteja à esquerda do PT. O PT levou o esquerdismo às últimas conseqüências. Com o III Plano Nacional de Direito Humanos podemos dizer que ele logrou inclusive declarar o terrorismo como um dos direitos humanos fundamentais e que os crimes eventualmente praticados pelos terroristas são inimputáveis. Ao contrário, as ações ordinárias das forças da ordem ao combater o terrorismo estão criminalizadas para todo o sempre. O PSDB, não obstante ter abrigado e defendido os terroristas, nunca foi tão longe. É menos esquerdista, isto é, menos maluco, do que o PT.

(Cavaleiro do Templo: ou quem sabe o "novo" PSDB venha a tirar definitivamente a máscara e mostrar, se Serra ganhar, que ele é mesmo "mais esquerda que o PT". Vai saber, mas não acho impossível. O PSDB mostrar-se em um novo governo ainda mais comunista que o PT não me surpreenderia nem um pouco.)

Esse campeonato de esquerdismo entre as duas forças políticas dominantes é o maior sintoma de que a doença política do Brasil nasce da doença das almas individuais, que se expressa nos agentes políticos que tomaram os cargos de direção das agremiações partidárias e do Estado. Todos imersos no sonho delirante de grandeza e de poder a partir do ato infame de ajoelhar-se diante das massas insaciáveis, que querem sempre mais: mais saúde, educação, bolsas, segurança, empregos, como se tudo pudesse vir da mão do Estado.
A política esquerdista é criminosa na origem porque esconde o real e proclama o delírio como a verdadeira realidade. Atuando no mundo dos sonhos pode-se construir qualquer maluquice e transformá-la em instrumento para adular as massas.


Por isso que essencialmente não há diferença prática de formulação de políticas públicas de ambos os partidos. Sérgio Guerra declarou, a propósito: “Iremos mexer na taxa de juros, no câmbio e nas metas de inflação. Essas variáveis continuarão a reger nossa economia, mas terão pesos diferentes. Nós não estamos de acordo com a taxa de juros que está aí, com o câmbio que está aí. Estamos criando empregos no exterior. Os últimos resultados da balança comercial são negativos. Precisamos estabelecer mecanismos para criar empregos no Brasil. Espero que a sociedade nos compreenda. Será necessário fazer um rigoroso ajuste das contas públicas. Hoje, o governo gasta muito – e mal. Os gastos cresceram além da capacidade fiscal do país”.


É claro que o ponto principal de uma reformulação da política econômica foi ignorado. Mudar a política econômica basicamente é reduzir impostos e gastos, coisa que nem Sérgio Guerra e nem seu candidato sequer cogitam. Portanto, a política econômica do PSDB é apenas uma variação sobre o mesmo ponto. Ambos, PT e PSDB, estão de acordo em esbulhar escancaradamente a população pelo instrumento tributário, para ter recursos para adular a multidão e manter a vasta legião de parasitas ligados ao funcionalismo e à burocracia partidária. Mexer no câmbio pode ser deletério, como vimos agora na Venezuela, dependendo de como se faça. Mas não significa mudar substantivamente alguma coisa. É apenas acomodação à situação vigente de roubo extravagante da renda e da riqueza daqueles que trabalham, para pagar a vida boa e a vagabundagem de largas parcelas da população.


A taxa de câmbio é o instrumento pelo qual a lei da escassez se revela impiedosa com os jacobinos no poder. É o calcanhar de Aquiles de todos eles. O Brasil, não demorará muito, imitará a Venezuela. Essa história de câmbio duplo tem longa tradição entre nós e não duvido que algum economista do PT esteja por detrás das decisões de Hugo Chávez. Bem sabemos no que vai dar: hiperinflação. Mas os esquerdistas não aprendem nunca, sempre insistem em ignorar a lei da escassez.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
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A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".