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quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Como o capitalismo salvou a América - os Pilgrims

Fonte: LIBERTATUM

TERÇA-FEIRA, JANEIRO 26, 2010


Por Klauber Cristofen Pires



Nas últimas férias dediquei-me à leitura da obra de Thomas J. DiLorenzo, How Capitalism Saved America. Para os "austríacos" mais iniciados, a parte teórica não traz muitas novidades, mas é recheada de interessantes fatos históricos num tempo que, de tão isento, nem se falava ainda de capitalismo ou de socialismo.


Os seus principais méritos precisam ser reconhecidos em relação ao que se propõe o autor: conversar com o público leigo, utilizando-se de uma linguagem clara, direta e agradável, para mostrar como o capitalismo foi o responsável por erigir os Estados Unidos da América à posição de nação mais rica do mundo, malgrado todas as interrupções históricas marcadas por atos de sabotagem cometidos por políticos, grupos de interesses, e ultimamente, pela intensa campanha ideológica socialista.


O livro merece mais do que apenas um artigo, de modo que aqui vamos nos deter nos primeiros assentamentos de colonos, nos primórdios do século XVII , que se transformaram todos em cemitérios, apesar de a terra ser fértil, abundante em frutas de vários tipos, e farta em caça e pesca. Para se ter uma idéia, dos 104 colonos chegados a Jamestown (Virgínia), em 1607, 38 morreram nos primeiros seis meses, a maioria de fome; tal como na Virgínia, os passageiros do Mayflower vieram a sofrer sorte semelhante em Massachusetts: das 101 que chegaram em novembro de 1620, a metade estava morta em poucos meses.


Uma testemunha da época registrou suas memórias como segue: "tão grande era a nossa fome, que um selvagem que nós matamos e enterramos um dos nossos mais empobrecidos o pegou de volta e o comeu, e outros assim fizeram com um outro que o cozinharam com raízes e ervas" (1). Assim se pronunciou, à época, Sir William Bradford, governador da colônia de Plymouth, em seu clássico Of Plymouth Plantation ("A Colonização de Plymouth") (2):


"muitos venderam suas roupas e cobertores (aos índios); outros tornaram-se servos dos índios, e viviam a cortar madeira para eles e buscar-lhes água por uma medida do chapéu com milho; outros caíram no roubo assumido, tanto de dia quanto à noite, dos índios...Enfim, chegaram a um estado de miséria que alguns morreram famintos e com frio. um deles estava tão fraco que se atolou no lodo ao tentar pegar mariscos e foi encontrado morto naquele lugar."


A causa de tanto insucesso? A propriedade coletiva dos meios de produção. Por irônico que seja, os primeiros assentamentos haviam sido idealizados para funcionarem sob tal forma pelo medo que tinham os investidores das companhias colonizadoras de não receberem mais dos colonos, que, segundo julgavam, haveriam de tomar para si as terras e a produção e deste modo não mais pagá-los.


Entretanto, em 1611, o representante do governo britânico, Sir Thomas Dale visitou as colônias na Vírgínia e constatou que embora a maioria dos colonos tivesse morrido de fome, os remanescentes estavam gastando uma boa parte do tempo brincando de jogos nas ruas. Imediatamente, determinou que a cada homem na colônia fossem dados três acres de terra, pelo que haveriam de pagar com parte de sua produção, e o sucesso foi tamanho que decidiu aumentar as porções dos lotes, tal como explicado por Walton e Rockoff nos seguintes termos (3):


"Assim que as posses privadas de terras substituíram a propriedade comum, os incentivos para o trabalho progrediram; o completo retorno para o esforço individual tornou-se uma realidade, ultrapassando a produção dos arranjos compartilhados. Em 1614, a propriedade privada de terras de três acres foi permitida. Um segundo e mais significativo passo em direção à propriedade privada veio em 1618 com o estabelecimento do sistema chamado de "headright". Sob tal sistema, a qualquer colono que pagasse sua própria viagem à Virginia seriam dados 50 acres e outros 50 acres para quem quer que ele pagasse pelo transporte. Em 1623, apenas 16 anos depois que os primeiros colonos haviam chegado a Jamestown - todas as terras haviam sido convertidas em propriedade privadas."



Em pouco tempo, cada cidadão, por conta própria, começou a aplicar seus esforços na produção dos mais variados bens, aliando ao trabalho árduo a inventividade e a melhor exploração das vocações de suas posses. Cada colônia, a bem da verdade, começou a se distinguir de suas irmãs pelo melhor uso possível dos seus recursos e de suas vantagens comparativas: A Nova Inglaterra gerou caçadores de peles, fazendeiros e a maioria, pescadores, estes tão talentosos que em 1776 , com a terceira maior frota marítima do mundo, o pescado respondia por 10% de todas as exportações americanas e o óleo de baleia viria a iluminar as ruas e os lares daquele tempo no mundo ocidental pelo próximo século, gerando toda sorte de outras formas de investimento derivadas. As colônias do sul especializaram-se nas grandes plantações de algodão, arroz, trigo e outros grãos, indigo, milho e especialmente, tabaco. Os outros estados produziram cevada, aveia, e produtos da tecelaria, marcenaria e ferragem.


Com o estabelecimento da propriedade privada, os índios nativos, que a muito custo lhes vendiam alimentos, receosos de que faltasse a eles próprios, passaram a comprar dos colonos, tal como no século XX, a Rússia, que era a maior produtora de trigo no mundo, passou a importar dos EUA e de outros países, pois não produzia mais nem o suficiente para o próprio consumo interno.


Concluindo o capítulo, DiLorenzo faz as merecidas comparações: em 1775 a economia americana tornara-se dez vezes maior do que o fora em 1690 e mais de cem vezes do que em 1630. Muitos americanos tornaram-se capazes de acumular riqueza, de modo que alguns colonos haviam sido milionários pelos padrões de hoje. Além disso, os americanos eram geralmente mais altos que seus concidadãos britânicos, uma medida de seu sucesso em suplantar as deficiências de sua dieta.


Agora, a nossa necessária reflexão: quanto temos dito que somos um povo pobre em meio a tantas riquezas, tão cantadas em prosa e verso, que abundam em nosso país! E teimamos com os erros que poderíamos ter aprendido deles, e com os nossos próprios, que não cansamos de repetir. Os brasileiros não são piores do que os americanos; a nossa situação não deriva da cor da nossa pele nem a riqueza deles dos seus olhos azuis; diariamente, as pessoas comuns dedicam-se com afinco aos seus ofícios, trabalhando de noite para reconstruir o país que os políticos destroem de dia. Está na hora de reformarmos esta equação, e para isto precisamos todos nos unirmos com espírito de patriotismo e defesa dos nossos proprios interesses, que não estão sendo representados devidamente pelos governantes e legisladores.



1 - Warren M. Billings, ed., "George Percys Acoount of the Voyage to Virginia and the Colony's first Days", in "The Old Dominion in the Seventeenth Century: A Documentary History of Virginia, 1606-1689 (Chapel Hill: University of North Carolina Press, 1975, 22-26.


2 - Willian Bradford, Of Plymouth Plantation, 1620-1647, New York: Knopf, 2002), 116.



3 - Gary M. Walton e Hugh Rockoff, History of the American Economy, 8ª ed. New York: Dryden Press, 1998, 30.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".