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segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Armadilhas da lei

Fonte: MÍDIA SEM MÁSCARA
NIVALDO CORDEIRO | 23 SETEMBRO 2009

As idéias liberais, desconectadas dos valores cristãos, não têm como reduzir o tamanho do Estado e não têm como fazer o enfrentamento no campo político, contra os coletivistas. A história do século XX é a história da derrota liberal nas urnas. O argumento de Bastiat e de Constantino, por duelar com os coletivistas no seu próprio campo, já entra derrotado, tanto no plano das idéias como no plano político.


(Cavaleiro do Templo: vejam os links*** no rodapé deste brilhante artigo do sr. Nivaldo Cordeiro o que encontrei pela internet afora sobre o sr. Rodrigo Constantino, que prometi nunca mais publicar nem mencionar o nome, mas uma deixa desta eu não poderia permitir que escapasse. Acredito que é material a ser utilizado no juízo de caráter que cada um fará da pessoa. Se ele defendesse e agisse de acordo com valores cristãos JAMAIS teria feito o que verão abaixo. Talvez, quem sabe o sr. Nivaldo poderia ter uma outra interpretação no artigo depois de ter conhecimento do conteúdo daqueles links...).

Não posso deixar de comentar o artigo do Rodrigo Constantino, velho amigo de debates intermináveis na Rede Liberal (Os guardiões da lei). Rodrigo e eu somos ambos defensores da liberdade, cada um a seu modo, e nesse artigo está explicitado um dos motivos do dissenso recíproco que cultivamos desde sempre. Falta a Rodrigo uma cultura jurídica melhor e uma mais clara compreensão da história da filosofia política. Mas o equívoco do Constantino é também o equívoco da maioria daqueles que abraçam o argumento liberal sem estudá-lo desde a origem. Perdeu-se a perspectiva histórica e, em isso acontecendo, o impulso em prol da luta pelas liberdades políticas passou a apoiar-se mais na emoção do que na razão, mais na intuição do que no saber propriamente dito.


Leo Strauss, no magnífico livro DIREITO NATURAL E HISTÓRIA, agora traduzido em Portugal pela pena competente de Miguel Morgado (Edições 70, Lisboa, 2009) mostra os elos da tragédia política da modernidade, desde o nascimento. Strauss prova, com a sua dialética superior, que não há como fazer frente à avalanche devastadora de Rousseau (vale dizer, das idéias igualitária, totalitárias e comunistas, niilistas) que dominaram desde a Revolução Francesa, sem que se resgate o Direito Natural, o justo por natureza; sem que se busquem os fundamentos das reais fontes de justiça.


Rodrigo Constantino erra porque se apóia em um autor ele mesmo equivocado, Bastiat. Este autor é bem o exemplo dos filhos literários de Locke, que não tiveram força intelectual para fazer frente ao coletivismo inspirado em Rousseau. Esses homens assistiram, impotentes, à marcha dos jacobinos para a tomada do poder, em todo o mundo. Na epígrafe do texto de Constantino está o resumo de toda a confusão: "A lei é a justiça". A afirmação é uma enorme bobagem filosófica e jurídica, mas a isso se chegou porque desde o Renascimento os filósofos e juristas caminharam para essa maluquice quixotesca de identificar a lei positiva com o Direito, com o justo. Rodrigo Constantino amplia esse erro crasso nos seus textos.


Ora, as fontes do Direito, e aqui Direito equivale a Direito Natural, são mais amplas que a lei positiva, lição elementar. Desde Platão se investiga, por exemplo, a Lei Natural, conceito que é também aquele que está nas Tábuas da Lei. Mas a fonte do justo por natureza envolve uma visão antropológica. O que é o homem? Para os clássicos, um animal social, isto é, que naturalmente se insere na cidade. Qual a idéia que emerge na Renascença? Que existe uma natureza humana nos termos propostos pelos estóicos e por Cícero, filósofo que fará a simbiose entre Epicuro e Zenon, cuja obra moldará a modernidade. Para essa nova tradição que se formou, a fonte do Direito é a razão, logo a lei positiva é elevada à condição de Lei Natural. Maquiavel, Hobbes e Locke destroem a idéia clássica do justo por natureza e, ao fazê-lo, pavimentam o caminho para que os modernos revolucionários cheguem ao poder.


Essa proposição, depois encampada por Rousseau e seus seguidores, como Marx e Kant, transformará erroneamente a lei positiva na exclusiva fonte do Direito. Logo, qualquer preconceito socialista do governante do dia poderá ser positivado e a lei vigorante, injusta, será forçosamente a fonte da injustiça. A administração da justiça por sistemas lógico-dedutivos fará o resto da reengenharia social.


É essa a alucinação que preside nossa vida política cotidiana.


As idéias liberais, desconectadas dos valores cristãos, não têm como reduzir o tamanho do Estado e não têm como fazer o enfrentamento no campo político, contra os coletivistas. A história do século XX é a história da derrota liberal nas urnas. O argumento de Bastiat e de Constantino, por duelar com os coletivistas no seu próprio campo, já entra derrotado, tanto no plano das idéias como no plano político. Estamos nos aproximando do paroxismo desse processo destrutivo com o governo Obama e a crise mundial em curso. A tragédia virá, nos termos que vimos na primeira metade do século XX.


Rodrigo Constantino, um ardente lutador da causa da liberdade, usa armas erradas e fracas, insuficientes. Deveria ler Leo Strauss, deveria ir buscar na tradição os argumentos sólidos da filosofia para fundamentar o Direito Natural. Deveria relegar Bastiat ao segundo plano. Estou convencido de que apenas esse conhecimento superior será capaz de despertar as massas do torpor soporífero a que foram submetidas pela propaganda socialista, plenamente vitoriosa no campo político. Mas esse mergulhar na tradição terá um preço pessoal caro a ele: terá que abandonar tudo aquilo que considera saber superior. Então verá que autores como Bastiat não têm a resposta filosófica e política para o drama contemporâneo. Será um processo doloroso.


São as armadilhas da lei. Compreender que a lei positiva não é fonte do justo é o primeiro passo para acordar do sonho maligno da modernidade. O encontrar do justo por natureza é o único antídoto contra a tragédia que se avizinha. Ler Strauss ajuda nesse despertar. Mas para ler Strauss é preciso ter um forte preparo na história da filosofia. Exorto meu amigo Rodrigo Constantino a trocar Bastiat por Leo Strauss. O grande filósofo de Chicago tem muito a nos ensinar.


***



http://cavaleirodotemplo.blogspot.com/2008/07/plgio-sutil.html - artigo do Heitor de Paola sobre o assunto

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".