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A Coluna de Casimiro de Pina
O mandato do chefe do Governo está a chegar ao fim.
Com que resultados? Uma taxa de desemprego muito elevada e uma incapacidade de reformar quase mítica, que impressiona qualquer cidadão minimamente vigilante.
Os nossos antepassados já inventaram a fórmula que melhor define a inépcia do actual Governo: “Muita parra, pouca uva”. Faz-se muito teatro, mas governa-se mal.
Nenhuma “grande reforma” saiu do papel. A Justiça é um caso paradigmático. Com a sra. Marisa Morais à testa, a coisa afundou-se num “legalês” sem presente nem futuro, protegendo o inadmissível e ocultando crimes e vilanias. Ninguém acredita nessa fachada imoral.
Qual é o País do mundo em que um Primeiro-Ministro comete, num só dia, meia dúzia de crimes e a “justiça” mantém-se quietinha e inactiva perante o facto? Somália? Patagónia?
Não, a República de Cabo Verde, modelo, vejam só, de “transparência” e “boa governação” e um dos países “mais democráticos” do mundo (José Maria Pereira Neves dixit)!
Com as cores da mistificação, o poder constrói, assim, o seu castelo de cartas. O segredo é você não questionar nada, manter-se crédulo, confiar nos sicofantas e absorver as “maravilhas” que o discurso oficial vende diariamente na imprensa, com o seu “marketing” vibrante e enganador!
A impostura não resiste, porém, ao mais leve confronto com os factos. Em nenhuma área de governação. O edifício é imponente, mas podre e insustentável, curiosamente...
Uma suave melancolia percorre, pois, os corredores da Neveslândia e atormenta a consciência dos seus “homens de mão”! Sabe-se que o País continua a braços com dificuldades típicas do Terceiro Mundo. A água e a energia eléctrica faltam até na capital do País. Vende-se gato por lebre. Escondem-se trapalhadas e desacertos.
O Governo oferece o litoral aos amigos e “autoriza” a Câmara Municipal da Praia a carimbar o lindo negócio!
Não é só a corrupção e a “economia pirata” (sic) denunciada, numa entrevista notável, pelo economista Paulo Monteiro Jr..
É o espírito mesmo da Neveslândia que está irremediavelmente perdido. Recuperam-se, inclusive, velhas ideias da época estalinista.
Di-lo José Maria Neves em tom magistral, ao apresentar a sua “nova” plataforma programática: o PAICV é o “portador do futuro”. Ou seja, o detentor da “chave da História”, tendo recebido – talvez por testamento divino! - o privilégio único de “guiar” o povo nas brumas de um tempo conturbado…
O “sistema”, tão bem montado pelos compadres e camaradas, tão bem cerzido pelos escritórios de propaganda, chega, deste modo, ao fim. Nada deterá a sua marcha.
Os violinos, como no célebre naufrágio do Titanic, soltam melodias sem cessar. O ambiente é de festa. O barco, esse, afunda-se…
CASIMIRO DE PINA é Jurista, natural da República de Cabo Verde, colaborador de vários jornais do seu País - Terra Nova, Expresso das Ilhas e Liberal - das revistas jurídicas Direito e Cidadania e Boletim da Ordem dos Advogados. No momento faz curso de pós-graduação em ciências jurídicas em Macau
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