Domingo, Setembro 07, 2008
A história de Marcela (leia aqui e aqui) é algo que desafiou os círculos abortistas, ardorosos em querer extirpar as imperfeições físicas da espécie humana. Ela foi a menina que nasceu com anencefalia e conseguiu sobreviver por quase dois anos, até falecer, recentemente, vitima de outras complicações que nada tinham a ver com sua deficiência. Para os católicos (como para mim), foi algum milagre divino, dentro da campanha eugênica do assassinato dos inocentes nascituros. Mostrou a fraqueza, senão a falácia argumentativa, a respeito do aborto de anencéfalos, como se estes não tivessem vida. Marcela provou que existe sim.
Aí temos o arauto da seita do Estado-deus-eugênico, o Sr. André Petry, afirmando, categoricamente, em um artigo da Revista Veja, que Marcela não era anencéfala, acusando indiretamente de fraude, os militantes católicos pró-vida. Na verdade, os abortistas, inconformados com as evidências fortíssimas sobre a vida de Marcela, querem modificar a ciência pela ideologia. Querem mudar o conceito da anencefalia. Enfim, querem mudar ou mesmo destruir o conceito de ciência. Falando em causa própria, o jornalista André Petry está de olho no ardil dele próprio, para imputar aos outros, aquilo que é do seu caráter. Em seu último artigo, “De Olho no Ardil”, de 27 de agosto de 2008, ele já inicia com essa pérola: "Tomar o exemplo de Marcela, o símbolo antiaborto, para proibir a interrupção da gravidez de fetos sem cérebro é exploração desonesta da tragédia alheia." Em outras palavras, o jornalista quer ocultar a verdade dos olhos do público, já que ela não o satisfaz. E ainda nos dá o aval de seu caráter: em nome de um fingido e suposto apelo moral, ele quer ocultar a verdadeira tragédia que poderá ser a legalização do aborto.
Todavia, Petry não se faz de rogado: “Nesta semana, o Supremo Tribunal Federal, que tem dado mostras de ser o poder mais conectado com a realidade dos brasileiros comuns, fará outra de suas audiências públicas. Uma delas discutiu as pesquisas com células-tronco embrionárias, finalmente aprovadas. Agora, o debate será sobre o direito de interromper a gravidez de fetos sem cérebro – que não sobrevivem fora do útero mais do que algumas horas ou dias.”
O jornalista acha que as discussões éticas e morais são meros caprichos da moda midiática e jurídica, não a aprovação ou reprovação de conceitos milenares enraizados na consciência cristã e ocidental e que podem ser revogados por meia dúzia de juízes presunçosos e proxenetas, criadores de regras. Interessante é ele afirmar que o STF fala em nome da maioria dos brasileiros comuns, já que a maioria deles é contra o aborto; e se o povo conhecesse os meandros ideológicos do discurso abortista, seria muito mais fervorosamente pró-católico. Porém, Petry mostra sinais de completa desumanidade, quando se refere ao caso particular da anencéfala, como se fosse uma espécie de empecilho ou inconveniente moral: “Para um deles, é preciso que a platéia esteja especialmente atenta porque são grandes as chances de que apareça na audiência pública do Supremo: chama-se Marcela de Jesus Galante Ferreira. É o nome da menina que viveu um ano, oito meses e doze dias em Patrocínio Paulista, mesmo tendo nascido, dizia-se, sem cérebro. Marcela morreu no último dia 1º de agosto, de pneumonia. Por ter sobrevivido tanto tempo, a pequena Marcela foi tratada como um milagre divino. Chegou a virar símbolo de passeata contra o aborto, que reuniu 5 000 fiéis católicos, espíritas e evangélicos em São Paulo”. É curioso observar que o nome de Marcela de Jesus é que nem o de Nosso Senhor; é maldito e não deve ser falado.
Todavia, a lógica perversa de André Petry se revela no seguinte trecho final de seu artigo: “A pediatra Márcia Barcellos, que cuidou de Marcela, examinando ressonâncias magnéticas de alta definição, concluiu que a menina sobrevivia porque não era um bebê sem cérebro. Ela tinha o mesencéfalo, parte intermediária do cérebro, e outras proto-estruturas que lhe permitiram tamanha sobrevida. Na sessão do Supremo, sempre pode aparecer alguém – bem-intencionado, lógico – dizendo que o aborto de feto sem cérebro tem de ser proibido porque ainda pode haver centenas de Marcelas vivendo anos a fio”.
Das duas uma: ou o Sr. Petry desconhece o conceito de anencefalia, ou ele age de tal má fé patológica de um ideólogo, que é capaz de destruir os escrúpulos de consciência e falsificar a compreensão da realidade. Quer enganar o público que o lê.
Qualquer pessoa minimamente estudada no assunto sabe que a anencefalia não significa ausência total de cérebro; pode ser tão somente ausência da parte dela. Não existe um conceito científico definido para a anencefalia, já que qualquer ausência cerebral mínima pode ser caracterizada como tal, dentro da gravidade dessa deficiência.
É o caso de Marcela. Todavia, a militãncia abortista está numa histeria doida: como se eles se preocupassem com detalhes técnicos ou formais da saúde dos nascituros!
Partindo de seu próprio princípio, Marcela não teria vivido um ano e oito meses e sim morrido antes de nascer. Para gente como o Sr. Petry e uma boa parte dos abortistas, ela não é gente, é um dejeto humano, um ser inferior que deve ser eliminado porque é supostamente incapaz de viver. Ainda que as evidências comprovem precisamente o contrário, os abortistas insistem na mentira em silenciar os fatos. É isso que será discutido no Supremo e que gente como o jornalista pernóstico da Revista Veja quer calar ou abafar.
Pior é o argumento final do seu texto. Para Petry, a existência de Marcela não corrobora em favor da vida de outros nascituros defeituosos, e sim para a morte de todos eles. Ai se revela a moral ideológica do abortismo: a eugenia mais perversa, ressuscitada em forma de humanitarismo moral. A perversão semântica do discurso não esconde a perversão dos atos. Não nos espantemos as conseqüências desse ato: esses ideólogos da perfeição física e racial da humanidade querem decidir nosso direito de nascer.
Depois, roubarão o nosso direito de existir pelo decurso de nossa vida, quando estivermos enfermos. E quando não estiverem satisfeitos, vão decidir até destruir a velhice, matando-a, quando se tornar inútil. A Holanda eugênica, que é o modelo perfeito do assassínio de velhos, doentes e nascituros do Sr. André Petry, é expressão formal de onde pode nos levar o relativismo moral, um pesadelo em nossas democracias. Eles querem importar essa doença moral para o Brasil. Católicos e demais cristãos deste país, orai e vigiai para combater o mal!
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