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sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Os Dois Pesos De Duas Guerras Na Mídia

Do portal DE OLHO NA MÍDIA
14/08/2008

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Israel x Hizbullah em 2006: demonização de Israel na mídia, massacre dos veículos de imprensa contra o Estado Judeu e acusações sem fins, pilhas delas.

Geórgia x Rússia
em 2008: relativo silêncio na mídia. Porquê?

Nosso colaborador, o jornalista Victor Grinbaum faz uma análise instigante, intrigante e chocante do comportamento dos veículos de informação nas duas situações.

O roteiro do filme é batido: uma potência de grande poder militar ataca um país menor por um motivo qualquer. Os olhos da imprensa do mundo inteiro se viram para o conflito e trazem ao mundo relatos dramáticos. Morte, destruição e dor.

As razões para as operações militares variam muito, mas esse filme a humanidade já assistiu de todas as formas e em todos os tempos. Os palpites sobre as razões de cada um dos lados envolvidos abundam e surgem os tão famosos formadores de opinião a vender suas explicações.

Muito pouco varia de caso a caso. Mas a memória grita e acabamos por encontrar diferenças. E é só então que percebemos como as coisas podem mudar de conflito em conflito.

Junho de 2006. Um comando terrorista libanês invade território israelense e captura soldados em patrulha. Vários são mortos na mesma hora e outros, feridos, são seqüestrados e levados para um esconderijo em território libanês. O governo de Israel reage com uma campanha militar que tenta em vão pressionar os terroristas a desistir do seqüestro. Ao longo de quase um mês de operações são atingidos inúmeras bases e esconderijos dos terroristas. Nos ataques, civis inocentes são atingidos. Como sempre, a imprensa internacional cumpre o seu papel e traz ao mundo os sons e imagens da guerra.

As reações são imediatas. Em todas as capitais do mundo irrompem manifestações exigindo o término imediato dos ataques israelenses contra o Hizbullah. Articulistas surgem de todos os lados. Jornais, revistas e emissoras traçam comparações: “Israel faz no Líbano o que os alemães fizeram contra Londres e Varsóvia na Segunda Guerra”.

Cada inocente atingido tem seu nome revelado e exposto como uma bandeira nas ruas e redações. Por fim, o governo israelense cessa as operações sem libertar os soldados seqüestrados. Os terroristas cantam vitória e os manifestantes das ruas comemoram. Saldo de cerca de mil mortos, entre soldados israelenses, civis libaneses e terroristas.

Agosto de 2008. No intrincado xadrez político-nacionalista dos países bálticos, a disputa entre a República da Geórgia e a Rússia pelo controle de uma província separatista provoca a eclosão de uma guerra. Os russos atacam o território da Geórgia. Em dois dias de conflito já se fala em mais de dois mil mortos. Em menos de uma semana, já seriam quatro mil.

Tal como dois anos antes, buscamos nas páginas e telas por notícias sobre a guerra. Os corações se apertam ante o sofrimento dos inocentes. Mas o que se vê?

Poucos relatos, quase nenhuma imagem. Nas páginas de opinião, nada.

Ninguém traça comparações. Os números se superam dia a dia, mas parece que falam de estatísticas agrícolas. Por onde estarão aqueles mesmos articulistas, tão ativos há apenas dois anos?

Pra refrescar ainda mais a memória, fui a um site de buscas. Digitei as palavras “Israel” e “Líbano”. A página me informou a existência de 745 mil artigos relacionados. Em seguida digitei “conflito na Geórgia”: 177 mil artigos.

Vamos falar com todas as letras: a verdade é que pouco importa para os tais formadores de opinião o que russos fazem com georgianos. O que importa mesmo é falar de Israel. Israel, Israel e Israel. A obsessão do mundo é Israel. Um israelense bateu no carro de um palestino? Isso é notícia! Primeira página de todos os cadernos de internacional. A Rússia está atacando um país soberano em nome de sabe-se lá o quê? Dá-se uma nota de pé de página e pronto.

Mas o mais impressionante é o silêncio dos articulistas. Lembro-me de 2006 e da histeria nos editorias e páginas de opinião. Quantos nomes surgiram para chorar os inocentes mortos, rezar pelos inocentes mortos, reagir pelos inocentes mortos... Tantos porta-vozes da razão, do comedimento, do pacifismo, das saídas diplomáticas... Todos de plantão pelo Líbano. Será que a distância entre o Líbano e a Geórgia é assim tão grande?

Longe deste articulista querer defender a morte de inocentes. Aliás, se o querido leitor chegou até aqui com esta impressão, recomendo vivamente uma reciclagem de interpretação de texto. Na verdade, repugna profundamente a mim a morte de qualquer inocente, seja ele libanês, georgiano, israelense ou palestino. Mas repugna-me ainda mais a constatação de que para alguns, há inocentes mais inocentes que outros.

E como explicar tamanha diferença de tratamento por parte da grande mídia entre estes dois casos? Mais ainda: por que não relembrarmos Darfur, o massacre étnico no Sudão que mereceu um desprezo ainda maior?

Pensando de uma forma bastante cínica, dá pra imaginar que muitos países e causas desse mundo têm direito a uma espécie de cota de maldade. E é claro que Israel está de fora dos agraciados com tal cota. Logo, tudo aquilo que Israel "aparentemente" faz de errado é exatamente o que russos, sudaneses etc. podem fazer à vontade.

Resumindo drasticamente (e cinicamente também), a grande verdade é que as notícias de Israel são as grandes estrelas das agências de imprensa. E a demonização de Israel é o cavalo-de-batalha de todo aspirante a formador de opinião. Por isso que todos estes podem gozar de férias neste agosto de 2008.

Nota de 14/08/2008

Um amigo me fez o favor de corrigir alguns erros que cometi neste artigo. São eles:

1) A República da Geórgia não é um país báltico e sim do Caucáso.
2) O povo georgiano não é eslavo, mas sim uma mistura de várias etnias, como a persa, a turca e mongol. Eslavos são os ossetianos.

Devo estas correções a Daniel Altman, a quem agradeço. E peço desculpas aos leitores pelos erros, todos de minha inteira responsabilidade.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".