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segunda-feira, 11 de agosto de 2008

ALUCINAÇÃO E FARSA

Do portal do NIVALDO CORDEIRO
07/08/2008


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O caro leitor que me tem acompanhado sabe que, nos últimos artigos, tenho argumentado sobre o estado de alucinação em que se encontra a política – e por decorrência a Administração Pública – no Brasil. Vimos que autores como Ortega y Gasset e Voegelin têm a resposta teórica aos problemas existenciais que estamos a viver. De fato, a situação brasileira atual não é original, ela se repete como outras inúmeras dos últimos dois séculos. Onde alguma forma de socialismo foi implantada a alucinação tomou o lugar da realidade, como na ex-URSS e na Alemanha de Hitler, para ficarmos apenas nesses casos mais emblemáticos.

Essencialmente podemos dizer que no Brasil também temos que registrar a rebelião das massas, vista e estudada por Ortega, e também a situação de alienação política, relatada por Voegelin. Uma situação sonambúlica tomou conta do nosso país, de sorte que toda a classe dirigente move-se dentro de um “como se assim fosse”, uma irrealidade substituta do real. Um exemplo bastante acabado dessa situação está nas análises e nas propostas para o enfrentamento da questão educacional.

É correto dizer que existe um elemento de ligação entre a má remuneração do professorado das escolas públicas e a qualidade de ensino? Sim, mas esta questão esconde outras, muito mais graves e de solução muito mais difícil. Quando um líder político propõe, de pronto, uma elevação geral dos salários dos professores sem aprofundar o diagnóstico está na verdade produzindo uma falsa solução, que deveria vir por último, e não por primeiro, como medida saneadora da situação do ensino público.

A primeira causa da má qualidade do ensino está na má qualidade dos professores, algo acaciano. Os alunos não podem ser responsabilizados pela falta, seja de vocação, seja de treinamento e mesmo de qualificação de seus mestres. Mais das vezes vemos faltar até mestres das cadeiras relativas às ciências exatas, de sorte que a imprensa tem noticiado a esdrúxula situação de alunos diplomados no ensino médio sem ter tido a devida carga horária de matemática, biologia, física e química.

A indigência intelectual de parte considerável do professorado não pode ser negligenciada, pois o fato contribui para a perpetuação da situação. Aliado ao regime de servidor público dos professores tem-se a construção de uma estabilidade no emprego incompatível com os interesses dos alunos. Tenha vocação ou não, tenha competência ou não, o professor da rede pública continua no seu posto até a morte natural ou a aposentadoria. Ora, sem uma porta de saída para os incompetentes a elevação dos salários apenas irá contribuir para a perpetuação da situação indesejada. Então a discussão precisa começar sobre aquilo que compete ao Estado fazer: se produzir os meios para que alunos carentes possam ter boas escolas ou se administrar uma gigantesca corporação de ofício, cheia de vícios, e um vasto patrimônio que são as edificações mobiliadas que servem de escolas. Deve o Estado privilegiar o que é meio ou o que é fim?

Pareceria muito mais racional privatizar esse vasto patrimônio e, na esteira, mudar o regime de assalariamento da massa de professores, eliminando a indesejável estabilidade no emprego que retém funcionários públicos tornados professores. Aqui teríamos, de uma tacada só, a maximização da eficiência econômica e a eliminação dos falsos mestres, os pobremente vocacionados ou mal treinados para a função, e sua substituição por gente talentosa. Em troca, o Estado proveria para as futuras escolas privatizadas vouchers para os alunos carentes, em princípio toda população que hoje constitui a clientela do ensino público. Bem sabemos que aqueles que podem atualmente não matriculam seus filhos nas escolas públicas de ensino médio e fundamental.

Outra medida preliminar da maior importância é criar uma estrutura de treinamento e reciclagem dos professores, de modo a mudar o foco que se tem hoje. E qual é este? A priorização da militância política em detrimento da formação para a maturidade intelectual, que enseja a ampliação dos horizontes dos professores. Praticamente todo o professorado hoje se tornou massa de manobra política de sindicalistas e militantes revolucionários, transformando-se no vetor de transmissão da doença revolucionária. O compromisso dos professores deixou de ser a educação para ser o adestramento para uma insólita “transformação” social. São formadores de militantes.

Uma educação humanista de profundidade é o antídoto necessário para esse nefasto viés revolucionário que hoje o professorado carrega. O amadurecimento intelectual dos mestres ensejaria uma imediata melhoria da relação ensino/aprendizado. A porta de saída aberta com a mudança no regime jurídico de contratação dos professores produziria um verdadeiro milagre educacional.

O que podemos concluir é que as idéias políticas alucinadas, de viés socialista, só podem produzir soluções farsescas para a questão educacional. Elevar o salário dessa massa de funcionários públicos tornados professores significa meramente o reforço do status quo. Qualquer observador honesto da situação educacional brasileira sabe disso. A proposta é uma pura farsa porque ajuda a fechar a porta de saída daqueles que carecem da verdadeira vocação pedagógica. Como está hoje ser professor é um mero esperar de uma aposentadoria integral. O preço que se paga por isso é o sacrifício da educação da juventude, a quem se nega um ensino adequado, de qualidade.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
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A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".