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domingo, 10 de agosto de 2008

"Sentiam prazer em nos humilhar"

Do portal do DIÁRIO DO COMÉRCIO
Rubens Marujo

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Morei ali no albergue São Francisco, que ficava na esquina da rua Santo Amaro, com o viaduto Jacareí, bem em frente à Câmara Municipal de São Paulo. Ele foi desativado há 15 dias, da noite para o dia, por força de um abaixo-assinado dos moradores, pois o local se transformou em um ponto de albergados e marginais de todo o tipo, e retornou para a baixada do Glicério que estava sendo fechado. Antes o São Francisco chama-se Cireneu e era administrado por uma Ong de quinta categoria, com verba liberada pela Prefeitura, por meio da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social.

Pois bem. Em abril, os padres franciscanos assumiram o comando do albergue e o que era ruim ficou pior. Acho muito estranho que o padre Júlio Lancelotti e outros religiosos liderem uma passeata com moradores de rua, usando albergados como massa de manobra para conseguir, talvez, mais recursos da Prefeitura.

Maus tratos – Ali , no albergue São Francisco, os padres, que zelam tanto pela fraternidade, tratavam os albergados de forma desumana. Éramos mais de 400 pessoas amontoadas num imenso porão-dormitório sujo, que alagava quando chovia. Era um depósito de seres humanos, com um cheiro insuportável. Senhores com mais de 80 anos misturavam-se a jovens alcoólatras, drogados, crianças, mulheres, deficientes físicos e mentais, tuberculosos, portadores do vírus da aids, ex-presidiários e outros ainda cumprindo pena condicional, sem nenhum tipo de assistência.

Aquilo se assemelhava mais a um campo de concentração nazista. Durante cinco anos, o albergue funcionou ali, debaixo do viaduto, sob um estridente barulho, o "dum-dum" dos veículos que passam pelas emendas sobre o viaduto. Esse incômodo barulho martelava nossos ouvidos a noite toda. Nunca se tomou uma providência.

Com raríssimas exceções, os monitores, contratados pela igreja sem a mínima qualificação profissional, sentiam prazer em nos humilhar, deixando-nos na fila, debaixo de chuva e frio, à espera da hora de entrar. As regras são draconianas. Entra-se após às 17h30 e acorda-se às 5h. Até as 7h, todos têm que ir para a rua, inclusive aos domingos e feriados. As assistentes sociais explicavam que eram ordens da Prefeitura e não podiam fazer nada. Assim, todos, até mesmo as senhoras e outras pessoas com idade avançada tinham de sair, fizesse sol ou chuva.

Sem camas – Um dia, com princípio de pneumonia, pedi para ficar lá dentro, pois chovia e fazia frio. Me sentia muito mal. Solicitei a um dos monitores que me deixasse ficar e ouvi:

"Não enche o saco, meu. Você não sabe que os padres não querem ninguém aqui dentro? Vá embora".

No dia seguinte, muito mal, me escondi na biblioteca e não saí. Era começo de maio, fazia um frio insuportável. Foi então que presenciei uma cena lamentável: o coordenador dos franciscanos dentro do albergue mandou retirar centenas de camas (são beliches) do dormitório para colocá-las nos porões daquele fétido lugar. Ele dizia aos outros monitores: "Quanto menos camas, melhor. Agora vem o frio, a Prefeitura vai querer mandar mais gente para cá e, desse jeito, podemos dizer que não há lugar". Depois, espaçou as camas que restaram para dar a impressão de que não havia mais lugar.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".