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sexta-feira, 25 de julho de 2008

O SILÊNCIO DOS INOCENTES

Do PAPÉIS AVULSOS, novo portal do HEITOR DE PAOLA
Heitor De Paola, MSM, em 03 de agosto de 2007



Tenho recebido insistentes chamados para comparecer a uma manifestação, Cansei!, cuja meta seria “retomar o Brasil apossado por uma quadrilha que o está levando ao caos”.

O que pretendem os tais cansados?

Vejamos. A iniciativa dos atos Cansei! em todo o Brasil foi da OAB-SP, uma entidade que prima pelo corporativismo, pelo apoio a todas as ações esquerdistas pelo país afora, pela defesa dos “direitos humanos” - dos bandidos, bem entendido, pois eles são os “excluídos” e as vítimas são burgueses que merecem ser roubados sem chiar (com exceção de seus familiares, of course) - pela intromissão em todas as áreas da República, enfim, parte importante da “sociedade civil organizada” de que o PT, o PSDB e todos os partidos de esquerda dependem. Só por aí já ponho minhas barbas de molho.

O presidente da dita OAB em entrevista à CBN, na noite do último dia 31, simultaneamente com o Presidente da CUT, disse que a sociedade não deveria se preocupar, pois era “um movimento apolítico, sem qualquer pretensão política, sem cobrar nada de ninguém”, apenas para que todos possam juntos, naquele minuto de silêncio, se concentrar nessa confusão toda e pedir por um país melhor. Ora, é o que o PT promete: um mundo melhor é possível! O Presidente da ONG Farol da Democracia Representativa, Jorge Roberto Pereira, pergunta: “Pedir para quem? Já que não tem qualquer pretensão, para que fazer?”.

Noutra entrevista dia 2, no programa de Boris Casoy, o mesmo senhor da OAB disse que o movimento não é contra o governo, e reiterou que se trata de um movimento apolítico, deve ser proativo, com sugestões ao governo. E atenção, o melhor está por vir: declarou que está em contato permanente com o Ministro da justiça Tarso Genro e com o Presidente Lula.

Bolas, que raio de oposição é esta que realiza atos públicos em íntimo contato com o Ministro da Justiça e o Presidente da República? Está certíssimo Jorge Roberto, pois como “retomar o Brasil apossado por uma quadrilha que o está levando ao caos” de forma apolítica e em contato estreito com os chefes do que eles chamam de quadrilha? Ora, o governo é política pura e nada mais, e o é por dever de ofício. Lá se encontram políticos eleitos pela sociedade e não pessoas “cívicas”. Como, então, se pode ser contra o governo sem ser politicamente? Não dá para entender! São amadores que pretendem tomar as ruas? O protesto silencioso, comenta outro correspondente, “...de tão ingênuo, chega às raias da tolice. Ou seja, qualquer ex-militante comunista conhecedor das mínimas técnicas de agitação e propaganda sabe que fazer silêncio em manifestações é não manifestar coisa alguma. Carreata, passeata, buzinaço, apitaço, panelaço, carro de som, etc., são as técnicas mais eficientes de se chamar a atenção para uma causa; qualquer que seja ela”.

E os profissionais das ruas, a CUT, já programou a sua manifestação, o “Cansamos”, para ocorrer na mesma ocasião. Diz na mesma entrevista (a primeira citada), o Presidente desta entidade, que “já estava na agenda dos trabalhadores, há muito tempo, e vai apresentar os pontos que provocam esse cansaço em toda a classe: o excesso de horas de trabalho, o excesso de dias trabalhados por semana, taxas de juros altas, etc. A coincidência de datas foi somente um acidente, não é um contraponto”.

Mais uma vez está com razão Jorge Roberto ao dizer que “o Presidente da CUT está certo. Não se trata de contraponto nenhum. É intimidação mesmo, demonstração de força e de capacidade de mobilização e de militância. Melhor demonstrada ainda se resolverem fazer um ‘panelaço’, ao invés de ‘um minuto de silêncio’”, e eu acrescento: no exato minuto do silêncio dos inocentes! Que de silêncio se tornaria em algazarra, ridicularizando completamente o movimento dos amadores cansados. Hannibal, the Canibal deve estar vibrando em sua cela: Jodie Foster caiu na esparrela!

Mais profissional ainda, “Nosso Guia” afirmou em Cuiabá que as vaias não o intimidam, e não vão afastá-lo das ruas e trancá-lo em seu gabinete no Palácio do Planalto. Ele chamou para o desafio os brasileiros que o têm vaiado. “Se quiserem brincar com a democracia, ninguém sabe nesse País colocar mais gente na rua do que eu”! E continuou dando seu recado: “Os que estão vaiando são os que mais deveriam estar aplaudindo. Foram os que ganharam muito dinheiro nesse País no meu governo. É só ver quanto ganharam os banqueiros os empresários”. E completou em outra entrevista: “Gente que ficou contente com os 23 anos (foram 21, Excelência) de regime militar e está incomodada com a democracia, porque a democracia pressupõe o pobre ter direitos” (...) “querem reviver 64, com as 'Marchas da Família com Deus pela Liberdade', são saudosos da ditadura, mas que não brinquem com a democracia porque o vem depois é muito pior”.

É claro que Lula exagerou na dose; a maioria sequer sabe realmente o que foram os anos de regime militar a não ser o que ele e seus companheiros permitem que se saiba: sua própria “história oficial” dos “anos de chumbo” que há alguns anos ele confidenciava que foram anos de pleno emprego e que Médici seria eleito se houvesse eleições. Mas, certamente são pessoas que adoram uma universidade estatal para seus filhos - para sobrar dinheiro para viajar à Europa, que ninguém é de ferro - apóiam a Petrossauro, Furnas e demais estatais (visando empregos milionários). Aposto que se alguém pegasse um microfone defendendo o liberalismo, a desestatização total da economia, o fim da universidade gratuita e das mamatas, seria mais vaiado ainda do que o Lula.

Mas esta observação do Presidente não foi ao acaso. É mais uma intimidação: cuidado, eu não sou o Jango, eu tenho apoio popular, as Forças Armadas estão neutralizadas e quem leva esta parada sou eu e o PT. E leva mesmo. Ele sabe muito bem, que as marchas de 64 tinham conteúdo político e mais: ideológico! Havia no mínimo quatro Governadores de estados importantes na oposição de verdade - Lacerda, na Guanabara; Adhemar de Barros em São Paulo; Magalhães Pinto, em Minas; Meneghetti, nos Pampas. As Forças Armadas estavam articuladas e eram ideologicamente preparadas para enfrentar a guerra revolucionária, assim como a Igreja Católica. E foi então que as esquerdas aprenderam a ler Gramsci: primeiro a hegemonia, a tomada do aparelho do Estado e a modificação do senso comum, só depois a tomada do poder. E aprenderam tão bem que todos os “intelectuais” e a maioria do povo hoje só sabe raciocinar - se é que isto é raciocínio - dentro do lixo marxista-leninista que nos impingiram durante 40 anos.

O que temos hoje? Oposição no Brasil? Faz-me rir! Esses movimentos, sem organização e coragem de desmascarar com todas as palavras o processo inteiro, com conteúdo político e ideológico, com todos os nomes e definições, não vão levar a nada. Pior, corre o risco de servir de pretexto para que dêem o golpe alegando “ameaça de golpe” e acabem com os últimos resquícios de liberdade no país. E, realmente, o que pretendem com isso? Na hipótese remota de que consigam derrubar o Lula, quem entra no lugar dele? O aparelho do Estado está tomado e ainda que isso acontecesse os remanescentes dentro da máquina ainda teriam condições de fazer o que bem entendessem. Outro correspondente lembra que em Cuba, desde a tomada do poder por Fidel, estão proscritos todos os movimentos políticos, mas manifestações “cívicas” e “apolíticas” como esta - certamente em contato diário dos organizadores com Fidel - são permitidas e até encorajadas para mostrar ao mundo como lá existe liberdade.

Com esta oposição inconseqüente e sentimentalóide estamos fritos e mal pagos e o MAG ainda vai fazer aquele gesto gentil mais vezes: a ingenuidade deste povo é tudo o que eles queriam.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".