Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro concede Medalha Tiradentes a Olavo de Carvalho. Aqui.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Dois estilos

Do portal do DIÁRIO DO COMÉRCIO
Por Olavo de Carvalho, segunda-feira, 21 de Julho de 2008


Um relatório do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana lança sobre as Forças Armadas a mais brutal acusação que já se ouviu contra elas em cinco séculos de História: “promiscuidade com o crime organizado” ( http://noticias.terra.com.br/ brasil/interna/0,,OI2987316-EI306,00.html ).

A autoridade com que o governo profere a denúncia é indiscutível: seu chefe máximo desfrutou de intimidade obscena com as Farc e outras organizações criminosas por uma década e meia, velando, como presidente do Foro de São Paulo, pelos seus sinistros interesses comuns (seus assessores velam ainda), enquanto as Farc davam treinamento de guerrilhas para o MST e o PCC, e o partido de S. Excia., retribuindo a gentileza, se esmerava em cuidados maternais para tirar da cadeia qualquer membro da quadrilha colombiana ou entidade congênere que tivesse a má sorte de ser preso pela polícia brasileira. O governo aponta às Forças Armadas o seu dedo acusador, portanto, com a autoridade absoluta da fórmula leninista: Acuse do que você faz, xingue do que você é.

Não é preciso então preocupar-nos com o teor da denúncia. Por definição, o sujo só pode se limpar sujando o que estava limpo.

Se, diante do currículo presidencial, algum indício suplementar é ainda necessário para esclarecer a verdadeira intenção do relatório, basta raciocinar um pouco: ou ele foi escrito às pressas depois dos acontecimentos deprimentes no Morro da Providência, ou já estava escrito antes. Na primeira hipótese, fica provada a leviandade de um governo que não pensa duas vezes antes de improvisar acusações para difamar a mais respeitada instituição nacional e criar do nada uma crise político-militar.

Na segunda, fica evidenciado que enviar o Exército aos morros, com a desculpa esfarrapada de consertar barracos, foi um ardil preparado deliberadamente para colocar os militares numa situação vexaminosa e depois jogar o relatório em cima da reputação deles, como uma pá de cal. O primeiro caso exige o impeachment do sr. presidente. O segundo, o impeachment seguido de prisão por crime de conspiração contra a segurança do Estado. Não há terceira alternativa.

Mais significativa ainda é a comparação entre o estilo do relatório e o do pronunciamento do sr. presidente sobre a libertação dos reféns mantidos em cativeiro pelas Farc. Neste segundo documento oficial, não se fala de crime nem de tortura.

As Farc, segundo o sr. presidente, não seriam culpadas senão de um vago erro de estratégia, tentando a aventura militar em vez das sutilezas gramscianas que deram o sucesso ao PT. Não havendo crime, não se fala também de castigo. Os trinta mil homicídios e três mil seqüestros praticados pelas Farc não lhe devem render, na lógica presidencial, senão a promoção da entidade ao estatuto de partido político legítimo e a oportunidade de conquistar o poder por via pacífica para que, lá chegados, os terroristas aposentados promovam desde cima, legalmente, lentamente, docemente, a destruição de seus atuais adversários militares, exatamente como os fazem os ex-terroristas brasileiros transfigurados em ministros.

O sr. Lula e seu partido trabalharam pelas Farc, protegeram-nas, acolheram-nas como hóspedes de honra mesmo depois que elas explodiram a nossa embaixada na Colômbia em 1993, matando 43 pessoas e ferindo 350. Agora continuam a lhes prestar serviço, só que numa área diferente: passaram do acobertamento do crime ao gerenciamento de danos.

Bem diversa é a linguagem do relatório. Para a quadrilha de assassinos e seqüestradores, afagos e conselhos paternais. Para as nossas Forças Armadas, o insulto, a calúnia, a ameaça.

Obviamente o governo do sr. Lula tem mais amor a bandidos estrangeiros do que aos soldados da sua própria nação.

Olavo de Carvalho é jornalista, ensaista e professor de Filosofia.

Nenhum comentário:

wibiya widget

A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".