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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

EXPORTANDO INDÚSTRIAS

 

NIVALDO CORDEIRO

09/02/2012

A coluna do ex-ministro Delfim Netto na edição de ontem da Folha de São Paulo (É a indústria...) me levou a meditar sobre a nova divisão internacional do trabalho, que se configurou a partir das últimas décadas do século passado com a entrada da China como grande produtor mundial. Até então este país tinha papel marginal e era voltado para seu próprio mercado interno.

Desde então a China passou a ser o endereço das empresas dedicadas à indústria de transformação. Eu próprio, nos anos oitenta, militava na indústria de brinquedos e vi praticamente toda a indústria nacional naufragar. Mal se sabia que a quebradeira do setor não era episódica e não se devia apenas à crise que então grassava no país. A mudança era estrutural e a China acabou por ter o quase monopólio da fabricação de brinquedos.

Outros setores seguiram o exemplo. Parte da indústria do EUA, no primeiro momento, mas de todo o mundo no momento seguinte, transferiu-se para a China. Nossa própria indústria foi para lá deslocada. Como entender o processo? Em primeiro lugar, houve a vontade da estrutura política da China de se integrar ao mercado mundial, no famoso dito de Deng Xioping “Um país, dois sistemas”. Um arremedo de capitalismo vitoriano foi por lá implantado, sem qualquer modernização das relações políticas, integralmente controladas pelo Partido Comunista.

Em segundo lugar, a China ofertou como diferencial uma reserva inesgotável de mão de obra barata e um sistema tributário bastante favorável em comparação com o Ocidente. A indústria de transformação, em regra estruturada no formato de mão de obra intensiva, encontrou ali um local favorável para se desenvolver. Boa parte da prosperidade que se verificou no momento subsequente se deveu à incorporação desse enorme contingente de pessoas à economia mundial.

Em terceiro, a fronteira econômica de expansão no Ocidente estava determinada pelo binômio informática/telecomunicações. O setor de serviços expandiu-se enormemente. Dessa forma, a indústria de transformação deslocou-se para a China sem que impactos estruturais maiores fossem verificados nos países que perderam indústrias de transformação.

O Ocidente pôde assim manter sua estrutura social democrata, convivendo  com custo muito mais elevado da mão de obra, que ganha mais e trabalha menos em relação aos chineses, absorvendo os frutos do acréscimo de produtividade daquele país. Os preços baixos do Oriente semearam a prosperidade.

Um último fator foi bastante favorável ao Brasil, produtor que é de comida e matérias primas. A incorporação da China ao mercado mundial demandou intensamente nesses mercados, melhorando preços de forma permanente. O Brasil portanto foi duplamente beneficiado, seja pela revolução tecnológica, seja pela ampliação de seus mercados tradicionais. A perda do setor de indústria de transformação quase não foi sentida.

Delfim Netto sempre raciocina, no artigo, como formulador de política industrial, do que foi useiro e vezeiros quando de sua passagem pelo poder.  Ocorre que as relações estruturais dos mercados se sobrepõem e por vezes esmagam a vontade do governante. É inútil e extemporâneo tentar reimplantar indústrias que se transferiram para o Oriente.  Elas só voltarão se o modelo social democrata for extinto, o que parece estar sendo ensaiado na Europa. Para concorrer com a China só com mão de obra barata e mercado desregulamentado, ou seja, com o desmonte do chamado Estado de bem estar social. E com baixa tributação. Isso não vai acontecer aqui, ao menos em um horizonte de tempo discernível. Logo, essa divisão internacional do trabalho se manterá pelos próximos anos. A China é a dona da indústria de transformação por razões estruturais.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".