JULIO SEVERO
15 de fevereiro de 2012
Simone Iglesias
Senadores, deputados e pastores evangélicos decidiram nesta terça-feira (14) não reconhecer mais o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral) como interlocutor do governo com o segmento. Uma das atribuições da pasta de Carvalho é conversar com movimentos sindicais e segmentos religiosos.
O grupo pediu uma audiência com a presidente Dilma Rousseff para avisá-la da decisão, mas o encontro ainda não foi agendado.
Durante palestra no Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, mês passado, Carvalho disse que o Estado deve fazer uma disputa ideológica pela "nova classe média", que estaria sob hegemonia de setores conservadores.
"Lembro aqui, sem nenhum preconceito, o papel da hegemonia das igrejas evangélicas, das seitas pentecostais, que são a grande presença para esse público que está emergindo", disse.
O senador Magno Malta, porta-voz dos evangélicos e da Frente da Família no Congresso, disse que encaminhará a Dilma uma nota de repúdio.
Durante reunião entre senadores, deputados e pastores, houve também manifestação de repúdio ao ativismo da nova ministra de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, favorável ao aborto.
Foi distribuída carta-compromisso que Dilma assinou no segundo turno das eleições presidenciais, em 2010, se comprometendo a não enviar ao Congresso projetos pró-aborto.
Na mensagem aos evangélicos, a então candidata dizia ser "pessoalmente contra o aborto". Malta disse que o segmento não pode "desconfiar" da palavra de Dilma, mas afirmou que os evangélicos lamentam a escolha de Menicucci.
"Temos o documento assinado por ela dizendo que é contra o aborto. Então, chega a ministra que está indo a ONU com dinheiro público para defender aborto. Vamos construir um documento revelando nossa contrariedade e reiterando nossas posições contra o aborto e a resistência que nós faremos a isso", afirmou.
O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) disse que o comportamento de Menicucci não é "compatível" com o cargo e que cabe a Dilma "enquadrá-la".
Cunha lembrou o compromisso assumido por Dilma na campanha eleitoral, de não mandar para o Congresso projetos que legalizem o aborto. Afirmou esperar que ela cumpra o que disse.
"Na eleição, o aborto foi um tema presente. Ela mesma assinou o documento, qual era a real posição dela do aborto. Desmistificamos que ela era favorável ao aborto. E conseguimos que os evangélicos que estavam contrários recuassem e uma parte passou a apoiá-la."
A reunião não tratou de eventuais ataques à candidatura de Fernando Haddad a prefeito de São Paulo por causa do kit gay (material que seria distribuído em escolas para combater preconceito contra homossexuais) desenvolvido pelo Ministério da Educação na sua gestão. Mas Malta mandou recado. Disse que as posições das pessoas definem apoio ou ataque: "Se juntar católicos e evangélicos em São Paulo, Haddad não tem a menor chance".
Participaram do encontro representantes das igrejas Ministério da Fé, Sara Nossa Terra, Batista e Assembleia de Deus.
Fonte: Folha de S. Paulo
Divulgação: www.juliosevero.com
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