NIVALDO CORDEIRO
21/02/2012
Lendo o artigo de Rubem Ricúpero, publicado ontem na Folha de São Paulo ("Perdão pela crise"), é que me dei conta do tamanho da desonestidade intelectual dos escribas engajados na causa socialista. Escritos como o de Rubem Ricúpero são cortinas de fumaça que buscam precisamente esconder a origem da presente crise, que tem na Grécia seu momento mais trágico.
Rubem Ricúpero quer fazer crer a seus leitores que a crise é resultado de um erro técnico (não precisado por ele) e da soberba dos economistas. Ele também acusa uma indefinida "liberalização financeira" como sua causa imediata e, com isso, tenta fazer crer que é uma crise do capitalismo, fundada na luta de classes: "Não foi a falha de imaginação ou inteligência a culpada da imprevisão. A causa é a ideologia, o disfarce de interesses de classe e setores sob roupagem científica". Qual ideologia? Para o ideólogo Ricúpero, a de mercado.
Aqui temos uma dupla desonestidade, pois se há um elemento de luta de classe no processo, são as classes letradas vendidas ao socialismo que, engendrando decisões financeiras fundadas no mefistofélico Keynes, tentam desesperadamente construir uma sociedade falsamente igualitária, supondo que não existe a lei da escassez. Mas ela existe e nem toda emissão de moeda do mundo será capaz de suspendê-la. Tentar colocar o problema como sendo a luta de classes em termos marxistas, de ricos contra pobres, é um abuso teórico. São os engenheiros sociais, patronos do socialismo, os que lutam para reconstruir a realidade em outros termos, ou uma Segunda Realidade, em acesso de loucura que não passa de uma rebelião contra o mundo como ele é.
É desonesto também atribuir a crise ao capitalismo. Os teóricos socialistas que tomaram conta do Estado fizeram todas as estripulias proibidas pelas manuais de livre mercado e como a corda arrebentou tentam agora dizer que é culpa do mercado. Ora, culpa mesmo é de quem emitiu moeda sem lastro, quem elevou os gastos do Estado à estratosfera, quem regulou cada um dos mercados, quem tributou no limite da asfixia de quem trabalha e produz, a começar pelo mercado de trabalho. Aliás, os EUA sairão bem dessa crise precisamente porque são o país que menos regulou este mercado. A Europa, bem vemos, a pátria do socialismo fabiano, se afunda mais e mais.
Se há uma luta de classes nesse processo é dos que se fizeram donos do Estado sob promessas falsas e passaram a roubar impunemente os produtores de riquezas. Do sindicato dos charlatães socialistas contra os que labutam noite e dia.
É preciso repudiar textos como esse de Rubem Ricúpero, porque não passam de panfletos enganadores da opinião pública. A crise é do socialismo, não do capitalismo.
Um comentário:
No início era um monte de dinheiro.
Ouvia outro dia uma professora universitária de matemática e estatística (marxista roxa) dizer, de modo resoluto, que o problema do mundo era o da má distribuição dos recursos.
Do modo que ela falava parecia que lá no passado distante havia um montão de dinheiro original, que foi sendo apropriado pelos burgueses espertos, criando, então, a miséria no mundo.
Marxistas nunca entenderam de economia.
Gutenberg
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