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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

A Lei da Ficha Limpa ou Por que votar?

 

FERNANDO PAWLOW

fevereiro 18, 2012

 

Por fernandopawlow

A recente decisão do Supremo pela constitucionalidade da chamada Lei da Ficha Limpa é tema de muitos analistas políticos, dos mais tolos e comprometidos com a atual composição do poder aos mais talentosos e agudos como Augusto Nunes, que em seu comentário de 1 minuto da última sexta-feira no site da “Veja”,concordou com seu colega Ricardo Setti ,que considera que o País “ficou um pouco melhor”, embora observando que ,se eleitores não abandonarem seu costume de “votar contra o Brasil”,pouco terá sido feito para que “a paisagem política seja menos assustadora”. Nunes qualificou certas personagens como “obscenidades”.Mais uma síntese precisa de quem elaborou a imagem dos “prontuários ambulantes” ao se referir ao que responde por classe política,notadamente as lideranças do que ele,também com precisão,denomina “base alugada”.Mas ele,por paradoxal que pareça,se mostra esperançoso.

Sou cético quanto aos supostos benefícios advindos de lei que é nada mais que um golpe na democracia, pois transfere o poder de decisão do eleitor para instancias que se prontificam generosamente a decidir por ele. Quando o Supremo adiou a votação ,ano passado,e muitos analistas,competentes ou rasos ,lamentaram ,escrevi neste blog o texto: http://fernandopawlow.wordpress.com/2011/03/29/o-choro-pelo-adiamento-da-usupacao-do-direito-de-escolher-do-eleitorvulgo-ficha-limpa/. Quem o teria lido?

As ditas organizações que formam a denominada “sociedade civil”não descansaram do referido adiamento até a votação da última quinta-feira,principalmente as ligadas aos “movimentos sociais” próximos ao Governo Federal, notadamente a CNBB. Forjaram a chamada “opinião pública”, aproveitando-se da vantagem que a apatia da massa lhes garante, para concretizar seu ideal de controle da vontade da maioria. Que fizeram os críticos da idéia no mesmo período? Renderam-se à sedução da inércia, acreditando que idéias absurdas caem por si no esquecimento, ainda que a História demonstre reiteradamente que não funciona assim o seu mecanismo. Não fizeram a mínima porção de barulho que os promotores da “sociedade justa” sempre fazem ( e com êxito freqüente, diga-se) para se impor.

Esta lei tornará o eleitor figura ornamental no processo de escolha onde as alternativas já estarão escolhidas previamente. Para que votar? Melhor rasgar o título , ou entregá-lo nas mãos de juízes que de fato escolherão quem pode ser votado. Nada garantindo que delinqüentes ainda não apanhados ,portanto detentores do status jurídico de “ficha limpa” sejam afastados da disputa,ou que políticos condenados injustamente sejam reabilitados a tempo de receber o voto de quem neles deposita confiança. Melhor não votar,entregando aos juízes , padres ,professores universitários e demais “lideranças sociais”delegação de nosso direito de escolha,pois que esta já terá mesmo feita de antemão.

Assistiu-se à urdidura de mais este golpe sobre a cidadania sem mais que resmungos,ou apelos à “constitucionalidade”, ainda que todos saibam ( ou devessem saber) que a Constituição pode sofrer cirurgias, e que entre nós está longe de ser abrigo seguro contra grupos que se interessam em dominar a massa desinteressada de seu destino, sepultada pelas dificuldades de sobreviver e mantida no mais rigoroso jejum intelectual. Quem observou as sombras rondando a praça? Alguns poucos,os de sempre,como Olavo de Carvalho e Reinaldo Azevedo.

As ditas “instâncias de representação popular” tão ciosas de seu dever de resguardar o eleitor de sua ignorância, são as mesmas que nada fazem para aplacar o desinteresse patológico do brasileiro por política, ao contrário , se nutrem da ignorância e inapetência intelectual da massa para se perpetuar no status de “vanguarda do povo”. A massa lesse, e eles teriam que inventar outro povo para liderar, não é mesmo? A política educacional do PT se encarrega de manter o rebanho na fé petista, impermeável a qualquer argumento racional em política.

Paulo Francis dizia sempre que se a fixação do brasileiro por esporte fosse canalizada para a paixão política seríamos outro país (a citação não é textual, mas o espírito é este) ,e quem discorda? Seria justo manter a massa infantilizada politicamente? Pois a Lei da Ficha Limpa acorrenta a consciência política do homem médio brasileiro no berço, impedindo-a de amadurecer. A tutela da cidadania atrofia o crescimento da vocação cívica do brasileiro, tornando-o refém de lideranças interessadas em manter o atraso e o nivelamento por baixo.

Enquanto a maioria não tratar a cabine eleitoral como recinto sagrado , nada progredirá efetivamente no Brasil , e não serão  leis forjadas por professores universitários em parcerias com padres sem vocação religiosa que darão ao brasileiro tal sentimento.

Será antes necessário exame de nossas deficiências como povo para que seja possível qualquer superação , num processo lento e exigente,porém de resultado duradouro,sólido.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".