SEGUNDA-FEIRA, FEVEREIRO 14, 2011
Cavaleiro: parte I aqui.
Voltei a assistir àquele debate sobre a questão árabe-israelense, patrocinado pelo Jornal Folha de São Paulo e divulgado na internet. Falei, no artigo anterior, sobre a professora de filosofia Bernadete Abrão, com seus tiques nervosos, suas caretas, apertos de lábios, olhares esbugalhados e suas opiniões dementes sobre Israel e os judeus. A sua comparsa das causas islâmicas, dona Arlene Clemesha, tem um aspecto mais agradável. É até bonita (uma raridade na FFLCH, dominada por canhões soviéticos do tipo Marilena Chauí), embora se dependesse dessas mulheres, usariam barbas, ora porque são marxistas, ora porque agora têm a mania de serem pró-islâmicas. Algumas talvez não iriam tão longe. As burkas realmente serviriam melhor. . .
Dona Arlene Clemesha é historiadora da USP e é Diretora do Centro de Estudos Árabes da mesma universidade. Apesar do cabedal, as opiniões que ela emitiu na palestra não fazem jus a sua carreira. Pelo contrário, o que escutei é um emaranhado de tolices absurdas. Às vezes me pergunto por que o contribuinte gasta para formar tanta gente com idéias tão bobalhonas. É pior. Esse pessoal da USP defende o que há de pior no mundo. Dona Arlene Clemesha, tal como Dona Bernadete Abrão, é um poço de desinformação!
Dona Clemesha começa a falar sobre a revolta do Egito contra o governo Hosni Mubarak. Ela diz que a rebelião de lá não tem como causa as investidas dos radicais da Irmandade Muçulmana, mas tão somente algo “espontâneo” e, portanto, “popular”. Ela ainda diz que é besteira temer o chamado “perigo islâmico”, já que nas palavras dela, os jovens egípcios estão nas ruas para exigir dignidade, pra exigir emprego, pra exigir pão, pra exigir moradia, pra exigir direitos humanos, respeito e fim da tortura nas prisões, etc. Tal resposta deixou-me mais perplexo ainda: Dona Clemesha só falta vender a idéia da rebelião egípcia como uma espécie manifesta de “Fórum Social Mundial”, de “outro mundo é possível”.Convém dizer, desde quando exigir emprego, pão e casa para o governo pode ser considerada uma rebelião séria? Percebem-se aí os sentimentos difusos e incoerentes da massa. Na Rússia pré-soviética, a população exigia terra e pão e deu no que deu: uma ditadura sanguinária, que durou quase um século, com um preço de milhões de mortos. Por que no Egito, cuja tradição de democracia é tão inócua como na Rússia czarista seria diferente?
O que dona Clemesha finge ignorar é que a revolta egípcia tem todo o caráter de uma oclocracia, de uma rebelião de multidões, que ao causarem um caos governamental e destruírem o governo, vão deixar um vácuo de poder. Na velha tradição política ocidental, a oclocracia quase sempre leva uma nação aos caos e ao cesarismo, que é o governo da tirania. No caso islâmico, provavelmente a tirania teocrática vai tomar o poder. E quem ocupará este poder? Obviamente a Irmandade Muçulmana, o único grupo realmente organizado para tomar as rédeas do país, além do exército. A professora fala de democracia e direitos humanos, mas não nos cita um grupo sequer no Egito que defenda esses valores. Pelo contrário, as revoltas na Jordânia, no Iêmen, na Tunísia e demais países, a grande maioria formada de governos aliados dos Eua, têm o dedo do Irã no meio. Dona Arlene acredita que o Irã liga pra direitos humanos? Que os fanáticos islâmicos estão preocupados com isso? Claro que ela não é tão idiota assim. É tão somente uma pessoa intelectualmente desonesta.
A professora discute sobre o caso de um tunisiano que ateou fogo no próprio corpo. Ela diz que isso não tem caráter religioso. Ao menos, o tunisiano suicida não matou ninguém. Demonstrou um ato de desespero, em meio às tiranias comuns daquele meio. Mas nem por isso algo corrobora em favor da causa em jogo. Todas as revoluções assassinas têm seus mártires, por mais que eles não tenham a menor relação com o projeto político em ascensão. E a Irmandade Muçulmana, como a mídia pró-esquerdista, explorou fortemente a cena para chocar o ocidente.
A questão parece óbvia demais: o que a mídia ocidental e as Clemeshas da vida vendem para o ocidente é de que há ventos democráticos nos países onde há rebeliões pró-islâmicas contra ditaduras ou regimes pró-americanos. Que com a derrubada desses governos, sustentados maleficamente pelo governo dos Estados Unidos, nascerá a possibilidade de democracias no mundo islâmico. Claro que isso é, na prática, uma inverdade e uma tolice. O que os fatos nos revelam é que, no máximo, poderá haver uma radical mudança de ditaduras pró-ocidentais para ditaduras anti-ocidentais.
Em particular, no discurso da professora, há aquele antiamericanismo rançoso, mesclado com uma paixão louca e sorridente pelo terrorismo islâmico. O seu esquema mental simplista se revela da seguinte maneira: mundo árabe e islâmico coitadinho, vítima perseguida, caluniada, versus Estados Unidos, Israel, ocidente, malzinhos e conspiradores contra a felicidade muçulmana universal. Não nos esquentemos: Arlene Clemesha acha que o “perigo islâmico” é besteira. Mesmo que a ascensão da Irmandade Muçulmana possa jogar para o ralo a paz egípcia com Israel e retroceder toda a geopolítica do Oriente Médio para o ambiente da guerra dos seis dias de 1967, a professorinha da USP é só risinhos desconcertantes.
Porém, Clemesha sabe de que lado estará quando houver uma nova guerra provocada pelo Egito. Em 2005, o exército israelense retirou suas tropas em Gaza e deixou os palestinos livremente em paz. Em 2006, as mesmíssimas criaturas coitadinhas vítimas de Israel elegeram o Hamas, o grupelho terrorista mais radical e aliado do Irã, que decreta em seus estatutos a finalidade de destruir o Estado judeu. Depois das eleições, o mesmo Hamas massacrou uma boa parte de seus opositores e rivais da Autoridade Palestina, com requintes de crueldade e começou as hostilidades contra Israel. Os norte-americanos e judeus, contrariados, cortaram os subsídios que enviavam aos palestinos e não reconheceram o novo governo. E meses depois, os terroristas jogaram mísseis iranianos sobre as cidades israelenses.
E o que dona Clemesha diz, numa entrevista para a IHU (Instituto Humanitas Unisinos), em 2009? “Em 2006, quando o Hamas venceu as eleições aconteceu essa situação inaceitável, ou seja, o Estado de Israel, junto com os Estados Unidos e a Europa, não reconheceu a vitória do Hamas. Então, o povo palestino elegeu, democraticamente, um governo e o mundo não reconheceu esse governo e o derrubou. Isso sim é um exercício do autoritarismo e da ingerência.” Na lógica protozoária da professora, se uma comunidade eleger um governo hostil ao país vizinho, logo, este país deve reconhecê-lo de pronto, mesmo que ameace destruí-lo ou riscá-lo do mapa. Na lógica dela, os estados democráticos do mundo deveriam reconhecer um governicho terrorista que deseja destruir uma nação inteira. Ah sim, “autoritarismo” e “ingerência” para ela não é um governo declarar e usar de quaisquer meios para destruir outro país e sim a recusa mundial à sua política. E por que os governos dos Estados Unidos e de Israel deveriam reconhecer o Hamas, se o mesmo jamais reconheceu a legitimidade do Estado judeu? Contudo, Clemesha tem uma desculpa tola: o povo de Gaza elegeu o governo terrorista democraticamente. Mais uma razão para Israel negar qualquer ajuda a esse povo, que a despeito de toda a sua miséria, não quer a paz. Se as democracias ocidentais, nos anos 30 do século XX, negassem reconhecimento ao regime de Adolf Hitler, é possível que a professorinha tola afirmasse que tudo isso não passaria de ingerência e autoritarismo, porque uma ditadura pode ser justificável, sendo eleita. Se ela acata eleições onde um povinho vota em terroristas e assassinos no poder, que dirá então do caso egípcio, já que um deslize na política daquela nação pode levar uma região inteira à guerra?
Dona Clemesha, no alto de suas asneirices, ainda diz: “o choque não é de fundamentalismos ou de civilizações”.Reitera que o problema do fundamentalismo não é só islâmico, mas também judaico e quiçá, cristão! E ainda diz que o fundamentalismo é uma tendência mundial. A desonestidade intelectual aí ganha contornos tortuosos, dispersos. Ou seja, os fanáticos judeus e cristãos, tal como os islâmicos, explodem bombas em Shoppings Centers, jogam aviões em prédios, matam turistas incautos e estupram suas mulheres, degolam os infiéis e formam verdadeiros grupos terroristas, com conexões mundiais. Claro, os judeus fundamentalistas querem criar um gigantesco império judeu no mundo, tal como os cristãos, que ainda ressuscitam o ideal das cruzadas. A comparação aí é tão esdrúxula, tão vigarista, que só mesmo tamanha distorção de mentalidade pode levar a uma pessoa a adulterar os fatos de forma tão sombria.
No conflito causado por Gaza, em 2009, quando o exército israelense revidou os ataques do foguetório do Hamas, Clemesha ainda fala outras barbaridades: “Existem ataques dos dois lados? Existem! No entanto, primeiro, os ataques palestinos praticamente não causam mortos em relação aos ataques israelenses. Segundo, existe um motivo de fundo para essa violência”. Faltou relembrarem à senhora que, diferentemente dos árabes, os israelenses não usam civis como escudos humanos. Claro que ela faz vista grossa a inserção dos homens-bomba e outras práticas aberrantes do terrorismo islâmico. Clemesha ainda acrescenta, no debate da Folha de São Paulo: o Hamas é um grupo que tem como plataforma a guerra de libertação nacional.Medo! De “guerra de libertação nacional”, recordemos daqueles países da África que foram dominados pelos tiranetes tribais de plantão. Não será diferente com relação à Gaza. Clemesha ainda vende a idéia de que a popularidade do Hamas foi por conta da rejeição dos propósitos da Autoridade Palestina, que eram supostamente fracos, se comparados à incidência do grupo radical islâmico. É óbvio que ele ignorou os massacres praticados contra membros da Autoridade Palestina! Clemesha fala do terrorismo islâmico e das disputas internas sangrentas entre os palestinos como se fossem bons moços de uma sonolenta democracia escandinava. Ou anjos idealistas e, na prática, mártires esperançosos, com suas setenta virgens no céu!
Seguindo os passos da Dona Bernadete Abrão, Clemesha tenta relativizar as declarações de Armadinejad, afirmando que o ditador do Irã não afirmou que desejava jogar uma bomba atômica sobre Israel, e sim que o regime sionista deveria desaparecer. Nas palavras dela, “riscar a entidade sionista” é apenas eufemismo. E como não poderia deixar de ser, ela desperta a lenga lenga marxista de que o sionismo, sendo um pensamento de nacionalismo judeu, é um regime ultrapassado, que precisa deixar de existir, em nome do progresso histórico. E aí fez uma falsa analogia, afirmando que Armadinejad não tem intenções de destruir o Estado judeu, mas tão somente o modelo político de governo sionista. Na cabecinha da professora, o Irã quer desenvolver bombas atômicas pra soltar no Dia de São João. Ou financia terrorismo e homens-bomba contra Israel, não por ódio aos judeus, mas por ódio ao “sionismo”.
E curioso: na lógica da moça risonha, só o Estado judeu não tem o direito de existir, sabe-se lá por que causa, seja marxista ou islâmica! Só os palestinos estão isentos da ladainha marxista, ao defenderem a bandeira do seu nacionalismo! Claro, Clemesha, ao usar o tapa-sexo anti-sionista, demonstra ser defensora das causas terroristas e totalitárias mais abjetas do Oriente Médio.
O debate foi esclarecedor de muitas coisas. Primeiro, o total comprometimento das esquerdas com o fundamentalismo e terrorismo islâmicos. Segundo, a enorme superioridade argumentativa dos debatedores do outro lado, em particular, o cientista político Jorge Zaverucha e o jornalista português Joao Pereira Coutinho, que foram extremamente honestos e decentes com relação ao público. Eles desmitificaram muitas das demonizações alimentadas contra os judeus e Israel e foram claros nas questões problemáticas daquele conflito. Deixaram as duas mulheres, Bernadete Abrão e Arlene Clemesha, de burka em pé! E também, como não poderia deixar de ser, revelaram a superioridade dos argumentos pró-israelense e pró--ocidental.
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