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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Na política do homossexualismo intocável. . .

CONDE LOPPEUX DE LA VILLANUEVA
DOMINGO, FEVEREIRO 20, 2011


Antes de qualquer comentário é preciso esclarecer: uma coisa é a vida pregressa do homossexual e a sua individualidade. Disto, sua conduta não afeta substancialmente a sociedade, uma vez que ele responde particularmente pelos seus atos, sem interferir na vida de terceiros. É a regra da maioria dos homossexuais, que desejam viver suas vidas sem serem incomodados. Outra coisa é o movimento homossexual, com sua concepção perversa e distorcida de transformar a homossexualidade num padrão moral intocável, acima de quaisquer criticas e até com poderes especiais de policiar idéias, pensamentos e opiniões divergentes. Esse movimento ambiciona inverter e jogar de cabeça para baixo as noções éticas e morais de sexualidade e de família, através de uma violenta e histérica chantagem psicológica e mesmo legal contra a grande maioria da sociedade. Na verdade, de forma tendenciosa e proposital, o movimento gay faz uma confusão desonesta entre a rejeição da homossexualidade e o ódio à pessoa do homossexual. Daí a rotulação de criminalizar qualquer indivíduo que seja refratário às suas políticas e reivindicações. Julien Benda dizia que o século XX nos legou, com as ideologias totalitárias, a organização intelectual dos ódios políticos. No século XXI, querem politizar a sexualidade. É a intelectualização dos recalques, taras e ressentimentos sexuais.

Mas o que está por trás do movimento gay? Assistia a uma reportagem de um famoso cantor pop, falando alegremente sobre sua homossexualidade, quando afirmou qual circunstância marcou sua vida: a experiência de ser pai. No entanto, havia algo estranho na sua argumentação. Ele não fez filhos diretamente através de uma mulher e sim pagou por uma inseminação artificial e uma barriga de aluguel. Ou seja, a reprodução de alguns seres humanos não foi realizada através do ato de amor entre homem e mulher e sim por conta de uma manipulação laboratorial. Os filhos, por assim dizer, surgem conforme aos caprichos de um pai incapaz de se relacionar com o sexo oposto. É pior, tanto os filhos como as mães são apenas “objetos”, joguetes de um cidadão psicologicamente impotente de gerar descendência. E a paternidade é apenas um fetiche.

A seguinte pergunta que fica no ar é: por que alguém que tem aversão ao sexo oposto e não deseja, por meios naturais, formar uma família, teria direitos de família? Os socialistas e, em menor caso, os liberais, defendem a agendinha politicamente correta do “casamento gay”, em nome de uma suposta defesa dos direitos do indivíduo. Atualmente as palavras “liberdade” e “direito” andam prostituídas, corrompidas em seu sentido original. O “direito”, por assim dizer, serve justamente para inverter o seu sentido e perverter as instituições. E a “liberdade” se tornou uma reivindicação espúria de milhões de subjetividades neuróticas e problemáticas. Pior, as subjetividades neuróticas também se viraram fontes de direitos!

Os liberais ainda fazem papel de inocentes úteis aos socialistas, quando afirmam que cada deva viver sua vida, contanto que não incomode os outros. Tal lógica parte de dois erros graves de princípio: primeiro, a de que quaisquer ações individuais perversas podem ser aceitas ou intocáveis, com a condição de se não incomodar os vizinhos, já que suas ações não pertencem ao julgamento isento de uma hierarquia de valores. E em contradição a esse relativismo, a de que, como regra absoluta, cada um deva respeitar o que seu vizinho faz. Como é que uma regra pode se fazer superior, se todas as atitudes subjetivas podem ser aceitas? Por que a regra de respeitar absolutamente o vizinho se faria superior se todas as demais atitudes não o são absolutas? Convém dizer que algumas atitudes, embora não criminosas, são moralmente condenáveis. Dentro da cabeça de alguns liberais, se o vizinho quiser se matar, a sociedade tem o dever de respeito esse “direito”. Se o vizinho quiser vender um rim ou o próprio corpo em nome das tais “trocas voluntárias”, ele pode fazê-lo, porque a sociedade nada tem a ver com isso. Percebe-se que o individualismo liberal não consegue nem mesmo sobreviver com a máxima tão apregoada de “não-agressão” de incomodar os vizinhos. O individualismo sem valores éticos preexistentes é destrutivo, tanto para o indivíduo, como para a sociedade. O relativismo metodológico e moral de alguns pensadores e prosadores liberais é um fiasco que vai levar a sociedade e a democracia à ruina.

É paradoxal que o individualismo liberal seja usado justamente para relativizar os direitos do indivíduo e para expandir o Estado e esmagá-lo. Alguns questionam o direito à vida e dizem que o direito está na morte, ora defendendo o suicídio assistido, ora defendendo o aborto. São os chamados “direitos reprodutivos” da mulher, literalmente negando sua potencialidade de gerar filhos. Há liberais que pregam a liberdade de venda de órgãos humanos. Ao destruírem os direitos de personalidade, alguns liberais relativizam os direitos do corpo, transformando-o num objeto de mercadoria e literalmente permitindo a perda do poder de cada indivíduo sobre seu corpo. Enfim, essa devastação dos valores morais e éticos acaba criando uma verdadeira atomização dos indivíduos, incapazes de se reconhecem publicamente no âmbito dos valores. Sem valores comuns na família, nas relações interpessoais e mesmo em toda a sociedade, a solidariedade comum também desaparece.

Alguém poderia alertar a determinadas vertentes liberais de que a liberdade não é o poder de fazer tudo, mas o poder de fazer escolhas éticas e morais, visando buscar finalidades corretas. A verdadeira relação da liberdade está no drama de consciência de saber discernir entre o certo e errado, entre o moral e o imoral, entre a razão e a perversão e escolher e assumir consequências. O problema é que os liberais confundem a defesa dos direitos individuais com a defesa dos caprichos e neuroses individuais. São duas coisas completamente diferentes. Não se pode crer na liberdade de escolha se não há caminhos necessários para que essa liberdade tenha uma bússola, uma diretriz, uma referência para o bem.

Os socialistas, mais do que nunca, perceberam o extremo poder corrosivo do individualismo sem os fundamentos morais que o justificam. Podem diluir as instituições intermediárias da sociedade, que coíbem o poder estatal, para justamente aniquilar os indivíduos e agigantar o poder governamental. Essa política é bem mais velha do que se supõe. Bertrand de Jouvenel, no clássico livro do “O Poder”, fala abertamente sobre esse método. Divida, fragmente, dilua para reinar. Em nome do da proteção do indivíduo, destrua os direitos individuais, relativize e disperse a família e em nome de exigências e reivindicações dispersas, confusas, enfraqueça todos os elementos institucionais intermediários que limitam o poder governamental. A expansão esdrúxula de reinvindicações individuais na política está de mãos dadas com o fortalecimento do poder central e o enfraquecimento das solidariedades voluntárias. E a família é um dos objetos dessa política de destruição.

Os regimes totalitários, como o comunismo e o nazismo, jamais conseguiram destruir os conceitos da família. Poderiam espionar os familiares, obrigar parentes a fazerem dossiês contra amigos ou esposas ou então transformar os filhos em verdadeiras sucursais da polícia política contra os pais. De fato, isso abalava, desestruturava, deformava e destruía muitas famílias. No entanto, a intenção violenta de destruir os laços afetivos acabou por gerar uma reação. O mesmo se aplica à religião. Na destruição de todos os alicerces da liberdade civil, a família e a religião foram armas poderosas de resistência aos totalitarismos. Isso porque as tiranias assumiam de frente o combate à família e à religião e a brutalidade estatal gerava uma força oposta tão violenta quanto. A devastação moral e ética causada pelas delações e traições tinha menos a ver com a existência da família em si, do que com a traição dos valores que inspiravam o universo familiar. E a religião, com seu escopo de moralidade transcendente e superior, dava um sentido e coerência moral e ética, dentro das loucuras e perversões patrocinadas pelo Estado.

Todavia, a democracia liberal está permitindo a destruição dos alicerces tão defendidos nas piores tiranias. A reivindicação do “casamento gay” visa justamente atacar a família nos seus alicerces morais essenciais e mesmo questionar sua existência. Implica a sua relativização e desmoralização no âmbito da formação do indivíduo. Na ladainha dos individualismos liberais e socialistas, a família não é uma instituição comum, consagrada pela natureza e mantida pela tradição moral e religiosa, mas um capricho, que pode ser modificado pela lei do Estado. Tal destruição moral e ética é feita de forma lenta e indolor. E com a cumplicidade ou inercia de quem diz defender os direitos dos indivíduos.

A estupidez ingênua dos defensores da “união civil” ou do “casamento” homossexual é a de que ninguém tem nada a ver com isso. Curiosa inversão de valores. Antigamente, as famílias, a sociedade e o Estado, conjuntamente, tinham a preocupação de consolidar a melhor educação possível e a melhor referência para a formação de cada indivíduo. Esse princípio, na boca de liberais e socialistas, se inverteu. Agora, a família não deve servir aos filhos, mas sim às idiossincrasias de qualquer gente louca. É muita burrice acreditar que isso não gerará efeitos na sociedade.

A família, considerando um chavão muito utilizado, mas válido, é a célula-mater da sociedade. O que sai dela influencia o caráter e a consciência dos indivíduos. Uma boa família, com fortes orientações morais, amorosas e éticas, tende a formar cidadãos honestos, cumpridores de seus deveres e psicologicamente saudáveis. Uma família desorientada é passível, com algumas exceções notáveis, de criar cidadãos desajustados, delinquentes, psicologicamente problemáticos. Os modelos biônicos homossexuais de família implicam justamente destruir seus conceitos morais e éticos saudáveis, transformando a homossexualidade numa referência familiar. É pior, o próprio conceito de família está sendo relativizado. Se a homossexualidade pode ser fonte de direitos de família, o que esperar de outras reivindicações mais histéricas, que também poderão se enquadrar nessa fonte de direitos?

A experiência relatada pelo cantor homossexual que teve filhos gerados por manipulação laboratorial é o retrato cabal da chamada “família gay”. Uma família artificialmente produzida, cujo centro que é a relação amorosa entre homem e mulher e filhos simplesmente não existe. É uma relação impessoal, em que o pai faz de seus filhos meros animaizinhos, meros objetos de estimação. Mais grotesco ainda é um homem gastar milhares de dólares para reproduzir filhos, quando poderia realizar o ato sexual de forma natural e mais envolvente, sem gastar um tostão. Incapaz de amar uma mulher ou encará-la sexualmente, o sujeitinho idealiza a sua prole sem mães. Ou de mães desconhecidas, tal é o desprezo que sente pelas mulheres. Em uma revista de grande circulação, o cantor, perguntado como deseja ser visto pelos seus filhos, afirmou: - “Quero mais é que eles falem a seus amigos: ‘Meu pai é gay e ele é muito legal. Seu pai não é gay. Triste o seu caso’. Quero que eles sintam orgulho em fazer parte de uma família moderna”. Qual seria o “orgulho” de uma criança, filha de pai gay e mães desconhecidas, de pertencer a tal “família moderna”? A ótica do rapazinho pop é bastante perversa.

Pouca gente percebe que a expansão e o incentivo às práticas homossexuais em todos os alicerces da sociedade denota alimentar uma imaturidade no âmbito da sexualidade, no quesito de encarar o universo do sexo oposto. Mas ao que parece, é isso que as políticas estatais desejam: criar pessoas infantilizadas, sexualmente instáveis, fracas demais para se ligarem sexualmente a outra pessoa do sexo oposto, no intento de gerar filhos. Aí precisam transferir a sua capacidade de reprodução aos intermediários, aos laboratórios, a alguma empresa privada qualquer ou quem sabe ao próprio Estado. Qualquer dia não haveremos de nos assustar se o governo quiser financiar a reprodução sexual dos gays, via laboratório. Ou até dos heterossexuais. Com a condição de controlar os direitos de reprodução da espécie humana, abolindo a família.

A impessoalização da reprodução sexual e das relações afetivas, junto com a desagregação dos princípios da família, são questões que nem os regimes totalitários conseguiram subverter totalmente. O relativismo moral e ético enfurnado nas democracias liberais está tendo uma eficácia surpreendente no intento de fazer o serviço completo desses sistemas criminosos. E os socialistas captaram perfeitamente a mensagem, ao usarem o espantalho da “liberdade” para justamente destruir os conceitos, as instituições e as noções básicas morais e éticas da própria liberdade no mundo ocidental. E o preço a se pagar é muito simples e caro: criará uma geração de indivíduos carentes, desqualificados, sem relações amorosas realmente fortes e na falta da figura do pai e da mãe, eternamente dependentes do papai Estado. Ou no mínimo, uma legião de homenzinhos e mulherzinhas frágeis, sexualmente medrosos, cuja compensação será a pederastia, neurotizados por temerem buscar o sexo oposto. O “casamento gay”, substancialmente, é apenas um mero reflexo disso. Coisas piores virão depois do reino do homossexualismo intocável e sacralizado. Esperem pra ver!

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".