Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro concede Medalha Tiradentes a Olavo de Carvalho. Aqui.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Quis vender água e foi em cana

BRUNO PONTES
21 DE JANEIRO DE 2011


Meu artigo no jornal O Estado

O índice 2011 da Heritage Foundation coloca o Brasil em 113º lugar na lista de 179 países avaliados quanto ao grau de liberdade econômica, definida pela fundação como o direito fundamental de cada ser humano de controlar seu trabalho e sua propriedade. Ficamos atrás de Gabão, Quênia e Azerbaijão. Engula o orgulho e siga a leitura.

No último domingo, o comandante-geral da Polícia Militar do Rio de Janeiro mandou prender os comerciantes que cobrarem “preços abusivos” por comida, água e velas no município de Nova Friburgo. “Ninguém pode explorar a dor dos outros, se aproveitar da agonia da população para vender, por exemplo, um pacote de velas [que custa em torno de R$ 1,50] por R$ 10”, disse o comandante. Moradores contam que estão vendendo por até R$ 40 galões de água que custam R$ 6.

Desastres aumentam a demanda por produtos básicos. Sem dúvida os moradores de Nova Friburgo ficariam contentíssimos ao chegar ao mercantil e ver que a água ainda custa R$ 2, mas esse desprendimento da parte dos comerciantes traria às vítimas das chuvas problemas que as autoridades, imersas em sua benevolência policialesca, são incapazes de conceber.

Vamos ao exercício mental. Você está lá em Nova Friburgo. O cenário é catastrófico. Mulheres, crianças e idosos precisam se hidratar. Todo mundo correndo atrás de água. Se ela ainda estiver custando R$ 2, o que acontece? Os estoques serão consumidos rapidamente, e teremos uma situação que o governador Sérgio Cabral talvez considere mais vantajosa: a água será barata, mas ela terá acabado antes de você chegar ao mercantil.

A população terá melhor sorte se os comerciantes aumentarem os preços em cinco, seis, dez vezes. Quando os preços sobem, consumimos com prudência. Calculamos, poupamos, evitamos o desperdício. É desagradável pagar R$ 40 num galão d´água, mas é só assim que a água estará lá quando os moradores precisarem dela. Os preços altos evitam o desabastecimento.

Comerciantes de qualquer época e lugar só abrem as portas na expectativa do lucro. Por que deveria ser diferente com os de Nova Friburgo? “Por causa das chuvas, Bruno. Você precisa ter um olho mais humanitário. Aquilo é uma tragédia sem precedentes”. Certo. Mas o meu interlocutor imaginário deve notar que fazer comércio ali, neste momento, não é atividade das mais tranquilas. Os perigos são óbvios. A lama dificulta os acessos. É possível que nem todos os funcionários compareçam. Os distribuidores encontram obstáculos logísticos, sem esquecer os custos decorrentes da manutenção dos estoques. Tudo isso entra no preço final do produto. O comerciante precisa lucrar. Se for para ter prejuízo, melhor ficar em casa ou vender em outro lugar.

O que os desabrigados do Rio precisam é de gente que queira ganhar dinheiro levando comida para regiões sob ameaça de avalanches de lama. É um clichê danado, mas escutem o Adam Smith: “Não é da benevolência do açougueiro que devemos esperar nosso jantar, mas da atenção que ele dá aos próprios interesses”. Funciona assim numa economia livre. No Brasil, mandamos para a cadeia os comerciantes que, atendendo aos próprios interesses, ajudam a salvar vidas. Uma salva de palmas para o socialismo.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".