em 18 de janeiro de 2011
por Thomas Sowell
Osereno, mas assustador artigo do Dr. Victor Davis Hanson, “Duas Califórnias”, publicado na National Review Online, deveria ser lido por todo americano interessado em saber para onde vai este país. A Califórnia está dando o exemplo, mas o que está acontecendo na Califórnia acontece em outros lugares — e é um veneno de ação lenta que está sendo amplamente ignorado.
O Professor Hanson foi criado numa fazenda, em região predominantemente agrícola da Califórnia, o Central Valley. Agora, muitos anos depois, quando ele viaja pela região, encontra um mundo tão estranho ao que ele conheceu quanto estranho ao resto da Califórnia de hoje — e muito diferente do restante dos Estados Unidos, no passado ou no presente.
Nas palavras de Hanson: “A olho nu, a maioria dos acampamentos de trailers que vi na área rural não me pareceu muito diferentes daquilo que vi no Terceiro Mundo. Há um visual caribenho naqueles carros caindo aos pedaços, fios elétricos cruzando edículas improvisadas, lonas plásticas fazendo vez de telhados, pequenos anexos amontoados fazendo vez de quartos extras, pit bulls soltos, gansos, bodes e galinhas vagando pelos quintais”.
Esta é uma cultura de Terceiro Mundo transplantada do México, vivendo à margem das leis americanas, estaduais ou federais.
Ironicamente, isto está acontecendo num estado notório por sua difundida e intrusiva regulamentação de minúcias da vida cotidiana das pessoas, de construção e manutenção de moradias e do funcionamento de negócios. Mas não nos enclaves terceiro-mundistas no Central Valley, onde o lixo é jogado fora impunemente e enxames de vendedores ambulantes sem licença vêm e vão, vendendo só a dinheiro, sem pagar nenhum imposto.
Em outros dois momentos, enquanto estava na fila em dois supermercados diferentes, Victor Davis Hanson percebeu que, em ambos os lugares, era a única pessoa que não estava pagando com os cartões plásticos emitidos pelas autoridades de assistência social e que substituíram os antigos food stamps (cartões de auxílio-alimentação). Ele notou que essas pessoas, vivendo à custa do contribuinte, dirigiam carros novos, tinham iPhones, BlackBerries e outros adereços daquilo que ele chama de “verniz tecnológico da classe média”.
Tristemente — e em longo prazo, tragicamente — isto não é uma situação exclusiva da Califórnia, ou de imigrantes ilegais vindos do México; não é nem sequer exclusiva dos Estados Unidos. É um padrão ao qual o mundo ocidental vem, lenta, mas inexoravelmente sucumbindo.
Na França, por exemplo, há enclaves de muçulmanos do Terceiro Mundo, vivendo segundo suas próprias regras, exasperando ressentimentos de uma sociedade que parece contente em deixá-los vegetar a custa de esmolas do estado-babá.
Os guetos negros dos Estados Unidos, especialmente os enormes conjuntos habitacionais nas grandes cidades, são outros enclaves de pessoas praticamente abandonadas, vivendo suas vidas marcadas pela violência e à margem da lei, com seus filhos guardados em depósitos que chamam de “escolas” e onde lhes é permitido fazer o que bem quiserem, sendo a educação mais ou menos opcional.
O que é que está acontecendo? Esses e outros grupos, aqui nos EUA e no exterior, são tratados como mascotes políticos, os coitadinhos da hora das elites autocongratulatórias.
Essas elites são capazes de conceder (e se deleitar com isso) uma permissividade altamente tolerante quanto aos seus coitadinhos-mascotes-da-hora, enquanto, com mão de ferro, impõem a linha-dura do controle do estado-babá sobre outros.
O efeito final de tudo isso sobre os coitadinhos-mascotes-da-hora pouco importa para as elites. Os coitadinhos-mascotes simbolizam algo, mas para outros. O destino real das mascotes mesmas raramente é uma grande preocupação de seus supostos benfeitores.
Enquanto essa elite tiver o controle do dinheiro público, pode subsidiar o comportamento autodestrutivo de suas mascotes preferidas. E enquanto essa elite puder mandar os seus próprios filhos para escolas particulares, não precisa se preocupar com o que acontece aos filhos das mascotes nas escolas públicas.
Outras pessoas que não podem custear escolas particulares para seus filhos são chamadas de “racistas”, e simplesmente por que levantam a voz contra os resultados dessa indulgência para com as mascotes nas escolas públicas ou contra a violência desses coitadinhos cometida às outras crianças aprisionadas nessas mesmas escolas-depósito.
Há cem anos, os grupos que agora são tratados com indulgência permissiva foram os alvos e bodes-expiatórios das elites da era progressista: eram tratados como imundície e vistos como alvo para a erradicação em nome da “eugenia”.
Não há mascotes permanentes. Conforme muda a moda, os coitadinhos de hoje podem se tornar os bodes-expiatórios de amanhã. Mas quem é que pensa no amanhã hoje em dia?
Tradução: Henrique Dmyterko
Título original: Mascot Politics
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