Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro concede Medalha Tiradentes a Olavo de Carvalho. Aqui.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

JOÃOZINHO E A ANISTIA

PERCIVAL PUGGINA
15/01/2011

O Joãozinho é aquele menino das anedotas. Quando quer algo, azucrina tanto, tanto, tanto, atormenta de tal modo quem se antepõe a seus anseios que acaba conseguindo o que deseja. Pois tenho me lembrado do Joãozinho quando vejo a insistência de setores da esquerda em pautas como aborto, supressão de símbolos religiosos, limitação da propriedade da terra e revisão da lei da anistia. Não têm suporte legal, a opinião pública rejeita-lhes as teses, o STF as declara inconstitucionais, mas pouco se lhes dá. Encanzinados, criam ONGs, comissões, conselhos e até ministérios inteiros. Mobilizam as "bases", extraem aqui e ali decisões judiciais que não resistem à primeira contestação, mas vão angariando apoios, sempre pressionando, até a exaustão. Dos outros.

A luta contra a Lei de Anistia é típica. Os joõezinhos já começaram. Primeiro trataram do assunto no âmbito da Comissão de Anistia. Aliás, temos uma Comissão de Anistia que se voltou contra a anistia. No final de 2009 embutiram sua revisão no megadecreto do PNDH-3. Depois tentaram convencer o STF de que a interpretação dada à lei, desde que promulgada em 1979, descumpre preceito constitucional fundamental. Perderam por sete a dois, em decisão do dia 29 de abril do ano passado. Inútil. Poucos mais tarde, Lula mandou ao Congresso projeto criando a "Comissão Nacional da Verdade no âmbito da Casa Civil da Presidência da República ...a fim de efetivar o direito à memória e à verdade histórica e promover a reconciliação nacional"). Enquanto o projeto tramita, conseguiram na Corte Interamericana de Direitos Humanos, agora em dezembro, uma condenação ao Brasil por manter a vigência da lei.

Temos aí um suposto interesse pela verdade casado com memória curta. A anistia foi objeto de persistente campanha da oposição ao regime militar, sendo aprovada pelas duas bancadas (ARENA e MDB), em 1979, por votação simbólica. Mas ainda não era ampla, nem geral, nem irrestrita. A emenda nesse sentido foi derrotada. Ela só alcançou essa extensão seis anos depois, após intensa mobilização oposicionista, com a emenda constitucional que convocou a Constituinte, visando à volta dos exilados remanescentes e à total reconciliação.

Passados vinte e cinco anos parece que se arrependeram. O artigo primeiro do projeto presidencial em tramitação no Congresso começa com uma mentira, ao alegar a necessidade de uma reconciliação nacional. Mas isso é o que a anistia já fez! E fez tão bem que os anistiados da esquerda estão no poder pelo voto popular. O que de fato os interessa, ao contrário do que alegam (grande novidade!), são os dividendos políticos dos processos que teriam início. Jamais haverá entendimento ou verdade singular sobre a história de um período tão deplorável. Em torno dele já há historiografia para todos os gostos. E o atual interesse pela verdade, que beatifica os crimes cometidos pelos que pegaram em armas pelo comunismo não produz meia verdade nem gera meia anistia. É uma inteira farsa.

Se não conseguimos solucionar crimes do mês passado, como esclareceremos os de quase meio século atrás? É impossível nos entendermos sobre o passado. Mas com a Lei de Anistia já o fizemos sobre o futuro, obtendo uma pacificação nacional que os joõezinhos, irresponsavelmente, desejam romper. Aliás, a maior prova de que já nos entendemos está em que essa esquerda, hoje como ontem, quer arrumar confusão. Sabem por quê? Porque para ela não há realidade fora do conflito. Mas isso daria um outro artigo.

Especial para ZERO HORA
16/01/2010

Nenhum comentário:

wibiya widget

A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".