Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro concede Medalha Tiradentes a Olavo de Carvalho. Aqui.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

OS MINEIROS CHILENOS, O MICO-LEÃO-DOURADO, E O DESTINO DE EMBRIÕES E FETOS HUMANOS


HEITOR DE PAOLA


19/10/2010
Recentemente a humanidade inteira foi mobilizada pelo drama com tons de epopéia dos 33 mineiros soterrados em Copiapó. Esforços extraordinários foram empreendidos e grandes somas despendidas para salvá-los. Tecnologias anteriormente impensadas foram desenvolvidas. Houve uma vibração e alívio geral pelo sucesso da operação.

A ninguém ocorreu – ou ao menos ninguém expressou esta idéia – que seria muito mais barato deixá-los morrer por asfixia, fome e sede, ou envenená-los com gás tóxico.

Nas últimas décadas parcelas da sociedade mundial começaram a se preocupar com as espécies animais e vegetais em extinção, das quais o mico-leão-dourado está aqui como representante simbólico, como poderiam ser as baleias ou qualquer planta ameaçada.  

Mais uma vez fortunas foram levantadas, obras fundamentais embargadas, esforços inauditos despendidos.  A cada bichinho ou planta salva a euforia é imensa e generalizada.

Isto para não falar em tribos indígenas selvagens que recentemente conseguiram territórios imensos, maiores que a grande maioria dos países europeus, contemplando uma quantidade irrisória de indivíduos com milhares de hectares sob a desculpa esfarrapada de que sua “cultura” necessita de grandes espaços para sobreviver intacta.

Quando se trata de salvar ou matar embriões e fetos humanos, gerados por seres humanos, hospedados em barrigas humanas e não em confins de matas selvagens ou nas profundezas de uma mina, aí o tom muda radicalmente! O entusiasmo em salvar umas tantas pererecas à custa de obras – hidrelétricas p. ex. – que trariam benefícios para milhares de pessoas é substituído por uma frieza de arrepiar! Enquanto uma baleia, um jacaré ou um mico tem os seus direitos, sujeitando os caçadores a penas de prisão inafiançáveis, os embriões e fetos não têm direito algum [i] e ficam ao sabor de direitos dos outros: da mãe, do pai, da sociedade ou – o que é mais horripilantes ainda – dos gastos públicos! Os que advogam por seus direitos são “obscurantistas” ou “fundamentalistas religiosos” – até mesmo aqueles que não professam nenhuma.

O aborto é tratado como um direito da mulher ou um problema de saúde pública, o feto que se dane. Só entrou em pauta nos debates eleitorais porque uma das candidatas fingia ser contra a descriminação em nome de princípios religiosos, mas ao invés de se mostrar firme, sugeria um plebiscito. E isto teria, segundo alguns, roubado milhões de votos dos demais, principalmente da candidata oficial. Aliás, a referida ex-candidata é a mesma que move céus e terras para salvar árvores, índios ou jacarés. Então, no segundo turno, o assunto passou a preponderar como mera moeda de troca de votos. Um dos candidatos, querendo ver-se livre da batata quente, afirma que é problema das religiões! Ora, então as religiões devem legislar sobre direitos dos cidadãos de qualquer idade? Vamos viver sob alguma shari'a, ou várias, uma para cada religião? Não cabe mais ao Estado criar leis que defendam de forma positiva o que é um direito natural inviolável? Ou acreditar em direitos naturais é obscurantismo&nbspe medievalismo?

Não temo estar saindo do “obsequioso silêncio” que me impus referente à farsa eleitoral que corre por aí porque ambos os candidatos tratam do assunto com a maior frieza, como não se tratasse de vidas humanas em risco. E não me refiro só ao aborto: o uso “médico” de células-tronco embrionárias já começa a formar uma verdadeira indústria de produção e manipulação de embriões humanos&nbspdespertando a cobiça e a ganância de milhões e milhões de dólares que renderá este caminho inexorável ao “admirável mundo novo” de produção em série de seres humanos geneticamente manipulados.

Mas a manipulação já começa antes, e a primira vítima é a verdade. Publica-se como manchete que “a criminalização do aborto causa a morte de milhares de mulheres”. Numa típica inversão revolucionária do pensamento – para a qual Olavo de Carvalho não cansa de chamar a atenção – atribui-se aos defensores da vida a responsabilidade pela morte de mulheres que se submetem a abortos clandestinos, como se alguma vez tivéssemos defendido que elas sejam abandonadas até morrerem sangrando, se algo vai mal! Usa-se o mesmo argumento hipócrita que serve para o grotesco “casamento” gay: é a criminalização ou o “preconceito” que causam o sofrimento.

UM TEA PARTY BRASILEIRO?

Esta safadeza a respeito do aborto pode ter desencadeado um movimento conservador brasileiro, algo impensável nas últimas décadas. Será?




[i] Isto pode parecer exagero, mas veja-se a posição do bioeticista e filósofo dos direitos dos animais, Peter Singer, recentemente nomeado Diretor do Centro de Valores Humanos da Universidade de Princeton: para ele, os mais evoluídos primatas, cães e porcos são pessoas, masseres humanos inválidos e mesmo bebês, não podem ser consideradospessoas. O bioeticista Norman Fost considera que adultos humanos com problemas cognitivos devem ser considerados “cérebros mortos” e  o filósofo e bioeticista R. G. Frey considera que muitos seres humanos desabilitados deveriam substituir os primatas em experiências científicas. (Citados em When do Human Beings Begin? “Scientific” Myths and Scientific Facts).

Nenhum comentário:

wibiya widget

A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".