Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro concede Medalha Tiradentes a Olavo de Carvalho. Aqui.

domingo, 16 de maio de 2010

UM COMUNISTA ABSOLUTAMENTE EXEMPLAR

PERCIVAL PUGGINA


Percival Puggina

16/05/2010

Meus leitores habituais talvez recordem do artigo que escrevi recentemente com o título "Os culpados pela pobreza" (1). Nesse texto, entre as causas da constrangedora miséria persistente no país, incluí os luxos e requintes de certos palácios construídos para acolher os altos escalões dos poderes da república. E citei como exemplo o prédio do TSE em Brasília, "uma obra de R$ 328 milhões na qual o escritório do comunista Oscar Niemayer abocanhou R$ 5 milhões, graças ao monopólio de projetos que estabeleceu sobre a Capital". Esse relato suscitou reação indignada de um leitor que se confessou comunista e me interpelou sobre a fonte de tão destrambelhada e escandalosa informação. Esclareceu-me que Niemayer era um comunista convicto, que vivia com simplicidade e destinava seus bens aos necessitados. E me adiantou que havia tentado, sem êxito, falar com o mestre (com quem sugeria manter relações de camaradagem) para adverti-lo sobre minhas aleivosias. Niemayer não o atendera, disse-me, por estar hospitalizado.

Em resposta, indiquei-lhe algumas palavras que, digitadas no Google, lhe forneceriam, em abundância, a confirmação do que eu escrevera. Horas depois o velho comunista retornou em outro tom. Se Niemayer havia cobrado aquele robusto valor era porque o projeto valia isso mesmo, tanto assim que a proposta fora aceita pelo governo. Pronto! De uma hora para outra, perante o mesmo fato, a indignação desapareceu dando lugar a uma justificativa. Sem se dar por vencido, contudo, fez emergir nova suspeita sobre meu texto: de onde tirara eu que o velho arquiteto exercia um monopólio sobre os projetos públicos na capital da república? Que irresponsabilidade minha! Com toda a paciência, ensinei-o a encontrar ainda mais abundante informação sobre o assunto.

Quando eu estava dando o papo por encerrado, o sujeito volta à cena, numa repetição da farsa anterior, transmudando a indignação em explicação: Oscar Niemayer era o maior arquiteto do país e tinha todo o direito de projetar em Brasília quantos prédios quisesse. E, mais uma vez, fingiu-se de vitorioso, "denunciando" que um dos relatos sobre esse monopólio estava em coluna do jornalista Cláudio Humberto ("jornalista do presidente Collor, Dr. Puggina, que horror"!). E com esse achado na gaveta dos argumentos ele pretendeu desqualificar dezenas de informações sobre o mesmo assunto. Camarada é coisa para se guardar no lado esquerdo do peito.

Achei-me, então, no direito e na obrigação de desmascarar toda aquela retórica de botequim da Lapa. Mostrei-lhe o quanto sua ética estava submetida ao partido, à ideologia e à propaganda. Disse-lhe que os comunistas nunca agiram de outro modo. Afirmei-lhe que, com essa ética, haviam matado 100 milhões de pessoas no século passado sem que uma sequer lhes pesasse na consciência porque, afinal, tudo se tornava justo e santo no sagrado interesse do partido e da ideologia. E lhe pedi, dado que ele me alinhava entre seus desafetos, que, tendo oportunidade, me poupasse a vida.

Por que relato este diálogo travado por e-mail? Porque eu o considero absolutamente característico da moralidade dos militantes comunistas, que muitos insistem em afirmar que, ou não existem, ou, se existem, são diferentes disso aí.

(1) www.puggina.org/artigos/percival_puggina-os_culpados_pela_pobreza.php

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* Percival Puggina (65) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezena de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo e de Cuba, a tragédia da utopia. 

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".