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quinta-feira, 1 de abril de 2010

Comunismo e fraturas ideológicas explicam lenda contra Pio XII

MEU CATOLICISMO

18 DE JUNHO DE 2009

Entrevista com o diretor de L'Osservatore Romano


CIDADE DO VATICANO, terça-feira 16 de junho de 2009 (ZENIT.org). - A “lenda negra” sobre o Papa Pio XII (Eugenio Pacelli), que o acusa de proximidade com o nazismo, tem duas causas, segundo o diretor de L’Osservatore Romano: a propaganda comunista e as divisões dentro da Igreja.
Giovanni Maria Vian as expôs em uma entrevista concedida a Zenit por ocasião da publicação de um livro que ele coordenou, intitulado “Em defesa de Pio XII. As razões da história” (In difesa di Pio XII. Le ragioni della storia).

O livro foi apresentado na quarta-feira passada pelo cardeal secretário de Estado, Tarcisio Bertone, e pelos historiadores Giorgio Israel (Universidade de Roma La Sapienza), Paolo Mieli (Universidade de Milão, diretor em dois períodos do jornal Il Corriere della Sera) e Roberto Pertici (Universidade de Bérgamo).

O diretor do jornal vaticano, historiador, não hesita em utilizar a expressão “lenda negra”, pois, de fato, o Papa Pacelli – que, ao morrer, em 1958, recebeu elogios unânimes pela obra desempenhada durante a 2ª Guerra Mundial – depois foi realmente “demonizado”.

Como foi possível uma mudança tão radical de sua imagem em poucos anos, mais ou menos a partir de 1963?

Propaganda comunista

Vian atribui esta campanha contra o Papa, em primeiro lugar, à propaganda comunista, que se intensificou na época da Guerra Fria.

“A linha assumida nos anos do conf lito pelo Papa e pela Santa Sé, contrária os totalitarismos, mas tradicionalmente neutra, foi, na prática, favorável à aliança contra Hitler e se caracterizou por um esforço humanitário sem precedentes que salvou muitíssimas vidas humanas”, observa.

“Esta linha foi, de qualquer forma, anticomunista e por isso, já durante a guerra, o Papa começou a ser acusado pela propaganda soviética de cumplicidade com o nazismo e seus horrores.”

O historiador considera que, “ainda que Eugenio Pacelli sempre tenha sido anticomunista, nunca pensou que o nazismo pudesse ser útil para deter o comunismo, muito pelo contrário”, e o prova com dados históricos.

Em primeiro lugar, “apoiou, entre o outono de 1939 e a primavera de 1940, nos primeiros meses da guerra, a tentativa de golpe contra o regime de Hitler por parte de círculos militares alemães em contato com os britânicos”.

Em segundo lugar, Vian explica que, após o ataque da Alemanha à União Soviética, em meados de 1941, Pio XII em um primeiro momento se negou a que a Santa Sé se unisse à “cruzada” contra o comunismo – como era apresentada – e depois dedicou suas energias a superar a oposição de muitos católicos americanos à aliança dos Estados Unidos com a União Soviética contra o nazismo.

A propaganda soviética, recorda o especialista, foi recolhida eficazmente pela peça teatral Der Stellvertreter (“O vigário”), de Rolf Hochhuth, representada pela primeira vez em Berlim, no dia 20 de fevereiro de 1963, em que se apresentava o silêncio como indiferença diante do extermínio de judeus.

Já naquele então, constat a Vian, denunciou-se que a obra teatral relança muitas das acusações de Mijail Markovich Scheinmann no livro Der Vatican im Zweiten Weltkrieg (“O Vaticano na 2ª Guerra Mundial”), publicado antes em russo pelo Instituto Histórico da Academia Soviética das Ciências, órgão de propaganda da ideologia comunista.

E uma nova prova da oposição de Pio XII ao nazismo é o fato de que os chefes do Terceiro Reich consideravam o Papa como um autêntico inimigo, segundo demonstram os documentos dos arquivos alemães, que não por acaso haviam sido fechados pela Alemanha comunista e que só puderam ser abertos e estudados recentemente, como mostra um artigo de Marco Ansaldo no jornal italiano La Repubblica, de 29 de março de 2007.

O livro editado por Vian recolhe um texto do jornalista e historiador Paolo Mieli, um escrito póstumo de Saul Israel, biólogo, médico e escritor judeu, artigos de Andrea Riccardi, historiador e fundador da Comunidade de S. Egídio, dos arcebispos Rino Fisichella, presidente da Academia Pontifícia para a Vida, e Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício para a Cultura, do cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado e, por último, uma homilia e dois discursos de Bento XVI, pronunciados em memória de Pio XII.

Divisão eclesial

Mas a “lenda negra” contra Pio XII também teve promotores dentro da Igreja, por causa da divisão entre progressistas e conservadores, que se acentuou durante e depois do Concílio Vaticano II , anunciado em 1959 e clausurado em 1965, afirma o diretor.

“Seu sucessor, João XXIII – Angelo Giuseppe Roncalli –, foi logo apresentado como o ‘Papa Bom’ e, pouco a pouco, foi contraposto ao seu predecessor: pelo caráter e pelo estilo totalmente diferentes, mas também pela decisão inesperada e surpreendente de convocar um concílio.”

As críticas católicas ao Papa Pacelli haviam sido precedidas, em 1939, pelos interrogantes do filósofo católico francês Emmanuel Mounier, quem repreendeu o “silêncio” do Papa diante da agressão italiana da Albânia.

Pio XII foi criticado também por “ambientes de poloneses no exílio”, que jogavam na sua cara o silêncio frente à ocupação alemã.

Deste modo, quando, a partir dos anos 60, aguçou-se na Igreja a polarização, os católicos que se opunham aos conservadores atacavam Pio XII, dado que ele era visto como um símbolo destes últimos, alimentando ou utilizando argumentos recolhidos da “lenda negra”.

Justiça histórica

O diretor de L’Osservtore Romano sublinha que seu livro não nasce de uma tentativa de defesa prejudicial do Papa, “pois Pio XII não tem necessidade de apologistas que não ajudam a esclarecer a questão histórica”.

No que se refere aos silêncios de Pio XII, não somente diante da perseguição judaica (denunciada sem grandes alardes, mas criticada de maneira inequívoca na mensagem natalina de 1942 e no discurso aos cardeais, de 2 de junho de 1943), mas também diante de outros crimes nazistas,o historiador destaca que esta linha de compor tamento buscava que não se agravasse a situação das vítimas, enquanto o pontífice se mobilizava para ajudá-las nesta situação.

“O próprio Pacelli se perguntou em várias ocasiões por esta atitude. Foi, portanto, uma opção consciente e dura para ele de buscar a salvação do maior número de vidas humanas ao invés de denunciar continuamente o mal com o risco real de que os horrores fossem maiores ainda”, explica Vian.

No livro, Paolo Mieli, de origem judaica, afirma neste sentido: “Aceitar as acusações contra Pacelli implica em levar ao banco dos supostos culpáveis, com as mesmas acusações, Roosevelt e Churchill, acusando-os de não ter pronunciado palavras mais claras contra as perseguições antissemitas”.

Recordando que membros da sua família morreram no Holocaust o, Mieli disse literalmente: “Eu me oponho a responsabilizar da morte dos meus familiares uma pessoa que não tem responsabilidade”.

O livro publica também um texto inédito de Saul Israel, escrito em 1944, quando, com os demais judeus, ele havia encontrado refúgio no convento de Santo Antônio, na Via Merulana de Roma.

Seu filho, Giorgio Israel, que participou da apresentação do livro, acrescentou: “Não foi um ou outro convento ou um gesto de piedade para poucos; e ninguém pode pensar que toda esta solidariedade que as igrejas e conventos ofereceram ocorreu sem que o Papa soubesse, ou inclusive sem o seu consentimento. A lenda contra Pio XII é a mais absurda de todas as que circulam”.

Muito além da “lenda negra”

Vian explica, por último, que o livro que ele editou não p retende centrar-se na questão da “lenda negra”. Mais ainda, “meio século depois da morte de Pio XII (9 de outubro de 1958) e 70 aos após sua eleição (2 de março de 1939), parece criar-se um novo acordo historiográfico sobre a importância histórica da figura e do pontificado do Eugenio Pacelli”.O objetivo do livro é sobretudo contribuir para restituir à história e à memória dos católicos um Papa e um pontificado de importância capital em muitos aspectos que, na opinião pública, continuam sendo ofuscados pela polêmica suscitada pela “lenda negra”.

Cleofas 16/06/2009.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".