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quarta-feira, 4 de novembro de 2009

O preço do resgate: passaporte para o MERCOSUL

Fonte: HEITOR DE PAOLA



Graça Salgueiro


No dia 29 pp., a Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou por 12 votos contra 5 o ingresso da Venezuela como membro permanente do MERCOSUL. Falta ainda a aprovação pelo Plenário mas, como tenho dito reiteradas vezes, isto são favas contadas porque tudo obedece a um jogo de cartas marcadas, onde consciências são compradas e o que conta mesmo é um vil escambo, de nada servindo sólidos argumentos acerca do mal que seria a aprovação de Chávez no bloco.

Tanto é assim que, “coincidentemente”, neste mesmo dia o presidente Lula dirigia-se à Caracas para mais uma das incontáveis inaugurações (desta vez, uma “colheita simbólica” de soja, com tecnologia da Embrapa), assinaturas de acordos (que só depois de muito tempo tomamos – nós e os venezuelanos – conhecimento) e exposição de sua candidata-terrorista às eleições presidenciais de 2010, aproveitando para levar a notícia ao seu camarada pessoalmente.

Dois dias antes da votação, esta Comissão recebeu a visita do prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, que fora convidado pelo senador petista Eduardo Suplicy, para dar seu depoimento acerca da democracia na Venezuela sob o regime de Chávez, considerando que no estatuto de criação do MERCOSUL um de seus artigos exige expressamente que os membros do bloco respeitem e sigam o regime democrático.

Ledezma é, ele mesmo, uma das vítimas da ditadura chavista, pois eleito democraticamente pela esmagadora maioria dos caraquenhos, nunca pôde exercer seu mandato posto que Chávez confiscou seu direito legítimo pondo no cargo uma “administradora” de sua confiança que ocupa, inclusive, a sede da Prefeitura. Em vista desses atropelos, Ledezma realizou uma greve de fome meses atrás, como protesto, que culminou com seu ingresso no hospital. Em agosto passado, 11 funcionários da prefeitura de Caracas foram presos quando protestavam em uma manifestação opositora pacífica, sob a alegação de “desordem pública”, seguindo à risca o modelo ditatorial cubano.

Apesar disso, Ledezma veio defender a aprovação de Chávez no MERCOSUL. Sua alegação, frágil e inconsistente, foi de que “a Venezuela não é Chávez e este não permanecerá no governo para sempre”. Ele sabe que mentiu, ele sabe que traiu até mesmo a si próprio, mas aquele gesto tinha um preço muito alto que seria pago em seguida. No artigo UnoAmérica: carta aberta contra o ingresso de Chávez no Mercosul publicado pelo Diário do Comércio, já se advertia do risco desta aprovação e chamava-se a atenção de que Ledezma estava agindo sob coação e pressões muito fortes, sobretudo por causa dos seus 11 funcionários presos injustamente, além de ter sido acusado de “traição à Pátria” devido a uma carta que escreveu ao senador José Sarney, em que mostrava-se contrário à entrada da Venezuela nesta organização.

No dia seguinte à aprovação de Chávez no MERCOSUL, libertaram os 11 funcionários da Prefeitura de Caracas. Este foi o preço do resgate que Ledezma teve que pagar pela sua traição no depoimento aqui no Brasil!

Lembro que Chávez é comprovadamente vinculado às FARC e que esta prática de cobrança de resgate de seqüestrados ele aprendeu com seus camaradas farianos.
Esta prática tem-se mostrado como um meio “legal” de extorquir, processar e pôr na cadeia seus opositores, como foram os casos do fechamento da RCTV, da perseguição a Manuel Rosales (que encontra-se sob a proteção de asilo político no Peru), do jornalista Gustavo Azocar, do ex-ministro da Defesa Raúl Baduel e incontáveis outros casos que são do conhecimento dos venezuelanos. Não podendo alegar perseguição política, Chávez encontra meios de exigir cobranças de débitos com o fisco – muitos deles inexistentes – ou “enriquecimento ilícito” para pressionar a rendição de seus desafetos. Os que não pagam, terminam na cadeia e às vezes assassinados – vide caso Danilo Anderson.

Também é sobejamente conhecida sua aliança com as FARC através do que ficou conhecido nos achados dos computadores de Raúl Reyes, e corroborada a autenticidade pela Interpol. Embora ele negue, os fatos registrados em vídeos falam por si sós. Quando Reyes morreu, Chávez fez um minuto de silencio em sua homenagem numa sessão da Assembléia Nacional por mais de uma vez afirmou que “as FARC não são terroristas” permitiu que o bairro 23 de janeiro, seu reduto, erigisse um busto em homenagem a Manuel Marulanda “Tirofijo”, chefe máximo das FARC, onde na inauguração houve venda de produtos produzidos por este bando terrorista sancionou os militares venezuelanos por terem prendido Rodrigo Granda, o “embaixador das FARC”, em território venezuelano, os quais continuam presos. Este terrorista das FARC possui identidade venezuelana, assim como cédula eleitoral e um imóvel registrado em cartório em seu nome. Se não houvesse uma aquiescência e conivência por parte de Chávez com estes delinqüentes, nem Granda nem outros tantos terroristas não só das FARC mas iranianos, cubanos e de outras nacionalidades, jamais teriam conseguido tais documentos e regalias.

E uma das provas mais contundentes do compromisso de Chávez com as FARC está no vídeo abaixo, em que o jornalista da RCTV, Miguel Angel Rodríguez, apresenta em seu programa “La Entrevista” de 23 de julho de 2007. Neste programa ele retransmite uma entrevista dada à Cadeia Caracol da Colômbia por Gabriel Gómez, um jovem colombiano que inscreveu-se para o programa de bolsas de estudo oferecidas pelo Governo da Venezuela a estudantes de outros países. Gabriel iniciou o curso de medicina mas afirma que o curso versava sobre doutrinação comunista, apresentando dentre tantos outros comunistas célebres, Manuel Marulanda “Tirofijo”, como um exemplo a ser seguido. Na reportagem ele prova, através de apostilas, aquilo que denuncia. Gabriel abandonou o curso mas quando foi se queixar, passou a ser perseguido a ponto de ter que deixar a Venezuela. De volta à Colômbia a perseguição prosseguiu e hoje ele vive no Canadá como exilado político.

Não há, portanto, qualquer dúvida de que Chávez e as FARC são parceiros e cúmplices, que seu ingresso no MERCOSUL é nocivo aos interesses nacionais, e que o depoimento de Ledezma, que acabou propiciando esta adesão, foi feita com base em métodos aprendidos com as FARC.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".