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quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Além da maleta - casal Kirchner e a grana de Hugo

Fonte: DIÁRIO DO COMÉRCIO


Não é mais novidade que Buenos Aires é um aliado de Chávez e que a corrupção política está disseminada no governo argentino. Mas a revelação de sua extensão e de sua relação com os escalões mais altos do poder indica que o casal Kirchner vai enfrentar sérios problemas.


Alvaro Vargas Llosa - 25/10/2009 - 19h28

Entre agosto e dezembro de 2007, a América Latina ficou intrigada com um melodrama político envolvendo uma maleta com US$ 795.550, confiscada depois de um voo particular – que transportava autoridades argentinas e venezuelanas– aterrissar em Buenos Aires, no meio da noite.


A questão virou um famoso caso judicial em Miami, com acusações feitas a agentes venezuelanos de tentarem forçar um empresário a assumir a culpa pelo dinheiro clandestino e encobrir a história verdadeira por trás da maleta – uma contribuição de Hugo Chávez para a campanha de Cristina Kirchner, na ocasião uma candidata procurando suceder seu marido como presidente da Argentina.


Havia apenas um homem que poderia contar a história completa, porque era a única pessoa que entendia o roteiro labiríntico, e foi também o único que falou com muitos dos protagonistas, viu a maioria dos documentos e investigou as raízes do evento de 3 de agosto de 2007: Hugo Alconada, o jornalista que cobriu a saga pelo jornal argentino
La Nación.


Seu livro, "Los secretos de la valija", tem implicações sérias. Alejandro Antonini, o empresário venezuelano (também cidadão dos EUA) que estava carregando a maleta, foi um agente involuntário do governo da Venezuela. Não era para ele estar naquele voo – realizado na véspera de uma visita presidencial de Hugo Chávez a Buenos Aires – mas foi convencido a subir no avião por pessoas envolvidas com a PDVSA, a gigante petrolífera da Venezuela, que tinham feito negócios com as autoridades argentinas e iam voltar com elas para a Argentina.


Antonini aceitou porque estava tentando fazer há certo tempo um contrato de negócios com um dos outros sete passageiros, um agente de Kirchner. Ao chegar a Buenos Aires, e aparentemente sem saber sobre o conteúdo da maleta, o empresário ajudava uma mulher que também estava no voo a carregá-la pela alfândega, quando foi parado. Outra maleta, contendo mais de US$ 4 milhões, passou.


Apesar das autoridades venezuelanas e argentinas terem lhe garantido proteção, Antonini fugiu para Miami. Logo depois, os agentes de Chávez lhe revelaram a origem e o destino verdadeiros do dinheiro, confirmando o que um funcionário da PDVSA tinha lhe dito em Buenos Aires. As ameaças e as tentativas de suborno dos agentes para que Antonini os ajudasse no encobrimento foram gravadas pelo FBI, com o qual o empresário estava colaborando.


As implicações do fato para Caracas são óbvias. Esse caso é uma forte prova de que Hugo Chávez está empregando o dinheiro do petróleo de seu país para subornar outros países a apoiar seus objetivos revolucionários internacionais.

As implicações para a Argentina são ainda mais reveladoras. Não é mais novidade que Buenos Aires é um aliado de Chávez e que a corrupção política está disseminada no governo argentino. Mas a revelação de sua extensão e de sua relação com os escalões mais altos do poder indica que o casal Kirchner vai enfrentar sérias investigações se a oposição vencer as próximas eleições – um fato que joga luz nos últimos movimentos autocráticos do casal, incluindo a aprovação que vai garantir poderes extraordinários do governo sobre a mídia.

A lei foi aprovada depois da derrota de Kirchner nas últimas eleições legislativas e antes de o novo Congresso , no qual a oposição terá o controle – assumir em dezembro.


Há poucas semanas, jantei em Buenos Aires com Francisco de Narváez, o homem que derrotou a lista de candidatos do ex-presidente Nestor Kirchner nas eleições legislativas. Narváez mencionou que a lei da mídia era muito mais do que um movimento contra estações de rádio e TV críticas. Era parte de um esforço para subverter o Estado de direito, a partir do governo, para impedir uma sucessão democrática em 2011.

Observando o desespero com o qual o casal Kirchner (que atribuiu o caso da maleta a um complô dos EUA contra um país anti-imperialista soberano) procurou emascular a mídia antes do próximo Congresso assumir, pode-se ver que a suspeita de Narváez não é um conto de fadas.


Uma reflexão final: durante a primeira parte do reinado Kirchner, por causa do delicado contexto político e econômico da chegada deles aos poder e por conta do estilo autocrático com o qual operavam, poucas organizações ousaram confrontar as autoridades. A mídia argentina, em particular, foi na maioria das vezes menos vigilante do que se podia esperar. O livro corajoso de Alconada, conclusão de uma exaustiva pesquisa de dois anos, serve como uma reabilitação da profissão em seu país desolado.


Alvaro Vargas Llosa é associado sênior no Independent Institute e o editor de "Lessons from the Poor".

Tradução: Rodrigo Garcia

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".