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terça-feira, 4 de novembro de 2008

GRUPOS GAYS USAM DOAÇÕES PARA SE TORNAREM FORÇAS NAS ELEIÇÕES

PAPÉIS AVULSOS do HEITOR DE PAOLA



JEREMY W. PETERS               


do New York Yimes

 


A cidade de Rochester e seus subúrbios ao longo do Lago Ontário podem parecer um foco improvável para o movimento nacional pelos direitos dos gays.


Contudo, muitos dos filantropos que financiaram causas gays por todo o país derramaram dezenas de milhares de dólares no mês passado na campanha ao Senado Estadual de Rick Dollinger, um Democrata e aliado da comunidade gay. Dollinger concorre contra o atual senador republicano, Joseph E. Robach, cujo distrito inclui Rochester.


Dollinger não é o único beneficiário da generosidade da comunidade gay nestas eleições. Do condado de Suffolk em Long Island aos subúrbios de Buffalo, cheques de doadores de lugares distantes como West Hollywood, Denver e Chicago têm sido despejados nas campanhas de candidatos Democratas ao Senado, dando uma dinâmica surpreendente à batalha de expulsar Republicanos de seus últimos cargos de poder no governo estadual .


Em um sinal do quão central Nova Iorque tornou-se no esforço de fortalecer os direitos civis para gays e lésbicas, grandes grupos de defesa como o Human Rights Campaign  [[1]] e arrecadadores ligados à riquíssima Gill Foundation – um grupo filantrópico – estão envolvidos seriamente neste esforço.


 “A comunidade gay institucional está investindo muito, muito nisto”, disse Tom Duane, um senador Democrata de Manhattan que foi uma das primeiras autoridades abertamente gay eleita no Estado em 1998. “Acho que todo mundo acredita que este é o ano para Nova Iorque. É isto aí, e todo mundo vai ter de aceitar”.


Com os Democratas estando a apenas duas cadeiras de obterem a maioria no Senado, defensores de gays e lésbicas acreditam que legalizar o casamento homossexual em Nova Iorque está aos seus alcances. A Assembléia Estadual aprovou uma lei no ano passado que permitiria casamentos homossexuais. Contudo, o Senado, controlado pelos Republicanos, recusou colocá-la em votação. O Governador David A. Paterson , um forte aliado de gays e lésbicas, disse que sancionaria a lei.


Em Nova Iorque, estado que reconhece casamentos homossexuais realizados em outros Estados, defensores de gays e lésbicas vêm uma oportunidade de vitória que lhes escapou em outros lugares. Em estados que permitem casamentos entre pessoas de mesmo sexo, são os tribunais, não os Legislativos, que concedem a autorização legal.


A atenção que o movimento de direitos dos gays está direcionando às campanhas eleitorais ao Senado Estadual é apenas um elemento de um combate de alto nível pelo controle da Casa. Os Democratas recrutaram grandes doadores como George Soros, o investidor bilionário que doou para o Partido no estado e aos candidatos democratas ao Senado pelo menos US$ 82 mil. Até mesmo Anna Wintour, editora da Vogue Magazine, doou US$ 2 mil ao candidato democrata ao Senado no condado de Suffolk, onde ela tem uma casa.


Longe de alardear seu envolvimento, os grupos pró-gays tem ficado bastante quietos sobre seu papel nas campanhas para o Senado por medo de atraírem a ira dos conservadores. Mas uma olhada na prestação de contas de campanha mostra que os defensores dos homossexuais tem se tornado uma força discreta e potente nestas eleições.


Somados, grupos pró-gays e doadores a eles ligados deram um total de, no mínimo, US$ 480 mil neste ano para candidatos Democratas ao Senado e para fundos de campanha controlados por Democratas, de acordo com as últimas prestações de contas disponíveis. A maior parte deste dinheiro foi doada no mês passado e direcionada a uma série de campanhas acirradas, conforme demonstram as prestações de conta de campanha.


Tim Gill, empresário e filantropo de Denver que fundou a Gill Foundation, é responsável por pelo menos US$ 114 mil deste valor, com a sua maior doação, de US$ 50 mil, feita em abril para o Comitê Democrata do Estado de Nova Iorque. Isto coloca Gill entre os maiores doadores para o partido estadual neste ano.


O braço nova-iorquino do comitê de ação política do Human Rights Campaign doou US$ 63.525,00 a candidatos ao senado democratas. Do montante, apenas US$ 9,5 mil não foram doados nas últimas quatro semanas.


Todos estes valores devem certamente aumentar nesta semana, quando a última parte dos relatórios de prestação de contas for apresentada e as doações de outubro vierem a público.


Pelos padrões das eleições federais, estes números podem parecer pequenos. Contudo, um candidato ao Senado Estadual em Nova Iorque gasta, em média, apenas em torno de US$ 500 mil na sua campanha.


Ao nível local, o Empire State Pride Agenda, um grupo que luta por direitos iguais em favor de gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros de Nova Iorque, também tem discretamente despejado dinheiro em campanhas ao Senado – pelo menos US$ 43.650,00 até o momento. E o grupo deu US$ 25 mil tanto para o Partido Democrata Estadual como para o Working Families Party, que está trabalhando para derrotar os Republicanos nas campanhas para os legislativos estaduais.


Assim como a campanha ao Senado é uma oportunidade para os Democratas garantirem mais influência em Albany (Capital do Estado de NY), é também uma oportunidade para que a cada vez mais influente Empire State Pride Agenda marque seu território na política estadual. Legisladores estaduais e políticos mais experientes disseram que não se recordam de outra época em que o grupo tivesse mais força.


“Não resta dúvida de que nos últimos anos a Empire State Pride Agenda tenha aumentado e ficado mais sofisticada e tenha se tornado uma player na política de Nova Iorque”, disse Eric T. Schneiderman um senador estadual democrata que representa o Upper West Side. “Ela é uma das mais eficazes organizações que existem no que diz respeito à defesa desses interesses”, disse ele numa entrevista.


Num evento de arrecadação de fundos na semana passada em Midtown, a Pride Agenda disse que levantou US$ 1,1 milhão – parte do valor seria utilizado nos últimos dias antes das eleições para fazer campanha contra os senadores republicanos.


A Pride Agenda, assim como muitos outros defensores dos gays que estão contribuindo para derrotar senadores republicanos, não quis comentar o assunto para este artigo. Alan Van Capelle, diretor-executivo do grupo, não retornou o telefonema que demos buscando um comentário seu.


Um porta-voz da Gill Foundation, Fred Sainz, não retornou as várias ligações telefônicas que fizemos para obter mais detalhes sobre o envolvimento dos mantenedores da fundação que apoiaram candidatos democratas aos Senados neste ano.


A relutância é compreensível, disseram parlamentares e consultores políticos que conhecem os esforços dos doadores, haja vista o potencial de ocorrer uma reação conservadora. E grupos gays não podem se expressar demais porque correm o risco de colocar contra si senadores republicanos moderados que poderiam eventualmente vir a apoiar uma lei a favor do casamento homossexual.


O envolvimento de grupos e doadores de fora do estado permite aos republicanos caracterizar os apoiadores dos democratas como desconhecedores do nova-iorquino comum. Os republicanos têm aproveitado esta chance até este momento.


John McArdle, porta-voz dos Senadores Republicanos, disse que a “agenda nacional da esquerda” não encontra espaço na corrida pelo senado nova-iorquino. “A agenda deles pode não ser aquela com que as pessoas na área central ou oeste de Nova Iorque, ou em Long Island ou, em muitas casos, na Cidade de Nova Iorque, compactuam”.


Tradução: Marcel van Hatten





NOTA DO EDITOR DO SITE: 

[1] O Movimento é tão forte e meticuloso que tem uma tabela na qual atribuem pontos aos Congressistas.



Publicado no NY em October 26, 2008

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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