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segunda-feira, 5 de maio de 2008

Lições da crise colombiana II – Próximo alvo: Peru

Do portal MÍDIA SEM MÁSCARA
por Heitor De Paola em 05 de maio de 2008


Resumo: Um novo componente na grave situação vivida pela América do Sul: os interesses do bilionário George Soros.

© 2008 MidiaSemMascara.org

A estratégia para desestabilização interna

Como já disse em artigos anteriores sobre o cerco à Colômbia (O cerco à Colômbia I e II) e Graça Salgueiro deixou bem claro no seu último artigo, com a eleição de Lugo no Paraguai resta somente as Guianas, Colômbia e Peru para a América do Sul ser conquistada completamente pelo Foro de São Paulo. Mas não falta muito tempo. O cerco à Colômbia segue cada vez mais apertado com inúmeras denúncias de ligações parlamentares vinculados a Uribe com paramilitares de direita, e o caminho para o reconhecimento das FARC como “força beligerante”, não mais um bando de guerrilheiros e terroristas narcotraficantes, teve significativos avanços recentemente. A capa do Diário VEA, pasquim “bolivariano” de distribuição interna na Venezuela diz tudo (note-se que Bachelet não é retratada; será que não confiam nela?):

http://www.lapatriagrande.net/011_frevemun/fnbr/diario_vea.htm

Quem afirma que o Peru é o próximo alvo é Evo Morales, em entrevista para o diário argentino Crítica. Depois de comentar a vitória de Lugo e perguntado qual seria o novo passo, respondeu: “El siguiente paso es Perú y Colombia”. Morales prepara-se para enfrentar no próximo domingo (ontem) o referendo autonômico do Departamento de Santa Cruz. O documento é uma proposta federalista e não separatista como é apresentado por Morales. Em violento discurso ontem, 29/04, na sede da polícia de Santa Cruz de la Sierra, Morales chamou o povo a defender a “unidade nacional com inclusão social” . Faço um chamado ao povo, às suas instituições, às suas autoridades e aos movimentos sociais para trabalharem pela unidade nacional, pela igualdade de nossas famílias (...) o diálogo deve se centrar em temas que apontem para resolver as necessidades do povo e não apenas de alguns (...) e atender às demandas históricas dos que sempre foram marginalizados pelos governos passados. Através de seu Chanceler David Choquehuanca, de visita a Cuba, mandou recado de que não acatará o resultado do referendo.

Apesar de clamar pela unidade e integridade territorial não hesitará em permitir, “se necessário” – isto é, se perder o referendo -, a entrada maciça de tropas venezuelanas em Santa Cruz, como foi noticiado por El Diário Exterior. Para a oposição o referendo autonômico é a desculpa perfeita que necessita Morales para justificar, perante a opinião pública, a presença de soldados chavistas e elementos da Frente Francisco de Miranda, uma brigada juvenil paramilitar tri-nacional de ação rápida (Cuba-Venezuela-Bolívia) para a defesa pelas armas – possui fuzis de assalto Kalashnikov - da revolução em seus países. Fundada em 2003, em cerimônia presidida pelo atual Vice-Presidente boliviano Álvaro García Linera, se apresenta como uma força anti-imperialista, disciplinada, dinâmica e organizada, fundamental na luta para erradicar a pobreza em todas as suas manifestações e alcançar a igualdade social na Venezuela. Para entender melhor seu significado deve ser assistido o vídeo do discurso de Chávez no 3º aniversário e a doutrinação de crianças para o que chamam de sementeira do homem novo bolivariano.

O CERCO AO PERU

Segundo informa Mary Anastasia O’Grady, Editora para as Américas do Wall Street Journal (Friends of Terror in Peru, 28/04), na última quinta-feira o Parlamento Europeu retirou o Movimento Revolucionário peruano Tupac Amaru (MRTA) da lista de grupos guerrilheiros. O Deputado peruano Rolando Sousa, Presidente de um sub-comitê do Congresso para examinar as atividades do Movimento Bolivariano no país, entrevistado por ela há dez dias, fez revelações estarrecedoras (em itálico as palavras de O’Grady):

“Mr. Sousa disse que o Movimento Bolivariano de Hugo Chávez está apoiado num tripé, com duas pernas legais e uma terceira ilegal. A primeira é constituída pela ‘diplomacia’ oficial venezuelana: descontos no preço do petróleo conquistaram a lealdade de 19 países da região, além da compra da dívida argentina e a ajuda para os projetos de energia equatorianos. Tudo serve para criar dependência e estabelecer o domínio venezuelano.

A segunda é o esforço para controlar ideologicamente os sindicatos e as associações populares. Estas organizações criaram uma série de outras ‘associações sem fins lucrativos’ que, segundo Sousa, funcionam internamente como partidos políticos possuindo inclusive cargos oficiais como ‘secretário de relações exteriores’ e ‘secretário ideológico’. Os nomes dessas associações – como as ‘Casas de Alba’ (de Alternativa Bolivariana para as Américas) ou as ‘Casas da Amizade’ soam inócuos, mas seus objetivos, como as moedas, têm duas faces, uma aberta e outra fechada: abertamente elas administram clínicas de olhos, programas de alfabetização e centros de saúde administrados por médicos cubanos. Nos bastidores sua função real é a doutrinação ideológica de extrema esquerda da população mais pobre do Peru.

A terceira perna – a ilegal – é a mais perigosa. Sousa cita dois grupos: a ‘Coordenação Bolivariana Continental’ e o ‘Congresso Bolivariano do Povo’. Ambas estão recrutando e usando os elementos mais extremados – anarquistas, terroristas e esquerdistas radicais – para produzir a ‘condição de caos social’ necessária para criar a impressão de que a democracia não está funcionando. Quando isto for conseguido, as organizações populares – financiadas por ONG’s internacionais (ver abaixo) – estão a postos, prontas para conduzir os extremistas ao poder através do voto”. Pelo que se sabe estaria sendo preparada a vitória de Ollanta Humala em 2011 por via legal, ou na marra antes disto.

Esta foi a estratégia usada na Bolívia para derrubar o governo de Sánchez de Losada em 2003 e levar Morales ao poder. O mesmo está sendo tentado para derrubar Alan García e será usado contra qualquer governo democrático que se interponha aos desígnios comunistas do Foro de São Paulo, infelizmente não citado nenhuma vez por Mary O’Grady. Embora eu não tenha no momento informações acuradas, a mesma estratégia deve estar sendo desenvolvida no México e em El Salvador, e para uma eventual vitória da oposição liberal no Chile.

OS ESTRATEGISTAS POR DETRÁS DA ESTRATÉGIA

A quem interessa a desestabilização das democracias latino-americanas e sua dominação pelo “Movimento Bolivariano” e pelas FARC, além dos óbvios sócios aparentes do Foro de São Paulo? A decisão européia, embora desastrosa, foi muito instrutiva por fornecer as pistas para as ONG’s internacionais que suportam ideológica e financeiramente os terroristas e permitem seus avanços. São organizações defensoras dos “direitos humanos” financiadas por governos europeus e o que eufemisticamente se chama de “filantropos”.

O grupo peruano APRODEH (Associación Pro Derechos Humanos) foi a mais ativa junto ao Parlamento Europeu no sentido de retirar o MRTA da lista de organizações terroristas, contrariando todas as recomendações do Governo Peruano através de seu Ministério das Relações Exteriores e seu Embaixador junto ao organismo. De acordo com relatórios governamentais de 2007 a APRODEH recebe fundos da Oxfam America, da Open Society de George Soros, da John Merck Foundation, da Municipalidad de Barcelona, da Embaixada da Holanda e de uma agência governamental americana chamada Inter-American Foundation, entre muitas outras. Relata O’Grady que na última sexta-feira, 25/04, o governo peruano exigiu que a APRODEH explicasse “como sua condição de não-governamental permite que ela intervenha a favor de terroristas, como fez no Parlamento Europeu”. Ainda segundo o Deputado Sousa “uma Comissão Especial do Congresso Peruano tentará esclarecer melhor as conexões entre estas ONG’s, o Movimento Bolivariano e os movimentos terroristas peruanos”.

O’Grady também entrevistou o Presidente Alan García que disse: “Estas ONG’s anticapitalistas financiadas do exterior também desempenham um papel preponderante em bloquear todas as ações desenvolvimentistas do Governo, o que me deixa atônito e surpreso!”. O’Grady também se mostrou surpresa, “principalmente considerando o fato de que as vítimas da pobreza e da violência que esta agenda produz são os mais vulneráveis”. Duvido que algum leitor assíduo do Mídia Sem Máscara fique surpreso. Qualquer destes leitores seria capaz de dar uma aula aos dois perplexos.

NETWAR & NETWORKS

No último artigo mencionei en passant o conceito de netwar desenvolvido por John Arquilla & David Ronfeldt. Só para dar uma pálida idéia de como estas redes funcionam, tomemos um único fio da meada: George Soros, Presidente do Soros Fund Management e da Open Society Institute. Soros financia a APRODEH e tem interesses variados na América Latina, inclusive no Brasil. Ao mesmo tempo, é o maior defensor mundial da descriminalização das drogas, mantendo, entre outras, a Marijuana Policy Project (www.mpp.org/); o principal programa da MPP é a defesa do Harm Reduction Program (Programa de Redução de Danos, ver meu artigo e demais informações em www.braha.org/) que defende a livre e gratuita distribuição de seringas para drogados; as FARC são os maiores produtores e exportadores de drogas e quanto mais fácil usá-las mais venderá; as FARC são aliadas de Chávez e participam ativamente dos programas da APRODEH.

George Soros.

Além disto, Soros é intimamente ligado ao Ex-presidente Ricardo Lagos, do Chile e de seu então Ministro da Justiça José Miguel Insulza, que hoje preside a OEA (Organização dos Estados Americanos), a qual recentemente condenou a Colômbia pelo ataque ao acampamento das FARC no Equador. Recentemente Insulza convidou Soros para ser conferencista da Lecture Series of the Americas, na sede da OEA em Washington D.C. e na ocasião apresentou-o como “um grande estadista e diplomata” [2], coisas que Soros jamais foi. Noutro momento, perante uma Comissão do Congresso Americano, Insulza, provável candidato socialista à Presidência do Chile, qualificou as FARC de “combatentes irregulares”. Soros se esforça para desqualificar também as FARC como grupo de narcotraficantes, terroristas e guerrilheiros.

Há mais, muito mais conexões, mas sugiro aos leitores, para praticar, tentarem montar um quadro esquemático com as informações acima. Será muito instrutivo, para dizer o mínimo!

[1] pode ser vista em http://www.hacer.org/current/Bolivia132.php

[2] ver em http://www.oas.org/OASpage/videosondemand/home_eng/videos_query.asp?sCodigo=06-0193# e http://www.oas.org/catedra/english/video.asp

O autor é escritor e comentarista político, membro da International Psychoanalytical Association e ex-Clinical Consultant, Boyer House Foundation, Berkeley, Califórnia, Membro do Board of Directors da Drug Watch International, e Diretor Cultural do Farol da Democracia Representativa (www.faroldademocracia.org) . Possui trabalhos nas áreas de psicanálise e comentários políticos publicados no Brasil e exterior. E é ex-militante da organização comunista clandestina, Ação Popular (AP).

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".