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quinta-feira, 13 de março de 2008

O cerco à Colômbia

Do blog MÍDIA SEM MÁSCARA
por Heitor De Paola em 08 de março de 2008

Resumo: A situação estratégica da Colômbia frente aos objetivos do Foro de São Paulo - que de repente passou a existir para parte da mídia brasileira - envolve diversas variáveis, todas elas explosivas e perigosas.

© 2008 MidiaSemMascara.org

Qualquer pessoa que tenha lido a série de artigos As Raízes Históricas do Eixo do Mal Latino-Americano*, assim como vários de outros autores que aqui publicam também, poderia prever o que está acontecendo: a Colômbia, único aliado do temido – e por isto odiado – “império” americano viria a ser cercada pelo Foro de São Paulo. A Colombia faz fronteira (ver mapa) com Panamá, Brasil, Venezuela, Equador e Peru. Além, obviamente, da fronteira interna com o território em mãos das FARC com ajuda milionária do Foro como um todo; engana-se quem atribui à maluquice de Chávez o apoio aos terroristas narcotraficantes.
 
Com o primeiro tem um contencioso territorial centenário: o Panamá declarou unilateralmente a independência em 1903, por ironia da história num movimento iniciado pela companhia construtora do canal com apoio dos Estados Unidos; a Colombia só reconheceu a independência em 1921, mas até hoje os dois países mantêm uma hostilidade contida. O Brasil é governado por um dos Fundadores do Foro que ostensivamente se recusa a reconhecer as FARC como uma organização terrorista; pelo contrário, mantém relações cordiais com elas e, quase explicitamente, considera-as o governo legítimo do País. Venezuela e Equador nem é preciso falar: formam a linha de frente do Foro, junto com a Bolívia.

Esta é a razão principal para que a derrota de Ollanta Humala, no Peru, fosse sentida como um golpe profundo na organização comunista: o flanco sul ficou nas mãos contrárias ao Foro, ou ao menos neutras, de Alan García que recentemente negociou um acordo comercial com os USA e certamente não vai querer queimar suas chances. Com este flanco exposto, não seria melhor esperar? Não, e por uma razão óbvia: Uribe está com mais de 80% de aprovação e quase certamente conseguirá uma emenda à Constituição Colombiana permitindo o terceiro mandato. Com Uribe re-eleito em 2010 por mais quatro anos e em franca popularidade interna e internacional, o plano kapput!

Urgia, portanto, bem ao estilo totalitário (Hitler em 39 contra a Polônia; Brezhniev em 56 na Hungria e 68 na Tchecoslováquia) provocar algum incidente de fronteira para iniciar uma guerra numa área fortemente armada para os padrões sul-americanos. Mas esta guerrinha é tão somente mais uma cortina de fumaça para encobrir um dos verdadeiros objetivos estratégicos. Embora esta já fosse minha conclusão, cedo a autoria a Oliveiros Ferreira que escreveu: “a manobra principal era o reconhecimento das FARC como grupo ‘insurgente’, como as qualificou Chávez. Se algum Governo reconhecesse essa condição à guerrilha, seria fácil a qualquer outro reconhecer um ‘governo provisório da Colômbia Livre’. E seria possível, então, iniciar o segundo e decisivo tempo da manobra principal, que é afastar Uribe, e os que pensam como ele, da cena política, eliminando a influência dos Estados Unidos na área. (Colombia: a grande manobra, 05/03/08, em http://www.oliveiros.com.br/ie.html).

Fontes fidedignas informam desde a Venezuela que Chávez rompeu o rigoroso silêncio de radiocomunicações 72 horas após a liberação dos reféns, chamando Reyes por radiotelefone por satélite e, ao não obter resposta, insistiu, fornecendo o código de segurança de urgência que obrigou Reyes a responder. Esta violação foi fatal para Reyes, pois o Pentágono facilmente detectou o chamado e as coordenadas do local onde estava, fornecendo-o a Uribe. Foi uma perda pior do que se supõe, pois o número 1 das FARC, Tirofijo, estaria, segundo estas fontes, em estado de saúde deplorável e em risco de vida, numa fazenda venezuelana próxima à fronteira com a Colombia, onde poderia ser facilmente atingido por um ataque igual. Este seria o motivo para a mobilização de 85% dos contingentes venezuelanos para a fronteira: Chávez, arrependido, tentaria proteger Marulanda “Tirofijo”. Segundo estas fontes, no entanto, isto não passa de uma fraude para enganar suas próprias Forças Armadas sugerida pelo G2 cubano: um ataque, por mínimo que seja, faria com que Chávez incendiasse alguns poços de petróleo no lago de Maracaibo atribuindo a culpa a Uribe. Chávez se aproveitaria do conflito que se seguisse para declarar emergência nacional e suspender garantias constitucionais, implantando de vez seu Estado Totalitário e levar o preço do barril de petróleo a US$ 200.00, objetivo que já anunciou há tempos.

Minha interpretação destes fatos é um pouco diferente: num típico lance ditatorial Chávez teria entregado Reyes de propósito, com a finalidade de assumir seu lugar e bem poderia agora, provocar outro incidente contra Marulanda que o levasse a atingir a quatro objetivos: 1- reconhecimento internacional das FARC; 2- assumir seu comando; 3- estabelecer a ditadura interna; e, como Presidente da Venezuela e líder das FARC, liquidar o governo Constitucional da Colômbia e aplainar o caminho para a Grande Pátria Bolivariana, sonho de Bolívar que Chávez pretende consumar. Digo isto porque estão tentando atribuir a Bolívar ideais democráticos que ele nunca teve: sua idéia de República era ter um Presidente Perpétuo, evidentemente, Simón Bolívar!

Quando eu estava terminando este artigo recebo um Editorial de Fuerza Solidaria que reforça minha opinião. Com o título “Hugo Chávez é o verdadeiro substituto de Raúl Reyes”, Alejandro Peña Esclusa, que entende de Venezuela como poucos, refere-se ao comunicado das FARC nomeando Joaquín Gómez como sucessor de Raúl Reyes. Para Alejandro o nomeado não tem nem liderança, nem experiência política, nem as relações internacionais para exercer o cargo, e acrescenta: “o único homem capaz de substituir eficientemente a Reyes e reconstruir a capacidade operativa das FARC é Hugo Chávez” . É ele que já se converteu no principal porta-voz das FARC com um agravante: está usando o poder do Estado para pô-lo a serviço dos criminosos. Chávez goza de imunidade e controla as instituições do Estado.

Tal desenvolvimento seria impossível se o principal aliado de Uribe não tomasse a mesma atitude branda, ambígua e covarde que já vem tomando em relação a Israel: ofereceu um tratado de livre comércio, quando deveria ter ordenado imediatamente o deslocamento de um porta-aviões da base de San Diego – ali perto, para a velocidade destes monstros marinhos – mandado armas em profusão e deixado claro que se a Colômbia for atacada os EUA enviarão tropas para defendê-la e invadirão a Venezuela. Uribe deveria ir a Israel aprender como um País convive com “grupos insurgentes” lançando foguetes Kassam todos os dias e a hipócrita “comunidade internacional” finge que não vê. Mas se Israel revida, sai de baixo! É protesto de tudo quanto é lado, a Condoleezza vai lá e inicia um novo “processo de paz” e outro “encontro de alto nível” nos jardins da Casa Branca e o ciclo se repete ad nauseam. Lá também tem um Foro: a Liga Árabe!

A guerra assimétrica usando o terror contra países é parte da guerra da quarta geração. Mas esta já é outra história.

* * *

Falando no Foro de São Paulo: o que deu para a mídia chapa branca desandar a falar nele, cuja existência vem negando há anos? Ora, ele não é mais necessário e está em vias de extinção; para que serve um organização clandestina se a quase totalidade dos países do Continente já estão oficialmente nas mãos de seus mentores? Então, agora pode falar à vontade!
 
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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".