O COYOTE
Esta entrada foi publicada em 19/05/2012, in OPINIÃO.
POR EWERTON ALÍPIO
A se confiar no que papaguearam os organizadores e participantes do Seminário Nacional Balanço do Socialismo no Século XX, realizado nos dias 10 e 11 de maio na Biblioteca Central Zila Mamede, UFRN, estamos na antessala da Revolução Socialista. Auditório abarrotado de marxistas de diferentes matizes e de companheiros de viagem. Atmosfera de agitação e propaganda. Para o Prof. Dr. Gabriel Eduardo Vitullo (UFRN), “essa presença massiva e maciça (sic) confirma que o socialismo não está morto”. O expositor Michel Zaidan Filho (UFPE) afirmou que se sentia “mais da casa do que fora”. Bem, seria natural que o Prof. Dr. pernambucano se identificasse mais com a súcia de docentes e estudantes comunistas presentes no tal Seminário do que, por exemplo, com os freqüentadores da “Missa de São Pio V” em Recife. Da programação só acompanhei duas Mesas Redondas, pois não tenho 18 anos e não sou mais universitário. Na Mesa Redonda que começou às 18h do dia 10, o professor Zaidan disse que o eurossistema engendrou “fundamentalismos, xenofobia e fortalecimentos de partidos direitistas”, deixando de lado os casos de imigrantes que desprezam as leis dos países que os acolheram e os crimes de violação praticados por muçulmanos — a mídia controlada e politicamente correta sempre abafa a origem dos violadores. Ele observou que o modelo macroeconômico adotado pelo PT promove a “inclusão por meio do consumo e não através das políticas públicas, da melhoria dos serviços públicos”, e acrescentara que “o consumismo gera inflação”, ignorando (?) o feijão com arroz sobre a questão. Professor, a inflação de preços é um fenômeno essencialmente monetário, o qual é resultado do galopante aumento da quantidade de dinheiro e de crédito sem lastro em poupança real. E a moeda adicional emitida produz receita pública e — tudo o mais constante — é canalizada para consumismo, que é efeito e não causa da encrenca. De acordo com Milton & Rose Friedman
A inflação ocorre quando a quantidade de moeda sobe muito mais rapidamente do que a produção, e quanto mais rápida a elevação do volume de moeda por unidade de produção, maior a taxa de inflação. Provavelmente não há outra proposição em Economia que seja tão comprovada como essa.
Já o Prof. Dr. José Antonio Spinelli cometeu o disparate de caracterizar a era leninista como motivadora de um “florescimento das artes” sem precedentes. Como é que é, Dotô? Então as obras imortais de Púchkin, Dostoiévski, Turguêniev, Tchekhov,Tolstói e Tchaikovsky foram impulsionadas pela Revolução Bolchevique???
A Mesa Redonda da tarde do dia 11 foi constituída por alguns expoentes locais dos mais proeminentes partidos canhotos. Sobre as crises do Subprime e do Euro, Dário Barbosa (PSTU) consignou que todos os subsídios, programas de estímulo e de resgates financeiros estatais “mostram que dinheiro não falta”. Ora, Barbosão, economistas, investidores e parlamentares de linhagem liberal-conservadora como Jim Rogers, Peter Schiff, Philipp Bagus e Ron Paul são contrários a esse capitalismo sem riscos e de compadres. Além disso, o dinheiro para os pornográficos planos de resgate foi obtido a expensas de mais endividamento dos governos ou foi criado pelos bancos centrais a partir do éter, do nada, como um tipo de creatio ex nihilo.
Fernando Mineiro (PT) deu-se por satisfeito em resumir o “Socialismo Petista” — por óbvio, não houve necessidade de se mascarar o projeto subversivo do seu partido, haja vista a patente hostilidade do público ao conservadorismo. Pré-candidato a prefeito de Natal pela Frente Ampla de Esquerda, o Prof. Robério Paulino (PSOL) salientou que a industrialização da URSS, encabeçada à época por Stálin, foi mais rápida do que a própria… Revolução Industrial! A Rússia avançou “100 anos em 10”, em contraste com o Reino Unido, que precisou de 300 anos para desenvolver sua indústria pesada, meu Deus! Muito bem, Prof. Cavalgadura, após a invenção do motor a vapor, da iluminação de rua, da divisão do trabalho etc. é “fácil” progredir “100 anos em 10”. Ademais, capitalistas norte-americanos forneceram aos soviéticos a tecnologia para desenvolvimento de seu potencial industrial. A propósito disso, o pesquisador Antony C. Sutton provou que a firma do arquiteto Albert Kahn estabeleceu a pedra angular do primeiro Plano Qüinqüenal do período stalinista.
Em linhas gerais, os palestrantes e expositores definiram a formação econômico-social da URSS como “ditadura bonapartista” e “sociedade de novo tipo”, na qual “formas capitalistas conviviam com uma ditadura burocrática”. Segundo Vitullo e Spinelli, “socialismo de caserna” e “socialismo autoritário” são oximoros. Numa semântica sui generis, o socialismo chinês foi classificado como “stalinismo de mercado”. Em substância, a tônica das exposições foi salvaguardar a imagem do marxismo, sua candura ideológica. Como este colunista frisou alhures
Assumir a responsabilidade pelos seus atos e pelas consequências deles é contrário à lógica da mentalidade revolucionária. Uma frente, uma coalização de organizações comunistas faz a revolução num país, toma o poder, implanta o regime socialista, mata milhões de fome e inanição, reduz o país à miséria. Como é bem sabido, isso aconteceu na URSS stalinista. Daí os trotskistas dizem: “Ah, isso não foi o socialismo. Foi um capitalismo de estado, um capitalismo militar. O socialismo é gostoso, essa merda não era socialista”. Afinal, cada militante tem a tendência de enxergar só no seu o verdadeiro partido comunista do universo, de considerar que todos os revolucionários estão em sua própria seita de elite.
Infelizmente não existe na UFRN uma Frente Liberal Roberto Campos. E nem integralistas, anarcocapitalistas, neocons., monarquistas ou ativistas da TFP. Só há esquerda fundamentalista e direita da esquerda — leia-se aqui social-democracia.
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