LUCIANO AYAN
Segue um nova rodada do embate entre eu (Luciano Ayan) e Jairo Filipe, do blog Arquivo Reaccionário.
Noto que tendo se esgotado o arsenal argumentativo dele, restam a Jairo apelações como repetir “atenção, gente, notem que ele é alguém que diz que ‘não está nem aí’ para os bebês”, tentando jogar com a emoção da platéia. Deixarei para, no momento adequado, explicar o motivo da expressão “não estou nem aí”.
O último texto dele em oposição aos meus argumento é “Luciano Ayan, o mentiroso”.
Vamos, como diria Jack, o Estripador, por partes:
Não quero saber se a vida humana passar a ter o valor de uma pedra. A legalização do esquartejamento e matança de bebés não me incomoda e quero o direito à eutanásia. Sou um poderoso inimigo da Esquerda porque defendo o livre-mercado e impostos baixos…
Acima, é uma tentativa de se parodiar meus textos. Entretanto, ele ainda não entendeu que eu jamais afirmei ser um inimigo da esquerda por defender livre-mercado e impostos baixos. Na verdade, sou um inimigo da esquerda por defender o ceticismo em relação à religião política, e portanto o ceticismo em relação ao homem. Isso implica em suspeitar do ser humano quando este alega ter “causas nobres”, “criação do mundo justo” e coisas do tipo. Também implica em suspeitar do ser humano quando este diz que só poderá levar a frente suas implementações quando tiver o poder em mãos, seja em um estado inchado como em uma ditadura do proletariado. Nota-se que o início do texto de Jairo não é nada promissor…
Basta imaginar alguém que se beneficie mentindo sem ser apanhado, para a dita “explicação científica da valorização da verdade” ser refutada. Essa explicação também serviria para explicar a valorização da mentira. Se o que interessa é a SOBREVIVÊNCIA, então o darwinista Luciano Ayan não pode negar que a mentira tem valor igual ao da verdade. Aliás, é impossível um darwinista defender qualquer coisa como o melhor para sobreviver é… Tudo depende das circunstâncias e dos indivíduos. Por exemplo, uma tribo que use mentiras para enganar e obter vantagem sobre uma tribo rival.
Aqui novamente ele se perde, como não poderia deixar de ser. Em uma investigação técnica (não necessariamente darwinista), é verdade que uma tribo que use mentiras e o logro para ludibriar uma tribo rival leve vantagem, mas ao mesmo tempo a tese darwinista não faz juízos de valor a respeito do uso ou não da verdade em termos de aptidão evolutiva, pois a mesma característica de apreço pela verdade continuaria existindo nos habitantes das duas tribos.
O que o darwinismo explica é como esses componentes foram úteis ao longo do tempo para a espécie humana, e como eles foram selecionados através do tempo.
Quando ele usa a expressão “se o que interessa é sobrevivência”, novamente faz um erro de conceito gravíssimo. Na verdade, falamos em sobrevivência de uma espécie sobre a outra, de um grupo sobre outro, de um indivíduo sobre outro e daí por diante. O darwinismo, ao invés de visões mais dogmáticas como as de Dawkins ou E.O. Wilson, é visto na perspectiva multi-nível.
Ora, se alguém é capaz de sacrificar sua vida para salvar alguém que está morrendo, esse pode ser o exemplo de uma característica (“alto altruísmo”) benéfica para a sobrevivência da espécie humana. Ao mesmo tempo, se alguém é capaz de sacrificar sua vida por um dogma, sendo no caso a aceitação de valores fundamentais mesmo que estes o levem para a pena de morte, essa é uma característica a ser estudada do ponto de vista darwinista.
Quando ele diz “Basta imaginar alguém que se beneficie mentindo sem ser apanhado, para a dita “explicação científica da valorização da verdade” ser refutada”, isso não tem a menor lógica, pois isso só provaria que a capacidade de ludibriar, assim como de dizer a verdade, é inerente à espécie humana.
O erro de Jairo é achar que os componentes existentes na espécie humana são auto excludentes, portanto se alguém é capaz de dizer mentira, não pode dizer verdade, ou se alguém é capaz de ser predador, não pode ser empático.
Isso é coisa que fica engraçada em filmes do Jim Carrey (aproveitando a deixa dele ter usado uma imagem do ator), mas não cai bem em um debate sério.
Portanto, se Jairo quer convencer a platéia de que “O Luciano tem uma explicação para a busca da verdade do ponto de vista darwinista, portanto não deve ser confiável, creiam em mim, não creiam nele”, que fique claro que isso é um truque que não funcionará por aqui.
Eu não disse que o Luciano estava excluído de escrever, argumentar ou o que valha. Apenas conclui que, em função dele ter dito que o ser humano é nada mais que um animal predador, essas suas actividades teriam de ser interpretadas como a manifestação de um animal lutando pelos seus interesses particulares, e não NECESSARIAMENTE interessadas ou focadas na verdade.
Talvez por não gostar de minha análise darwinista, o Jairo não tenha mais lido este blog. Acontece. Mas isso não justifica erro tão grotesco como o acima, pois essa é uma objeção que este blog já tratou extensivamente.
Enfim, vamos lá, de novo, e de forma bem didática: não importa se você crê em Deus, ou se não crê, não importa se você crê no darwinismo ou não, o que importa é: “seus argumentos passam em um crivo cético ou não passam”. É possível que não passem mesmo que você se declare o crente religioso mais fiel que existe.
O que Jairo tenta é um self-selling baratíssimo, ao tentar dizer que o oponente dele, ao reconhecer que é não mais que um animal predador (como o são todos os demais humanos), não é “confiável”, fazendo um apelo à platéia. É exatamente para desmascarar truques deste tipo (tão comuns aos esquerdistas em geral) que este blog foi criado.
Jairo provavelmente se acostumou a ganhar debates em que implementava um rótulo no oponente e a partir daí não precisava mais argumentar. Mas este truque é exatamente o que é investigado aqui.
Abaixo, ele tenta distorcer minhas citações sobre empatia, fingindo que eu a usei como “apelo emocional”.
Invoca a sua “empatia” para justificar esses abortos.
Mentira deslavada. Na verdade, eu não citei a empatia (que não rotulei como “minha”, mas da espécie humana no geral, a não ser os psicopatas) como justificativa para aborto, mas como justificativa para NÃO QUERER abortos ocorridos em estágios avançados de gravidez. Quer dizer, tal qual visto em minhas investigações contra os esquerdistas, Jairo tira TOTALMENTE minha frase do contexto e atribui a ela um significado que nem de longe eu pensei para então criticar esse significado.
Isso, logo de cara, já refuta a idéia de que ele “é mais confiável, pois se acha mais que um animal predator, e realmente crê na busca da verdade, me comprem”. Pois é, deu para notar por que ele se importa tanto em “se vender” antes de começar o debate.
Mais abaixo:
-Ele disse ser a favor do aborto (em algumas circunstâncias.)
-Ele confessou não ter um bom argumento a favor do aborto.
-Ele define-se como nada mais que um animal predador.A minha conclusão: um animal predador não precisa NECESSARIAMENTE de argumentos, nem de verdade, para ser a favor de algo. Basta que esse algo lhe seja particularmente útil para sobreviver. Se o Luciano não entende o que significa NADA MAIS QUE, isso não torna a minha conclusão numa falácia.
Lá vamos nós de novo ter que ensinar um pouco sobre ceticismo para este rapaz. Não importa se eu “preciso ou não de argumentos”, o que importa é se eu trago argumentos bons ou não trago, se eu digo mentiras ou não digo, se eu uso fraudes ou não uso.
Jairo está, assim como a cadelinha manca que já citei, provavelmente tão acostumado a receber elogios de seus adeptos pelo uso do self-selling que quer ganhar a contenda antes do duelo de argumentos começar.
Aliás, eu já ganhei um bom argumento para o aborto nos estágios preliminares da gravidez, como bem lembrado pelo leitor Leo: “Alonzo Fyfe defende que os desejos são as únicas razões para agir. Grosso modo, no caso do aborto, a partir do momento que o feto passa a ter desejos (como desejo de viver, aversão à dor, etc..) o aborto é imoral por frustrar esses desejos. Os desejos do feto, quando existem, são as razões reais para não se abortar. “
Pronto. Gostei deste argumento.
E quem disse o contrário? De facto, podemos constatar que a mentira pode ser útil. É verdade. Pode. E se alguém se define como nada mais que um animal predador, também podemos concluir que para essa pessoa obter vantagens e prejudicar outros com mentiras não é um problema moral, mas um mecanismo de sobrevivência útil e permitido. Esse tipo de pessoas, que assumem ser animais predadores, não são de confiança. É óbvio. Nem preciso fazer qualquer juízo de valor moral.
Tradução: “Ei, platéia, o Luciano é darwinista, e se define como nada mais que um animal predador, mas eu sou muito mais que um animal predador. Ele acha portanto que obter vantagens e prejudicar os outros não é um problema moral, mas eu não acho, portanto não quero obter vantagens e prejudicar os outros. Eles, que assumem ser animais predadores, não são de confiança. Eu assumo que não sou, portanto sou de confiança. Me compre”.
É com este tipo de palhaçada acima que o Jairo quer vencer debates. Notem que até o momento:
- Foi feito um estudo de como surgiu a busca pela verdade na espécie humana (ele tomou como se eu tivesse falado de vontades individuais, tomadas em nível racional)
- Neste momento, eu reconheci como surgiu o apreço do ser humano em observar a verdade praticada por outros (ele maquiou isso para dizer que era o surgimento da decisão racional de dizer uma verdade)
- Ele passa a usar o truque de dizer “quem defende essas idéias científicas, gente boa não é”
- Ele diz algo que pode ser traduzido como “Eu sou contra essas idéias, sou gente boa, me compre”
Mas, de novo, somente para evitar confusões, repito. A constatação de que o ser humano não é nada mais que um animal predador (e o fato de ser empático, valorizar a verdade vista nos outros e demais atributos não diminuem esse instinto preador) é uma constatação sobre a espécie humana, não sobre indivíduos em particular. Jairo tenta iludir a platéia fingindo que eu disse que essas são constatações sobre indivíduos em particular (no caso, eu). É mais ou menos como estudarmos uma característica presente nas doninhas e ele tomar isso como se fosse o gosto por ouvir uma banda específica de rock.
Em resumo, a análise darwinista não faz juízo de valor algum em como devemos proceder no debate. Ele maquia tudo o que eu digo para fingir que essa análise está ditando normas de comportamento para o debate, finge que essas normas são maquiavélicas e tenta convencer o leitor de que o oponente deixa de ser confiável por causa dessas duas premissas.
Acho que irritei o Jairo, a ponto dele perder todo e qualquer limite ético no debate.
Que provas temos de que ele é empático? Nenhuma. Pelo contrário, temos mais motivos para desconfiar se não será psicopata, quando revela absoluta indiferença, com risos, pela possibilidade do aborto ser legalizado.
De novo aqui ele tenta enganar a platéia fingindo que eu tentei me declarar como “empático” como se isso fosse um atributo especial. Na verdade, eu queria dizer o oposto, reconhecendo que eu sou “empático, na medida em que os seres humanos normais são”, retirando qualquer mérito em alguém ser empático. Note que ele de novo inverte o significado do que eu diz simulando algo somente para atacar o oponente.
Em relação à alegação de eu ser um psicopata, essa sim é uma alegação extraordinária, pois de acordo com estudos 3 a 4% da população é composta de psicopatas. Isso significa 1 em cada 25 pessoas. Sendo muito mais difícil alguém ser um psicopata do que não sê-lo, é Jairo que teria aí uma alegação a provar em mãos. Já, pela normalidade, somos todos seres humanos com capacidades de empatia. E isso não é, repito, nenhum mérito.
Aliás, os psicopatas são reconhecidos por sua indiferença ao sofrimento alheio. Mas eu não disse que só toleraria o aborto em estágios nos quais o bebê ainda não tivesse desenvolvido uma capacidade de sentir dor? É, Jairo, mais uma mentirinha que encontramos em vosso discurso.
Portanto, se aborto for aprovado como os “esquerdistas” querem, ou seja, incluindo abortos em que o bebé sente dor, o Luciano “está nem aí”.
Vamos de novo à minha afirmação original, cujo sentido novamente foi inteiramente distorcido por Jairo: “Se os esquerdistas defendem o aborto, eu não estou nem aí se o aborto é aprovado ou não. Não dou a mínima. Até por que não tenho mais esse direito (risos).”
Mesmo com a distorção dele, eu ainda tenho uma clarificação a fazer ao texto original. De fato, eu não estou nem aí se os esquerdistas aprovam o aborto na mesma situação em que eu aprovo, ou seja, nos estágios iniciais de gravidez. Também aprovo o aborto em casos de estupro, por exemplo, nas mesmas condições.
O que eu quis dizer é que eu não posso pautar minhas decisões em termos de “se os esquerdistas apóiam, eu sou contra”. Não é tudo que um esquerdista aprova que será automaticamente errado, assim como não é tudo que um conservador aprova que será automaticamente certo. Minha discordância em relação aos esquerdistas está em relação aos dogmas centrais que eles possuem, como apologia aos criminosos, crença no homem, apoio a totalitarismos e daí por diante.
Em resumo, até agora:
- Eu sou a favor do direito ao aborto para as crianças que estejam em estágios iniciais de gravidez.
- Esquerdistas também são a favor, e eu não dou a mínima se eles são, pois não posso pautar minhas opiniões pelas deles. Algo como “se o esquerdista mandar você não pular do prédio, pule”.
- Minha opinião é mencionada em 1 pois a partir do momento em que a criança “se apegou” à vida, lutando pela sobrevivência, e sentindo dor, por ter seu sistema nervoso desenvolvido, temos empatia por ver um ser humano indefeso sendo morto. Não há nada de especial nessa empatia, ela é normal dos seres humanos.
Qual a interpretação dele? Simples: “O Luciano não está ‘nem aí’ pro sofrimento das crianças”.
Não há debate com o Jairo. É deixar ele escrever e refutar as desonestidades.
O apelo à vaidade não é um argumento. É uma falácia emocional. Ele não me conhece, como sabe sequer se eu sou empático? Que provas tenho de que ele é tão empático como eu?
Relembrem o que eu escrevi para ele dizer o item acima: “Em termos de normalidade, eu sou empático, na mesma medida em que o Jairo é.”
Notem que eu usei a premissa “em termos de normalidade”. O que significa dizer que, se julgarmos pela média, somos todos empáticos, tirando a justificativa de alguém que quer ganhar um debate dizendo “eu sou mais empático, me compre”.
De novo, Jairo dá um sentido oposto ao que escrevi. Isso cansa, não?
Quem se define como nada mais do que um animal predador, só pode entender a empatia como um mecanismo de sobrevivência com valor moral equivalente à crueldade, outro mecanismo de sobrevivência.
Que raios tem a ver estudar a origem da empatia na espécie humana (e em outras espécies) com aumento ou diminuição no instinto empático que esta pessoa possui? Ou até melhor: com aumento ou diminuição da qualidade e veracidade dos argumentos desta pessoa?
Resposta: não tem nada a ver.
Como sempre, mais uma apelação de Jairo.
Se ele não tem problemas em ver, não significa que não haja um problema de facto. Os problemas de visão do Luciano não são a referência da verdade.
Eu havia escrito o seguinte: “Por essa empatia, eu não tenho problemas em ver uma mulher tomando a pílula do dia seguinte.”
Eu estava nesse momento explicando minha posição em relação ao aborto em estágios iniciais, e não dando um argumento para validá-lo. Ele fingiu que eu estava dando um argumento para o aborto. (Detalhe: depois do post do Leo, agora eu tenho um argumento, que antes não possuía)
Aliás, a utilidade da pílula do dia seguinte só ocorre caso a gravidez não tenha se iniciado ainda. Isso pode ocorrer em situações em que o espermatozóide ainda não chegou ao óvulo, ou até mesmo quando já tenha se unido ao óvulo, mas não tenha se fixado no útero (a nidação ainda não terá ocorrido neste caso). Mas caso o ovo já tenha se grudado ao útero, a pílula do dia seguinte não funcionará. Será que temos ainda um bebê neste estágio? Para Jairo, temos sim, e esse é um ato “realmente violento”.
Estou quase a chorar com esta manifestação de humildade ( “não estou alegando como superior em mim”) e empatia deste ser maravilhoso que não quer ver crianças indefesas serem abortadas. Pena é que esta mesma pessoa tenha escrito, como já citei acima, “estar nem aí” se o aborto é ou não aprovado…
De novo o truque de citar o “estar nem aí” fora do contexto? Já refutei isso antes.
Mas ao dizer “não estou alegando como superior em mim”, eu não estou fazendo uma manifestação de humildade. Eu estou adaptado ao paradigma de debates defendido aqui, no qual QUALQUER ALEGAÇÃO política deve passar por um crivo cético. Portanto, se eu dissesse “eu sou mais empático que meus oponentes…”, aí eu poderia ser motivo de ceticismo. É, Jairo, realmente vai demorar algum tempo para você se acostumar com os duelos céticos, certo?
O mesmo discurso de qualquer abortista ou ateísta militante. Ainda que esses princípios viessem da religião tradicional, isso não seria uma objecção. Identificar de onde vêm os princípios, não demonstra que sejam falsos. Se não matar vida humana inocente é um “princípio” que vem da religião tradicional, óptimo. Pior para o ateísmo.
Só que se os princípios vem somente da religião, isso não os torna um bom argumento contra o aborto. Dizer “eu não posso ser contra o aborto, pois a Bíblia não os quer” é, ao contrário, um péssimo argumento.
Se este “conservador céptico” nunca se especializou no debate sobre o aborto, então a prudência mais elementar obrigaria a que ele fosse contra TODO o tipo de aborto, até prova de que é possível abortar sem matar um ser humano inocente.
Essa crítica já foi “vencida”, pois agora eu adotei um argumento a favor do aborto, que é somente válido para estágios onde a criança não tenha capacidade de sentir dor. Problema resolvido.
Continuando, « Ele [ eu, Jairo] absolutamente não entendeu o contexto em que citei Schopenhauer. » Falso. Entendi perfeitamente o contexto, pois citei esse contexto. E, para que não fiquem dúvidas, reproduzo novamente as palavras do Luciano: « Eu tenho a OPINIÃO de que o aborto não é um problema, desde que a criança não tenha ainda um desenvolvimento que a habilite a sentir dor. Ou seja, não é um animal lutando por sua sobrevivência ou anseiando por ela. Na verdade, nem esse instinto surgiu ainda. Isso nos primeiros estágios de gestação. Explico. Eu sou um fã de Arthur Schopenhauer. Segundo ele, “a maior felicidade é não nascer”. Então, essa “valorização da vida a qualquer custo” nunca foi parte de minhas crenças. É assim que sou.» Conclusão: o contexto em que ele citou Schopenhauer foi para explicar a sua opinião sobre o aborto.
Errado. Eu citei Schopenhauer para citar minha característica particular de proteção ao viver, ao invés de proteção à vida a qualquer custo. É claro que, depois de algum tempo, isso pôde ser refletido em minha postura em relação ao aborto, com ressalvas. Mas não é ela que justifica diretamente minha posição sobre o aborto.
Sendo assim, quando Jairo diz que citei Schopenhauer para validar o aborto ou eutanásia, está realizando uma ampliação indevida de meus argumentos. Ele no máximo poderia ter classificado a citação como gratuita e desnecessária, dizendo algo do tipo: “Não interessam seus motivos para valorizar o ‘viver’ ao invés da ‘vida’, o que importam são seus argumentos a favor do aborto ou não”.
O truque da ampliação indevida, que foi inclusive mapeado por Schopenhauer em sua Dialética Erística, é a tentativa do Jairo em tentar vender ao público a idéia de uma “ontologia do Schopenhauer”. Infelizmente, enquanto Jairo não comprovar que a citação do Schopenhauer é DIRETAMENTE ligada ao argumento sobre o aborto, ele não poderá fazer tal associação.
Sei que ele tentou aprontar todo um circo, fazendo simulações de refutações a Schopenhauer, mas isso não funcionará aqui.
O fato é que citei Schopenhauer para mostrar que essa cultura da ‘vida a qualquer custo’ tira a capacidade de alguém levar a discussão sobre o aborto para além de alguns dogmas pré-estabelecidos. Tira a capacidade também de alguém levar a discussão sobre a eutanásia para discussão do ato em si (que pode ser um ato caridoso, em muitos casos). Simplesmente teríamos pessoas dizendo “vida é sagrada, fim de conversa”, mesmo quando ainda temos crianças que nem sequer tiveram seu primeiro espasmo de instinto de sobrevivência, e quando temos pessoas que estão pedindo “me matem, seus filhos da p… , eu não suporto mais”.
Ao contrário, eu valorizo o ato de “viver”, ao invés da valorização da vida a qualquer custo.
Ele tentou justificar logicamente que a maior felicidade é não nascer. A mesma lógica que ele usou [ vida tende para felicidade negativa + antes de nascer o saldo de infelicidade é zero = a maior felicidade é não nascer] obrigaria a concluirmos que a maior riqueza, beleza, bondade, verdade, etc, também seria… não ser.
Claro que não. A interpretação correta seria “se quisermos a garantia de uma felicidade absoluta, é melhor não nascer”. E nesse caso falamos da felicidade da pessoa em si, e dos demais que estão ao seu redor.
As extrapolações de Jairo só seriam válidas se fosse a luta pela “riqueza absoluta”, “beleza inigualável” e coisas do tipo. Nesse caso, é melhor nem nascer mesmo pois as pessoas não as terão.
O que me causa estranheza é reconhecer que Schopenhauer nesse caso estava coerente com a crença dos religiosos em Deus, pois os atributos “oni” só podem estar em Deus.
Mas a intenção de Schopenhauer era muito mais simples. Era tirar a ilusão das pessoas de que podemos “garantir felicidade”.
E, como já disse, a conclusão de que o que importa é “viver”, e não “ter vida a qualquer custo” (o que é uma consequência disso), é uma conclusão minha, que foi INSPIRADA pela leitura de Schopenhauer.
Mas eu ainda entendo que Schopenhauer é algo que Jairo ainda não consiga entender, então, para facilitar a assimilação das idéias (a não ser que o efeito backfire seja forte demais nele), que tal o diálogo entre um schopenhauriano, prestes à morrer, com seu filho, o adepto ao jairismo (chamarei assim aquele que valoriza a vida a qualquer custo):
- SCHOPENHAURIANO: Pois é, meu filho, terça-feira que vem terei meus aparelhos desligados. Enfim, estou de saco cheio, e já adquiri o direito judicialmente. Se você quiser a herança, não tente entrar com nenhuma ação judicial tentando reverter e me manter vivo mais tempo.
- JAIRISTA: Mas a vida é sagrada. É imoral interrompê-la.
- SCHOPENHAURIANO: O problema é que estou nessa cama, preso, e não posso obter uma arma. Senão resolveria o problema e estouraria os miolos. Mas como não pude, já decidi e a justiça está a meu favor. A eutanásia ocorre na terça que vem.
- JAIRISTA: Isso é inaceitável! Você tem que seguir vivo. A vida é sagrada! Eu ficarei muito infeliz se você for.
- SCHOPENHAURIANO: A vida é cheia de infelicidades, conforme-se. Não posso te garantir felicidade. O que me importa é que por causa disso, não tenho que permanecer vivo.
- JAIRISTA: Não vou aceitar. É crueldade demais você morrer.
- SCHOPENHAURIANO: Ah, véi, na boa…
Será que deu para entender um pouco da lógica? Se assim não for possível para o Jairo abstrair a idéia, nesse caso do entendimento de Schopenhauer sobre a “felicidade” humana, eu realmente desisto de explicar.
Quem invocou a felicidade, citando Schopenhauer, foi o Luciano. Eu nunca lhe pedi para ele se preocupar com a minha felicidade, e nunca colocaria em causa a preocupação que ele tem por proporcionar felicidade às mães que desejam matar os filhos. A questão é simples: o aborto é sempre a morte de um ser humano inocente; provocar o aborto é sempre errado. Há pessoas que obtêm felicidade matando bebés em gestação? Já sabia. Que um animal predador tenha empatia por pessoas com desejos homicidas ( e esteja “nem aí” se o aborto é ou não aprovado) também não me surpreende.
Aqui é só um resumo do que tem sido a argumentação do Jairo. O fato é que ele compilou seus truques em um parágrafo só, e, pior, ainda usou o perfil “jairista” que descrevi para o diálogo hipotético entre um schopenhauriano e um jairista. O parágrafo acima fica apenas como comédia.
« Jairo lança a seguinte questão: “Para o aborto ser lícito, só há duas possibilidades: ou o bebé abortado mereceu uma pena de morte, ou então não é humano.”» A resposta do Luciano foi esta miséria: « Ora, então a questão está fechada. Basta definir que o bebê merece ser abortado a partir do dia em que sua hospedeira (a mãe) não o quer mais em sua barriga. Simples assim, sendo feita uma exceção à regra em caso de estágio avançado de gestação.» Ou seja, como outra pessoa deseja que o bebé morra, o bebé MERECE morrer.(!) Será que ele entende o que significa MERECER?
Talvez pudéssemos perguntar se o bebê quer ou não viver. Poderíamos fazer alguns testes para ver se há luta pela sobrevivência, pois sabemos que a criança ainda nem desenvolveu a linguagem. Ei, esperem. A criança ainda não tem nem um sistema nervoso, portanto nem luta pela sobrevivência e nem sequer sente dor (pois isto depende da existência de um sistema nervoso). E, ao mesmo tempo, a mãe já decidiu que não quer a criança em seu ventre. Entendo que é o suficiente para a criança receber a “pena de morte”. (Aliás, o termo “pena de morte” é uma sentença aplicada pelo poder judiciário – podemos notar seu uso aqui como apenas mais uma tentativa de apelo emocional)
«Entendo que assim que a criatura humana adquire seu instinto de sobrevivência, devemos valorizar a vida humana e proibir o aborto.» Ele falou de instinto de sobrevivência. Como lhe expliquei, instinto de sobrevivência têm todos os seres vivos, a partir do momento em que são concebidos. É de la palice. Se ele acha que só há instinto de sobrevivência se houver capacidade de lutar ou reagir conscientemente à dor, nega a biologia. Quando diz que podemos abortar os fetos que não conseguem lutar e reagir à dor, faz a apologia da covardia. Matar um ser humano nessas circunstâncias é ainda mais grave.
Opa, mais uma tentativa erística aqui. Ele não demonstrou por que seria “mais grave” matar um feto que não sente dor, não reage à dor e nem sequer luta por essa sobrevivência. Aqui ele omitiu o fato de que a criança, neste caso, não tem sequer luta pela sobrevivência, pois nem tem um cérebro para direcionar essas ações. Poderíamos até aplicar a idéia reversa, em relação a alguém ser declarado como morto: a partir do momento em que ocorre a morte cerebral. E para a vida ser declarada como iniciada, o “nascimento” cerebral.
É um argumento logicamente válido: se o aborto é aceitável quando o feto não consegue lutar e reagir à dor, e sendo o aborto o acto de matar um ser humano, então significa que é aceitável matar seres humanos que não conseguem lutar nem reagir à dor. Entre os seres humanos que não consegue reagir à dor ou lutar pela sobrevivência, incluem-se seres humanos adultos, que estejam anestesiados,deprimidos, apáticos, com intenções suicidas, etc, etc.
Em relação a tentativa de ampliação indevida acima, serve o exemplo do parágrafo anterior feito por mim. Basta definir um “nascimento” cerebral, tal qual existe a morte cerebral, que essa falácia do apelo à consequência do Jairo fica totalmente inválida.
«Em relação a matar adultos com intenções suicidas? É para já. Sou adepto da idéia de que se alguém afirma que vai se matar, que isso deva ser retrucado com “eu duvido que tenha coragem”. E se a pessoa fizer, a culpa é da própria pessoa, não de quem a desafiou.» Lógico. Se é favorável ao aborto de fetos que não pediram para morrer, então não poderia deixar de apoiar e incentivar a morte de pessoas que expressam vontade de morrer. Se alguém ainda tivesse dúvidas, está definitivamente provado que o sádico Luciano Ayan, adepto de que se incentivem à morte os que têm desejos suicidas, é um adversário de quem acredita no Cristianismo.
Se vocês acharam que eu exagerei no diálogo entre o schopenhauriano e o jairista, vejam isso que o Jairo disse agora. Ele simplesmente confirma que eu não exagerei nem um pouco. Para ele, se alguém pede “por favor, me mate”, ele diz que é sadismo auxiliar essa pessoa.
O divertido é quando ele diz que eu, por causa desta postura, sou um “adversário de quem acredita no Cristianismo”. Não, não sou. Eu já disse no texto O inimigo do meu inimigo é meu amigo que sou aliado dos cristãos no caso da luta destes contra os humanistas. O máximo que pode acontecer é ver alguns de meus princípios não se coadunarem com TODOS os princípios cristãos, o que é plenamente normal… já que não sou cristão.
Se é correcto matar fetos que não lutam para sobreviver, então é correcto matar qualquer ser humano inconsciente. Não apenas os fetos, mas todos. Incluindo as pessoas que estejam a dormir.
Se em algum dia o Jairo provar que dormir causa morte cerebral…
Tomamos por princípio que o feto, caso não seja abortado vai viver e querer viver. É por isso que o abortam, para que ele não viva.
Sim, mas nem sabemos se ele vai querer viver. Aliás, ele nem tem um cérebro para tomar esta decisão, mesmo que instintiva…
Se o aborto é permitido nos casos em que não existe capacidade de dor ou de luta, então também deve ser permitido a morte das pessoas que estejam a dormir profundamente.
[obs: só rindo mesmo de tamanha bobagem]
Protótipo de ser humano?! O darwinista deve ter faltado a algumas aulas de biologia.
Essa definição se coaduna com o que falei do “nascimento” cerebral. Mas, por justiça, coloquemos a expressão “protótipo” entre aspas. Pronto, menos um motivo para birrinhas do Jairo.
« … ele [ eu, Jairo ] tenta associar os milhões mortos em genocídios como se fosse por causa da “relativização da vida humana”. Nada mais falso. As pessoas mortas em campos de concentração eram vítimas de um extermínio, e eram chamadas de periculosas.» O Luciano é um fraco ilusionista. Matar pessoas num campos de concentração, exterminá-las, não exclui relativizar o valor dessas vidas humanas. Pelo contrário, nos campos de extermínio a vida humana adquire o valor de gado.
Não. Nos campos de extermínio a vida humana adquire o mesmo valor que tinha antes, por isso os totalitários lutam para exterminá-la o mais cedo quanto possível. É o extermínio de inimigos, que, vivos, possuem valor, ao menos valor de oposição. De novo, não há nada de “relativização da vida humana” em campos de concentração. O próprio ato de exterminar os inimigos é identificar que, quando vivos, eles são considerado um problema para as intenções totalitária de quem os mata.
«Dizer que a discussão do aborto levará a idéias que gerem genocídios é uma mistura bizarra de falácia da derrapagem com apelo à consequência, totalmente injustificada.» Só nos EUA, a legalização do aborto já matou mais de 50 milhões de crianças. Se isto não é genocídio, nada é genocídio.
O genocídio ocorre pelo assassinato deliberado de pessoas por diferenças étnicas, nacionais, raciais, religiosas e políticas. Não há nada disso no aborto de uma criança. Por mais que Jairo considere errado (e eu considero errado, no caso dos estágios avançados de gravidez), não é genocídio.
Piada? O “conservador céptico”, inimigo dos “esquerdistas”, acha que a tentativa de legalização e banalização do infanticídio dos nascidos é uma piada? O infanticídio dos nascidos já está legalizado em alguns países.
Jairo tenta usar o seguinte link, que mostra a interrupção da alimentação artificial de um bebê (a pedido dos pais), para definir o infanticídio como “legalizado” em alguns países.
«Para Jairo, desligar o tubo de alimentação de Terry, a pedido dela, é um ato de homicídio. A meu ver, matá-la (quando ela pediu exatamente isso), é um ato de caridade. Neste caso, se isso é ser esquerdista, então estou do lado dos esquerdistas.» O acto de desligar o tubo de alimentação a pedido foi um homicídio. Facto. Eu considero esse homicídio um acto imoral. O Luciano, deturpando um conceito cristão equiparando-o ao sentimentalismo demagógico, considera esse homicídio um “acto de caridade”. Está do lado dos esquerdistas? Nunca disse o contrário.
Terry queria parar de sofrer, e pediu para morrer. Para Jairo, atendê-la é um ato imoral. Por que será? Talvez para manter a felicidade daqueles que querem que ela continue vida, mesmo sofrendo. Curiosamente, esta conclusão é a mesma a qual chegou um neo ateu radical, Jocax, ao definir sua meta ética científica: “Quase todo mundo foi envolvido, através da grande mídia, sobre o problema “Terry Schiavo”. Terry foi uma jovem que ficou em estado vegetativo por muitos anos e com grande parte do cérebro destruída e sem chances de recuperação. Sua tragédia ocorreu devido à falta de oxigênio no cérebro em virtude de uma parada cardíaca que, por sua vez, foi causado por um regime de emagrecimento inadequado. O ex-marido queria a retirada da sonda de alimentação que a mantinha viva enquanto os pais dela queriam mantê-la viva artificialmente apesar de sua recuperação ser, segundo a medicina atual, impossível. Vamos fazer uma abordagem deste problema ético à luz da “Meta-Ética-Científica” (MEC). A pergunta é: “A sonda que a mantinha viva deveria ou não ser retirada?”. A MEC aborda o tema sob a perspectiva da Felicidade. Que felicidade? Da doente? Dos pais? Do ex-marido? De quem? Resposta: Da SOMA da felicidade de todos os seres que são afetados de uma forma ou de outra pela decisão a ser tomada.”
Quer dizer, por “manias” que algumas pessoas possuem (de acordo com suas crenças), a liberdade dos outros até em decidir o fim da própria vida é irrelevante.
Dito isto, eu argumentei contra a eutanásia. A desonestidade intelectual é do Luciano, que ignora os meus argumentos e prefere bater na tecla de que vê a eutanásia como “acto de caridade”. Não sou eu quem pretende criar emoção na plateia. O choradinho foi dele: “A eutanásia seria praticada por médicos bonzinhos, altruístas. Um acto de caridade. Não seria homicídio, porque homicídio é um assaltante que mata a vítima….” Ora, homicídio a pedido ainda assim é homicídio. Mesmo que o Luciano diga que é um “acto caridoso”, não pode negar que esse acto necessariamente inclui uma pessoa, que mata outra.
O detalhe é que neste caso teríamos uma pessoa que mata outra a PEDIDO desta pessoa, o que é exatamente o oposto do que ocorre em um latrocínio, onde um assaltante mata alguém que quer viver. Mas, para Jairo, a opinião do dono da vida (a própria pessoa) é irrelevante. A não ser que ele utilize a idéia de que o dogma cristão diz que a vida “pertence a Deus, e só ele pode retirá-la”. Respeito essa crença, mas desde que ela não afete aqueles que não acreditam nela. Não seria mais ético agir assim?
«Ele [ eu, Jairo ] não apresentou um argumento para dizer que a eutanásia “apenas a pedido do doente” só existe na minha cabeça.» Dizer que a eutanásia apenas a pedido do doente só existe na cabeça do Luciano, não precisa de argumentos. É um facto. Se não fosse, ele teria conseguido nomear um país onde a eutanásia foi legalizada e apenas aplicada a doentes que a pediram.
Eu nomeio. Nos Estados Unidos, a eutanásia foi aplicada, e não está sendo aplicada à revelia.
« Se alguns países expandiram a prática da eutanásia, incluindo à revelia do doente, isso é um problema daqueles países, não de meus argumentos, e não há evidências de que isso foi uma estratégia praticada de forma arquitetada.» Se nunca existiu um país onde a eutanásia, depois de legalizada, se tenha limitado apenas a doentes que pediram para morrer, a afirmação do Luciano de que é “simples” implementar a eutanásia com essa limitação, é totalmente infundada. Onde está a prova, o caso, o exemplo, a demonstração, de que é “simples”?
Eu mostrei o exemplo de países que aplicaram a eutanásia a pedido do paciente, e não a converteram em eutanásia forçada. Eis que ele pode citar um país, talvez a Noruega, em que os velhinhos estão sendo mortos a sua revelia, por pedido da família ou mera decisão dos médicos. Mas não há evidências de que isso ocorreu em uma sequência na qual primeiro existiu a aprovação da eutanásia a pedido do paciente, e posteriormente veio a eutanásia à revelia.
Podemos, aliás, entende que o tipo de posição extremista de gente como o Jairo é que tem ajudado aqueles que defino como abortistas irrestritos e praticantes da eutanásia a revelia.
Se estudarmos a estratégia gramsciana (e notar por que ela obteve sucesso no Ocidente), vemos que, de acordo com a janela de Overton, os esquerdistas se colocaram na posição extrema, querendo o aborto em quaisquer circunstâncias. Ao invés de contrapor e defender o aborto com ressalvas, de modo que aos poucos a posição pudesse ser puxada “para baixo”, reduzindo a aceitação do aborto, muitos conservadores foram para a posição de “aborto sob nenhuma circunstância”, postura que seria facilmente vencida pelos esquerdistas. Os gramscianos, por outro lado, foram implementando aos poucos suas idéias.
Atenção: eu não digo que algo, por ser implementado, é automaticamente correto. Mas sim que a estratégia adequada pode ser útil para a implementação de suas idéias.
Jairo nunca conseguiu fazer nada a favor da vida das crianças que diz defender por sua posição extremista. Já uma posição moderada, neste caso, poderia ser mais útil, pois haveria um argumento para dizer aos extremistas pró-aborto: “não deve ser tolerado o aborto de crianças em estágios avançados, pois essas crianças tem um sistema nervoso, e são iguais as crianças nascidas”. Essa pessoa não poderá ser rotulada como fanático religioso e retirado automaticamente do debate. Infelizmente, hoje em dia, existem duas opiniões em geral: (1) proibição total, sem conversa, (2) liberação irrestrita. Os esquerdistas, que estão no item (2), ganham fácil essa, pois os oponentes que estão no outro extremo são facilmente retirados do debate. É como no exemplo do criacionismo. Como uma opção ao darwinismo, este só serve para ajudar os darwinistas como eu. Isso por que é facil retirar do debate alguém que crê na Terra Jovem.
Em resumo, o Jairo, com seu extremismo anti-aborto (até contra a pílula do dia seguinte) está sendo mais danoso à vida das “crianças inocentes” do que parece. Ele poderia até dizer que “pelo menos está em paz com a consciência”. Mas aí seria egoísmo, não?
O mesmo vale para a posição dele quanto à eutanásia. Por ser contra a eutanásia a revelia (assim como eu sou), ele mantém uma posição em que mesmo que alguém sofra horrores e peça para morrer (e assim parar de sofrer), não poderá ser atendido. Com isso, no máximo ele ajuda aqueles que querem eutanásia a revelia, pois automaticamente ele é retirado do debate.
Enfim, o importante é que Jairo, antes de sair cagando regras, talvez devesse pensar em fazer um exame de consciência. Uma mínima auto-crítica já mostraria que ele é mais responsável por abortos irrestritos e eutanásias forçadas do que pensa ser.
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