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quarta-feira, 9 de setembro de 2009

PASTOR QUE FALA PALAVRÕES?

Fonte: IGREJA PRESBITERIANA DE SANTO AMARO
Enviado em 6 de Abril de 2009

Cavaleiro do Templo: para aqueles que pensam que palavrões não podem sair da boca de uma pessoa religiosa.

11punk 60 - 11punk 60

Por Leandro Antonio de Lima*


Segundo a Revista Time, o Calvinismo é uma das dez idéias que estão mudando o mundo agora. (Ver link no post anterior). Dos três pastores citados por Time, o mais polêmico certamente é Mark Driscoll. Chamado de “brigão” pela Revista Time, ele parece fazer jus ao título. Ele é chamado de “boca suja”, pois falaria até palavrões, mas que aos 39 anos conseguiu implantar uma igreja de seis mil membros em Seattle, uma cidade considerada um cemitério de igrejas, onde apenas dez por cento da população se diz evangélica.

A revista Time não foi a primeira grande mídia norte-americana a dar destaque a esse referido pastor. O próprio New York Times fez uma longa reportagem sobre Driscoll destacando sua capacidade imensa de criar polêmica com sua postura sarcástica e provocadora no púlpito ao mesmo tempo em que de atrair multidões.

O New York Times o descreveu do seguinte modo:

“Mark Driscoll é a sensação recente do evangelicalismo Americano. Em pouco mais de uma década, seu ministério cresceu de um grupo de crentes reunidos numa sala estudando a bíblia, para uma mega-igreja que recebe 7600 pessoas por domingo nos seus 7 locais de culto espalhados por Seattle. Seus livros, blogs, e podcasts tem feito dele uma das figuras mais admiradas e também mais odiadas entre os evangélicos americanos. Conservadores o chamam de o “pastor boca suja” e gostariam que ele trocasse sua calça jeans amarrotada e seu gosto por música indie por um terno e gravata e músicas de coral. Os liberais o repulsam com sua pregação sobre inferno e a insistência que mulheres devem ser submissas aos seus maridos. Mas o que é novo sobre Driscoll é que ele tem ressuscitado uma veia particular do evangelicalismo, uma que os americanos achavam que tinha morrido com os Puritanos: Calvinismo, uma teologia que faz Pat Robertson parecer um ursinho carinhoso” (Worthen, 2009, hyperlink. Texto traduzido por nosso irmão Daniel Portela).

Essa popularidade de Driscoll soa paradoxal, segundo o New York Times, pois apesar de tanta aparição na mídia (Internet), a mensagem pregada por Driscoll está muito longe da cultura pop:

Sua mensagem parece ser radicalmente fora de moda e até anti-Americana: você não é o capitão da sua alma ou o mestre de seu destino, mas um verme depravado cujo esforço e boas obras não te levarão a lugar algum, porque Deus marcou você para o céu ou para o inferno antes da fundação do mundo. Mesmo com essa mensagem, um número significativo de pessoas jovens em Seattle – e pelo país inteiro – estão dizendo que é exatamente isso que querem escutar. Por alguma razão o Calvinismo está na moda. (Worthen, 2009, hyperlink).

Worthen disse que apesar de sua aparência legal e moderna, a mensagem de Driscoll não busca compromisso e nem tolera a cultura permissiva e liberal de Seattle. Os novos membros não precisam largar as músicas que gostam, suas camisetas retro e suas barbas malucas ou cabelos extravagantes, mas eles são conclamados a abandonar seu feminismo, sexo antes do casamento e toda interpretação “moderna” da Bíblia (Ver Worthen, 2009, hyperlink).

Worthen avalia que o sucesso de Driscoll se deve ao seu posicionamento firme em relação a Deus e as doutrinas. Ele rechaça a idéia de um Jesus femininizado que teria sido propagado pelo evangelicalismo. Apesar disso, Mars Hill não tem dispensado inteiramente as técnicas de marketing. Seu sucesso numa das áreas mais liberais e com menos igrejas da América depende de um pouco de flexibilidade e sensibilidade para lidar com as pessoas tatuadas, com piercings e viciados em café. No entanto, na última instância, a teologia de Driscoll afirma que a salvação não está nas mãos dele. E isso é o coração do Calvinismo. Worthen observa que Driscoll prega que os seres humanos são corrompidos pelo pecado original e predestinados para o céu ou para o inferno, independente de sua conduta terrena. Todos merecem a condenação, mas Deus em sua misericórdia inescrutável garantiu a salvação de uns poucos eleitos, exatamente como João Calvino dizia no século 16 (Worthen, 2009, hyperlink).

Em suas declarações, Driscoll está sempre tentando coadunar a teologia reformada conservadora com a prática missional que julga moderna, ao mesmo tempo em que tenta se manter longe dos movimentos emergentes que ajudou a fundar, por causa de sua convicção evangélica e reformada (Ver Piper, 2007, p. 127). Ele explica como isso deve ser feito, no que chama de uma abordagem de duas mãos ao ministério cristão. Ele diz:

Em nossa mão firmemente fechada nós devemos sustentar as verdades eternas do Cristianismo, tais como os solas da Reforma. Em nossa mão graciosamente aberta nós devemos sustentar os métodos e os estilos oportunos do ministério que se adaptam como as culturas e as subculturas que nós estamos ministrando para mudar. Praticamente, isto significa que as igrejas devem continuamente fazer perguntas sobre o uso da tecnologia (por exemplo, Web site, MP3s, podcasts, E-mails), estilo musical, jeito de vestir, jeito de falar, construções estéticas, programação, gosto: Estão sendo criativos, hospitaleiros, relevantes e eficazes tanto quanto possível para dar boas-vindas a tantas pessoas possíveis para conectar com Jesus e sua igreja? Eu não estou argumentando por relativismo, por quem a verdade é abandonada e toda a vida e doutrina é vivida fora de uma mão aberta. Eu estou argumentando por relevância, por que os princípios doutrinais permanecem em uma mão fechada e os métodos culturais permanecem em uma mão aberta. (Piper, 2007, p. 143).

Driscoll resume seu novo Calvinismo como uma paixão bíblica aliada ao trabalho missiológico. Ele declarou numa entrevista:

Eu penso que é a paixão que dirige muitos dos rapazes, porque parecem ter encontrado um Jesus que faz mais do que apenas incentivá-los ou motivá-los. Eles são inspirados e apaixonados pelo Jesus que encontraram, e que faz pessoas quererem conhecê-lo. Eu penso que aquelas variáveis que trabalham juntas - a paixão bíblica, a missiologia urbana e a liberdade não-cessacionista - são o que eu consideraria os elementos do novo Calvinismo, que eu espero. Eu penso que são bons elementos - liberdade, missão e teologia bíblica que exalta Cristo - um bom, sólido e rigoroso lugar para começar. (Piper, 2007, p. 159-160).

O que é evidente para nós é que Driscoll não é realmente um pastor reformado convencional. Ele, sem dúvida, está tentando aplicar a teologia calvinista a um novo estilo litúrgico e relacional e nisso está o seu grande apelo. Mas será que isso não compromete o próprio conceito de Igreja Reformada? Até que ponto Driscoll não está exagerando em sua aplicação do Cristianismo à cultura?

WORTHEN, Molly, “Who Would Jesus Smack Down?” in The New York Time, 06/01/2009. Disponível em: http://www.nytimes.com/2009/01/11/magazine/11punk-t.html?_r=1&pagewanted=all. Consultado em 25/03/2009.

PIPER, Jonh. TAYLOR, Justin (edtrs). The supremacy of Christ in a postmodern world. Wheaton, Il: Crossway Books, 2007.

* O autor é pastor efetivo da Igreja Presbiteriana de Santo Amaro (Zona Sul, São Paulo). É professor de teologia sistemática no Seminário Presbiteriano José Manoel da Conceição - São Paulo. É autor dos livros: Razão da Esperança: Teologia para hoje, e do recém lançado Brilhe a sua luz: o cristão e os dilemas da sociedade atual. Ambos pela Editora Cultura Cristã - São Paulo.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".