Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro concede Medalha Tiradentes a Olavo de Carvalho. Aqui.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Olavo descreve previsão de Belloc

BLOG DO ANGUETH
Quarta-feira, Dezembro 10, 2008

No artigo A Elite que Virou Massa, Olavo de Carvalho descreve o estado de coisas que vemos hoje no mundo e que Hilaire Belloc chamava escravidão. Vamos ao texto de Olavo. Transcrevo um trecho abaixo. Os negritos são meus (do Angueth).

“Em 1939, Eric Voegelin observava que as condições essenciais para a democracia, tal como haviam sido concebidas no século XVIII, já não existiam mais. De um lado, a economia e a administração pública tinham se tornado tão complexas que o cidadão comum já não preenchia as condições mínimas para formar uma opinião racional a respeito: sua razão refluíra para o círculo estreito das atividades profissionais e familiares, deixando suas escolhas políticas à mercê de apegos emocionais, desejos pueris, sonhos e fantasias que o tornavam presa fácil da propaganda totalitária. De outro lado, as novas classes surgidas na sociedade moderna – o proletariado urbano, o baixo funcionalismo público, os empregados de escritório – eram bem diferentes dos pequenos proprietários que criaram a democracia iluminista: eram exemplares do “homem massa” de Ortega y Gasset, menos inclinados à busca da independência pessoal do que a confiar-se cegamente à mágica do planejamento estatal e da disciplina coletiva. Tudo, no mundo, convidava ao totalitarismo.

“Passados setenta anos, a composição da sociedade tornou-se ainda mais vulnerável à manipulação totalitária.
O advento de massas imensas de subempregados, dependentes em tudo da proteção estatal, somada à destruição da intelectualidade superior por meio da transformação global das universidades em centros de propaganda revolucionária, reduziu praticamente o eleitorado inteiro à condição de massa de manobra.

Olavo segue enumerando as conseqüências da situação descrita acima para a democracia. Vale a pensa ler o artigo.

Vamos agora a Belloc. Em seu livro “As Grandes Heresias”[1], escrito em 1938, ele descreve uma das características do que ele chama de Ataque Moderno à Igreja Católica. É a volta da escravidão. Os negritos são meus (do Angueth).

“Em primeiro lugar, estamos testemunhando um renascimento da escravidão, o resultado necessário da negação da liberdade quando essa negação vai um passo além de Calvino e nega a responsabilidade perante Deus tanto quanto a falta de poder no interior do homem. Duas formas de escravidão que estão gradualmente aparecendo, e que amadurecerão mais e mais com o passar do tempo sob o efeito do ataque moderno contra a Fé, são a escravidão ao Estado e às corporações privadas e indivíduos.”
(...)
“Quando o papa reinante[2], em sua Encíclica[3] falou do homem reduzido “a uma condição não muito longe da escravidão”, ele quis dizer simplesmente o que foi dito acima. Quando as famílias num Estado não possuem propriedades, então aqueles que antes eram cidadãos, se tornam escravos. Quanto mais o Estado interfere para garantir condições de segurança e suficiência, quando mais regula os salários, provê seguro compulsório, plano de saúde, educação – em geral assumindo o controle da vida dos assalariados, em benefício das companhias e homens que empregam os assalariados – mais a condição de semi-escravidão é acentuada. E, se a situação continuar por, digamos, três gerações, ela se tornará tão completamente estabelecida como um hábito social e um padrão mental que não haverá dela escapatória nos países onde um Socialismo de Estado desse tipo tenha sido forjado e incrustado ao corpo político.

“Na Europa, a Inglaterra em particular (mas muitos outros países em menor grau) adotou esse sistema. Abaixo de certo nível salarial, um homem tem garantida uma subsistência mínima, caso perca o emprego. Um salário desemprego é dado a ele pelas autoridades públicas as custa da perda de sua dignidade humana. Cada circunstância de sua família é examinada; ele fica ainda mais nas mãos dessas autoridades, quando desempregado, do que estava nas mãos de seu empregador, quando empregado. A coisa está ainda em transição; a massa de homens ainda não percebeu para qual objetivo ela tende; mas o desprezo pela dignidade humana, a potencial, senão a real, negação da doutrina do livre arbítrio, tem levado, por uma conseqüência natural, ao que são as instituições semi-servis. Estas se tornarão totalmente servis com o tempo.

“Contra o mal do sistema salário-escravidão, há tempos foi proposto, e já está agora em pleno funcionamento, certo remédio. Seu nome mais breve é comunismo: escravidão ao Estado, muito mais avançada e integral do que a primeira forma, escravidão ao capitalismo.

Como se vê, Olavo (e também Eric Voegelin) e Belloc se aproximam do assunto de perspectivas diferentes. Belloc toma como ponto de partida o fato de o Ataque Moderno ser uma heresia religiosa, contra a Igreja. Isso lhe dá um ângulo de visão diferente, mais profundo, mais elementar, mais radical. Vale pena ler o livro.

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[1] A ser publicado em 2009, pela Editora Permanência.
[2] Pio XI.
[3] Quadragesimo anno.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".