Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro concede Medalha Tiradentes a Olavo de Carvalho. Aqui.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

OS CULPADOS PELA CRISE

NIVALDO CORDEIRO
21/02/2009

A REVISTA VEJA que chegou às bancas retrata matéria originalmente publicada na revista Times que, em pesquisa no seu site, escolheu os 25 principais responsáveis pela crise que ora vivemos. Obviamente um exercício ocioso e desinformativo feito pela congênere norte-americana, vez que não é possível fulanizar a crise, que foi construída ao longo de décadas. Nenhum desses macrocéfalos escolhidos tem mais do que uma pequena porção de responsabilidade, embora no plano da consciência individual sejam grandes criminosos. Não ignoravam o crime que praticavam.

 

Desde logo: o culpado pela crise é a crença socialista generalizada que tomou conta dos que deveriam ser a elite – os governantes, a burocracia estatal, a classe universitária – vez que toda essa gente deu as costas à tradição do Ocidente e abraçou as idéias coletivistas, no limite da alucinação. Acrescento aqui também os homens de empresa, formados pelos socialistas nas cátedras e que perderam completamente o senso crítico. Tornaram-se todos servos de Rousseau, Marx e Gramsci. Em perspectiva histórica mais larga, de Epicuro e Zenão, a tradição degradada do Ocidente. São criminosos do espírito, sofrem de psicopatologia.

 

Essas idéias fizeram do Estado o ente supremo para consertar a humanidade, aperfeiçoando-a pela reengenharia social (como se isso fosse possível). A ferramenta fundamental desse processo tem sido o processo legislativo. É preciso que seja sublinhado que esse processo legislativo torto tem dois lados. O primeiro é fazer leis positivas contra a lei natural. O segundo é não fazer as leis necessárias de acordo com o direito natural. As duas faces da mesma moeda.

 

Uma segunda ferramenta fundamental é a crença de que se pode eliminar a restrição natural da lei da escassez pela emissão de moeda. O aspecto econômico mais visível da crise é que a via inflacionária da prosperidade esgotou-se. O estouro das chamadas bolhas é isso, o esgotamento da via inflacionária. Por isso preços caem, sejam de commodities, sejam de imóveis, sejam de ações. Eles estavam em níveis absolutamente artificiais. Nesse processo a riqueza falsa da inflação deixa de existir.

 

Uma variante da via inflacionária é o agigantamento da dívida pública, em todos os países. A contrapartida dela é o agigantamento do gasto público de toda ordem, na ânsia de eliminar o risco existencial e de fazer do gasto público o elemento de distribuição artificial de renda. Claro que na fase ascendente do ciclo inflacionário o processo parece racional e dá resultados visíveis. É a falsa prosperidade. Com a crise o encanto se acaba e as finanças públicas tendem a entrar em colapso. Estamos em meio a esse processo, à escala mundial. O passo seguinte é a pressão dos clientes do Estado para a elevação da carga tributária além do nível insano em que já está. Será o combate final entre Leviatã e Beemoth. As massas irracionais pedindo ao Saturno estatal a salvação, algo impossível.

 

Um capítulo à parte desse combate está entre os privilégiados da vasta corporação dos aposentados, que permeia todas as classes sociais, e os pagadores de impostos. Essa corporação tem várias formas, uma delas a previdência pública e outra os fundos de pensão. Obviamente que a generalização desse Estado Benemerência (como bem apelidou Ortega y Gasset em um dos seus textos finais, em 1953) não se sustenta, nem do ponto de vista econômico e nem do ponto de vista ético. Será o grande nó a ser desatado pela presente crise e um calote nesses falsos direitos adquiridos me parece algo inevitável e imediato. Será doloroso e politicamente desastroso. Mas será feito.

 

Temos aquilo que Voegelin viu na Alemanha de Hitler: uma elite estúpida e criminosa conduzindo as massas criminosas e estúpidas. Vimos o que houve àquela altura. Vemos o que acontece agora. De novo e de novo a história se repete. O falcão não é mais controlado pelo falcoeiro.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".