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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Quem é Alexander Dugin?

TRADUÇÕES ESSENCIAIS
Terça-feira, 3 de Fevereiro de 2009



por Andreas Umland [1]
26 de Setembro de 2008, www.opendemocracy.net [2]


A extrema-direita russa, incluindo alguns dos segmentos cripto-facistas, está se tornando uma parte ainda mais influente no discursomainstream de Moscou. Sua influência pode ser sentida na grande mídia, na sociedade civil, nas artes e na política russa.

"Perdão? Eu não entendi isso!" - exclamou o jornalista Matvei Ganopolsky na estação de rádio "Ekho Moskvy" (Eco de Moscou). Era noite de 8 de Agosto de 2008 e Ganopolsky estava entrevistando o líder do "International Eurasian Movement" (Movimento Eurasiático Internacional) Alexander Dugin, que tinha acabado de lhe dizer que as ações da Geórgia na Ossétia do Sul eram "genocidas." Ganopolsky não podia acreditar que alguém usaria palavra tão carregada para descrever os eventos na Geórgia. Apenas um dia depois, em 9 de Agosto, apesar do ultraje de Ganopolsky, o Primeiro Ministro Russo Vladimir Putin também descreveu as ações de Tbilisi como "genocidas." Em 10 de Agosto, o sucessor escolhido de Putin, Dmitri Medvedev, que antes comentou sobre o conflito com uma terminologia menos dramática, se enquadrou, dizendo que os eventos dos últimos três dias na Ossétia do Sul eram para serem classificados como "genocídio."

É duvidável que Putin ou Medvedev foram inspirados diretamente por Alexander Dugin a usar a "palavra com G" para descreverem os eventos em Agosto na Geórgia, mas a similaridade das suas hipérboles é um indicativo da direção que a Rússia tem tomado nos últimos anos. Dugin têm se tornado um comentador político prolífico, e alguns dizem, um influente pensador na nova Rússia de Putin. Um bem-conhecido teórico facista na década de 1990, Dugin se apresenta hoje em dia como um "centrista radical" e apóia fortemente as políticas autoritárias domésticas e estrangeiras anti-Ocidente da Rússia. Ambos seus artigos inflamados em defesa de Putin e especialmente seu anti-Americanismo fanático são, aparentemente, populares no Kremlin e na "Casa Branca" de Moscou (o lugar do governo federal). Nenhuma outra explicação é possível para as frequentes aparições de Dugin nos programas nortunos populares nos canais de tevê controlados pelo governo da Rússia, ou seus inúmeros artigos em muitos jornais e websites russos empurrando as últimas direções do Kremlin goela abaixo no povo russo.

A ascenção de Dugin nos últimos anos tem sido irresistível. Isso é apesar do fato de que, na década de 1990, seu auto-estilo "neo-Eurasiano" deu as boas vindas de forma jubilosa ao nascimento iminente na Rússia do "facismo facista" e saudou o ogranizador do Holocausto, Reinhard Heydrich, por ser um "Eurasiano convicto." Naquele tempo Dugin descreveu francamente sua ideologia como "conservadorismo revolucionário," dizendo que a idéia central do facismo é a "revolução conservadora." Ao longo dos anos 1990 o "neo-Eurasiano" fez um bom número de declarações similares, incluindo variadas apologias mais ou menos qualificadas ao Terceiro Reich. 

Em anos recentes, para garantir, a retórica de Dugin mudou - se não no tom, então no estilo. Agora ele, estranhamente, frequentemente se posiciona como um sincero "anti-facista," e não hesita em rotular seus oponentes tanto dentro como fora da Rússia como "facistas" ou "Nazi". Paradoxalmente, ele faz isso enquanto ainda admite que suas idéias estão próximas daqueles irmãos Strasser da Alemanha entre guerras. Dugin apresenta esses dois nacionalistas alemães como "anti-hitlerianos." Ele esquece, entretanto, de mencionar que Otto e Gregor Strasser de fato se opuseram a Hitler, mas eram ao mesmo tempo parte e parceiros do movimento facista emergente na Alemanha. Os irmãos Strasser tiveram um papel um tanto significativo em transformar a NSDAP em um partido popular no fim da década de 1920, mas, então, Hitler os expulsou do Partido Nazista. Eles eram dois líderes influentes que se tornaram rivais inconvenientes, tanto político quando ideologicamente.

O crescimento de Dugin não significa, entretanto, que a Rússia está se tornando facista. Figuras públicas russas bem conhecidas não podem, na maioria das vezes, esconder sua aversão ao crescimento do sentimento direitista. Um bom exemplo recente é Sergei Dorenko, o apresentador dos anos 1990 do canal ORT TV (controlado pelo oligarga fugitivo Boris Berezovsky), que teve papel significativo ao ajudar Vladimir Putin a ganhar a eleição de 2000. Como seu mestre Berezovsky, Dorenko era, também, mal visto no Kremlin e foi autorizado a somente promover sua visão crítica controversa na estação de rádio de oposição Eco de Moscou. Durante a recente guerra da Geórgia Dorenko apoiou o Kremlin e como recompensa foi nomeado Chefe do serviço Russo de Notícias, que provê serviços de notícias ao imensamente popular "Russkoye Radio". Uma de suas primeiras decisões lá foi banir Alexander Dugin do ar. 

Mas a cada ano que passa o novo século vê uma reaproximação estreita entre a retórica da direira extrema russa e aqueles que estão no topo, e não menos o próprio Putin. A estranha repetição da interpretação de Dugin das ações de Tbilisi como "genocídio" por Putin e Medvedev é meramente um dos muitos sinais. 

Além disso, muitos, mais ou menos influentes, atores na "vertical of power" (vertical de poder) de Putin estão, de um jeito ou outro, ligados a Dugin. Viktor Cherkesov, por exemplo, um dos amigos de Putin mais próximos da ex-KGB, é visto como sendo próximo, e simpático (assim como, talvez, auxiliar) a, Dugin desde a década de 1990. O mesmo serve para Mikhail Leontev, um dos mais bem conhecidos comentadores de Tv da Rússia e, de acordo com algumas informações, o jornalista favorito de Putin. Em 2001 Leontev tomou parte na fundação do movimento Eurasiano de Dugin; subsequentemente, ele foi, por um tempo, um membro do Concelho Político dessa organização. Em Fevereiro desse ano, Ivan Demidov, um popular apresentador de TV, foi promovito a Chefe do Diretório de Ideologia no partido Rússia Unida (United Russia party) de Putin. Isso aconteceu apesar do fato de que a poucos meses antes Demidov tinha dito que era um pupilo de Dugin e anunciou que ele poderia usar seus talentos como gerente de relações públicas para disseminar as idéias de Dugin. 

A extrema-direita Russa, incluindo algumas dos segmentos cripto-facistas, está se tornando uma parte ainda mais influente no discurso mainstream de Moscou. Sua influência pode ser sentida na grande mídia, na sociedade civil, artes e política russas. Contra esse pano de fundo o enfrentamento crescente entre a Rússia e o Ocidente não é uma surpresa. Caso Dugin e cia. continuarem a inserir sua influência na elite russa e na população, a atual emergência da secunda Guerra Fria entre Moscou e o Ocidente estará entre nós por muitos anos a vir. 


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[1] Dr Andreas Umland é editor da série de livros "Soviet and Post-Soviet Politics and Society" (Sociedade e Políticas Soviética e Pós-Soviéticas) (www.ibidem-verlag.de/spps.html) e administrador do website "Russian Nationalism" (Nacionalismo Russo) (groups.yahoo.com/group/russian_nationalism/). voltar

[2] Traduzido por Leandro Diniz.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".