Thomas Sowell | Sábado, Fevereiro 14, 2009
Alguns de nós fomos criados na crença de que a realidade é inescapável. Mas isso só mostra o quanto estamos atrasados no tempo. Hoje, a realidade é opcional. No mínimo, ela pode ser adiada.
As crianças não estão aprendendo na escola? Não tem problema. Passe-as de ano, mesmo assim. Chame a isso “compaixão”, para não ferir a “auto-estima” delas.
Não podem atingir os padrões de admissão à universidade ao final do ensino médio? Denuncie esses padrões como barreiras arbitrárias a favor dos privilegiados, e exija que exceções sejam feitas.
Não sabem matemática ou ciência depois de entrarem na universidade? Denuncie esses cursos por sua rigidez e insensibilidade, e crie cursos mais fáceis em que os estudantes possam passar e conseguir formar.
Quando eles estiverem no mundo real, pessoas com diplomas e graus universitários – mas sem nenhuma educação real – eles trombarão com um muro. Mas então o acerto de contas já foi adiado por 15 anos ou mais. Claro que as contas podem continuar aparecendo pelo resto de suas vidas.
A atual orgia de salvamento financeiro é um adiamento da realidade democrática – do rico, tanto quanto do pobre, do irresponsável, tanto quanto do responsável, do ineficiente, tanto quanto do eficiente. É o triunfo da filosofia da neutralidade de julgamento de que temos ouvido tanto nos círculos mais sofisticados.
Ficamos sabendo que o colapso dos Três Grandes fabricantes de automóveis de Detroit teria repercussões em todo o país, causando demissões em massa nas empresas de autopeças e o fechamento de concessionárias de costa a costa.
Um renomado economista do passado, J.A. Schumpeter, costumava se referir ao progresso no capitalismo como “destruição criativa” – a substituição do negócio que perdeu sua utilidade pelo negócio que aprimorará a criatividade tecnológica e organizacional, elevando os padrões de vida no processo. De fato, isso é o que aconteceu cem anos atrás, quando aquela nova maravilha tecnológica, o automóvel, espalhou destruição por todas as formas de transporte a tração animal.
Por milhares de anos, cavalos foram o máximo em transporte, sejam em carroças ou em carruagens reais, sejam em bondes, nas cidades ou em arados, nas fazendas. As pessoas investiram suas fortunas em algo com uma história de confiabilidade de muitos séculos.
Todas essas pessoas foram abandonadas? O que dizer de todos que fabricavam as coisas usadas nos e pelos cavalos – aveia, arreios, ferraduras e carroças? Não caíram feito dominós quando os cavalos foram substituídos pelos carros?
Infelizmente, para todos que tinham, de boa fé, participado dos vários ramos de negócio que envolvesse os cavalos, não houve um governo compassivo que tenha aparecido e os salvado ou apresentado um pacote de estímulos.
Eles tiveram que encarar a realidade, naquele lugar e momento, sem nem mesmo adiá-la.
Quem diria que os mesmos que os substituíram ficariam em situação similar cem anos depois?
De fato, a indústria automobilística não está nem perto da situação catastrófica em que então se encontrava a indústria da tração animal. Não há nenhum substituto do automóvel no horizonte. Tampouco o público decidiu se virar indefinidamente sem carros.
Enquanto os Três Grandes de Detroit estão demitindo milhares de trabalhadores, a Toyota está contratando milhares de trabalhadores exatamente aqui nos EUA, onde parte substancial dos Toyotas é fabricada.
Isso salvará Detroit ou Michigan? Não.
Detroit e Michigan têm seguido políticas esquerdistas clássicas, tratando os negócios como presas, não como patrimônio. Eles ajudaram a matar a galinha dos ovos de ouro. O mesmo fizeram os sindicatos. E os administradores que os apoiaram para serem apoiados.
Toyota, Honda e outros fabricantes estrangeiros não irão para Detroit, apesar de lá existirem muitos experientes trabalhadores da indústria automobilística. Esses fabricantes estão evitando as regiões de indústria pesada [rust belts] e as políticas que fizeram desses lugares cinturões enferrujados [rust belts].
O salvamento financeiro dos Três Grandes de Detroit seria apenas o mais recente dos adiamentos da realidade. Quanto aos concessionários, eles podem provavelmente vender Toyotas tão facilmente quando eles vendiam Chevrolets. E Toyotas demandam, da indústria de autopeças, o mesmo número de pneus por carro, tanto quanto de outras peças.
Publicado por Townhall.com
As crianças não estão aprendendo na escola? Não tem problema. Passe-as de ano, mesmo assim. Chame a isso “compaixão”, para não ferir a “auto-estima” delas.
Não podem atingir os padrões de admissão à universidade ao final do ensino médio? Denuncie esses padrões como barreiras arbitrárias a favor dos privilegiados, e exija que exceções sejam feitas.
Não sabem matemática ou ciência depois de entrarem na universidade? Denuncie esses cursos por sua rigidez e insensibilidade, e crie cursos mais fáceis em que os estudantes possam passar e conseguir formar.
Quando eles estiverem no mundo real, pessoas com diplomas e graus universitários – mas sem nenhuma educação real – eles trombarão com um muro. Mas então o acerto de contas já foi adiado por 15 anos ou mais. Claro que as contas podem continuar aparecendo pelo resto de suas vidas.
A atual orgia de salvamento financeiro é um adiamento da realidade democrática – do rico, tanto quanto do pobre, do irresponsável, tanto quanto do responsável, do ineficiente, tanto quanto do eficiente. É o triunfo da filosofia da neutralidade de julgamento de que temos ouvido tanto nos círculos mais sofisticados.
Ficamos sabendo que o colapso dos Três Grandes fabricantes de automóveis de Detroit teria repercussões em todo o país, causando demissões em massa nas empresas de autopeças e o fechamento de concessionárias de costa a costa.
Um renomado economista do passado, J.A. Schumpeter, costumava se referir ao progresso no capitalismo como “destruição criativa” – a substituição do negócio que perdeu sua utilidade pelo negócio que aprimorará a criatividade tecnológica e organizacional, elevando os padrões de vida no processo. De fato, isso é o que aconteceu cem anos atrás, quando aquela nova maravilha tecnológica, o automóvel, espalhou destruição por todas as formas de transporte a tração animal.
Por milhares de anos, cavalos foram o máximo em transporte, sejam em carroças ou em carruagens reais, sejam em bondes, nas cidades ou em arados, nas fazendas. As pessoas investiram suas fortunas em algo com uma história de confiabilidade de muitos séculos.
Todas essas pessoas foram abandonadas? O que dizer de todos que fabricavam as coisas usadas nos e pelos cavalos – aveia, arreios, ferraduras e carroças? Não caíram feito dominós quando os cavalos foram substituídos pelos carros?
Infelizmente, para todos que tinham, de boa fé, participado dos vários ramos de negócio que envolvesse os cavalos, não houve um governo compassivo que tenha aparecido e os salvado ou apresentado um pacote de estímulos.
Eles tiveram que encarar a realidade, naquele lugar e momento, sem nem mesmo adiá-la.
Quem diria que os mesmos que os substituíram ficariam em situação similar cem anos depois?
De fato, a indústria automobilística não está nem perto da situação catastrófica em que então se encontrava a indústria da tração animal. Não há nenhum substituto do automóvel no horizonte. Tampouco o público decidiu se virar indefinidamente sem carros.
Enquanto os Três Grandes de Detroit estão demitindo milhares de trabalhadores, a Toyota está contratando milhares de trabalhadores exatamente aqui nos EUA, onde parte substancial dos Toyotas é fabricada.
Isso salvará Detroit ou Michigan? Não.
Detroit e Michigan têm seguido políticas esquerdistas clássicas, tratando os negócios como presas, não como patrimônio. Eles ajudaram a matar a galinha dos ovos de ouro. O mesmo fizeram os sindicatos. E os administradores que os apoiaram para serem apoiados.
Toyota, Honda e outros fabricantes estrangeiros não irão para Detroit, apesar de lá existirem muitos experientes trabalhadores da indústria automobilística. Esses fabricantes estão evitando as regiões de indústria pesada [rust belts] e as políticas que fizeram desses lugares cinturões enferrujados [rust belts].
O salvamento financeiro dos Três Grandes de Detroit seria apenas o mais recente dos adiamentos da realidade. Quanto aos concessionários, eles podem provavelmente vender Toyotas tão facilmente quando eles vendiam Chevrolets. E Toyotas demandam, da indústria de autopeças, o mesmo número de pneus por carro, tanto quanto de outras peças.
Publicado por Townhall.com
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