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quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Os hippies do FSM no sistema das prapiskas

CAVALEIRO CONDE (CONDE LOPPEUX DE LA VILLANUEVA)
QUINTA-FEIRA, JANEIRO 29, 2009


Quando houve a coletivização forçada da agricultura e a terrível fome na Ucrânia, em 1932, milhares, senão milhões de cidadãos soviéticos tentaram fugir para as cidades, em busca de comida. A polícia política, NKVD, sob as ordens de Stálin, mandou fechar as fronteiras e quando os famintos chegavam às estações de trem das cidades, eram deportados de volta aos lugares de origem. Muitos pereciam pela fome. Outros eram enviados aos campos de concentração da Sibéria. E em determinadas fronteiras, a polícia política tinha ordens para atirar.

O regime soviético teve uma idéia mirabolante, surrealista, senão absurda: criar um sistema de passaportes interno de residência, assim chamado de “prapiska”. Dentro do documento havia o registro do nome do cidadão, sua moradia e o lugar onde trabalhava. Desse modo, o Estado soviético controlava os passos dos indivíduos em seu próprio território. Ninguém poderia deixar o lugar onde morava ou trabalhava sem autorização do governo. Mesmo para visitar parentes em cidades próximas, o cidadão comum era obrigado a portar o passaporte interno a título de registro de sua locomoção e pedir autorização do Estado. Isso, se o Estado o permitisse se locomover. Em alguns casos, a falta de porte da prapiska era capaz de custar a vida de alguém. No auge do terror stalinista, houve casos assombrosos de pessoas que foram presas, deportadas para a Sibéria ou simplesmente executadas pela NKVD, porque não portavam o dito documento. Em pleno século XX, o“homo sovieticus” era um homem preso a terra, tal como um servo da época do czar, cuja liberdade de ir e vir não existia nem em seu próprio país.

Vejo as criaturas estranhas do Fórum Social Mundial. Uma grande maioria se veste de forma despojada, no estilo da contracultura, cuja revolta contra o banho parece ser uma espécie de protesto contra o sistema. A maioria parece literalmente hidrófoba, tamanho o fedor assustador e o medo de água. Até as mulheres bonitas, por vezes, são desestimulantes. O mau cheiro mata a beleza delas. E uma parte desse povo é feito literalmente de hippies, cujo interesse, sabe-se lá por que, de querer “mudar” o mundo, mobiliza uma legião deles. Vagam por um lado e outro, sem fazer absolutamente nada, apenas fumando maconha, comendo, fornicando e dormindo. Isso me fez recordar de uma cena interessante: quando eu estava em Curitiba, tinha conhecido uma riponga no meio da praça, muito falante e simpática, louca para vender suas pulseiras. Conversa vai, conversa vem, ela me contou, orgulhosa, que tinha conhecido uma boa parte do Brasil só pedindo carona. Eram os ventos da liberdade capitalista de ir e vir dos caminhoneiros que a permitiam um estilo de vida errante.

Entretanto, muitas dessas pessoas tolas defendem causas que são totalmente contrárias aos seus estilos de vida. É paradoxal que os indivíduos liberais-conservadores sejam acusados de “reacionários”, “anti-progressistas”“homofóbicos” e contrários às maravilhas prometidas pelas esquerdas. Todavia, o que seriam dos hippies fedorentos, se eles vivessem no terror das prapiskas? A jovenzinha orgulhosa de suas proezas aventurescas, no mínimo, seria prisioneira de uma praça no meio de Curitiba. No máximo, no arquipélago gulag de uma Amazônia qualquer. A liberdade de ir e vir desta criatura (e de toda uma sociedade) seria extinta de pronto. Os hippies simplesmente deixariam de existir. Ou no máximo, seriam estatizados.

É interessante notar que o ideólogo socialista médio tem uma visão utilitária das pessoas, dentro da sociedade que idealiza para o mundo. Elas têm que ser “produtivas”, como engrenagens de um exército industrial comandado por uma autocracia estatal. Não é por acaso que o trabalho, no regime socialista, é compulsório, sob pena de prisão. Na verdade, o socialismo restaura o trabalho escravo, na sua versão progressista. E, ainda, ficha criminalmente o sujeito, de forma prévia, por meio das prapiskas da vida, para prendê-los ao local de trabalho ditado pelo governo. Se estas pessoas não servem bem ao sistema, devem ser eliminadas. O que seria de um hippie médio do Fórum Social Mundial, dentro de uma sociedade que criminaliza a desocupação e o ócio? A liberdade do trabalho, como a liberdade de ser um hippie desocupado, errante e preguiçoso que passeia pelo mundo é tão somente um luxo que as democracias capitalistas e liberais se permitem dar. Vender pulseirinhas na rua é um privilégio que um soviético jamais sonhou ter.

Cavaleiro do Templo: se faltam provas do que disse o Cavaleiro Conde, vejam estre trecho extraído do documentário The Soviet Story, do salafrário chamado Bernard Shaw.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".