Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro concede Medalha Tiradentes a Olavo de Carvalho. Aqui.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

De como, em tempos soberbamente vis, a comunhão com uma ou duas verdades pode nos tornar Legião

A FANTASIA EXATA
Janeiro 18, 2009

Vocês já devem ter percebido que o chato não é um ser unívoco. O chato é no mínimo Legião, tem mesmo numerosas fuças, não fosse ainda o caso de dizer ser ele uma hidra na qual, para cada cabeça que lhe cortamos, nasce outra e outra - and counting until out of all count. Sob o sol, neste nosso humildíssimo plano de manifestação dos arithmós eidétikos in re, com todas as limitações impostas pela forma do abacateiro e da panturrilha gorda do Ronaldo, convenhamos que é uma perda de tempo ficar a lembrar a todos que determinadas coisas obviamente ruins são - vejam só - precisa e estritamente ruins. Embora haja aí compaixão, dos chatos é esse o chato mais inconveniente, imbuído que está de um senso de dever que nós não tivemos a felicidade de vê-lo guardar apenas para seu cachorrinho de estimação chamado Sucrilho; mas de cujo senso, em parte, dependemos. Imaginem, por exemplo, que a qualquer momento o tempo possa cessar de durar e você não consiga acender um cigarro de tão aterrorizado que está com essa possibilidade. E então, enquanto você deveria estar se concentrando em acender seu cigarro, sai às ruas dando a saber aos outros, com um misto de pantomima e gaguejo, que, bem, “o mundo pode acabar agora mesmo, cara, agora mesmo, eu quis dizer, antes que eu termine essa frase, essa frase, entendeu?” etc. Aqui se incluem - mais um exemplo - ambientalistas que nos mandam reciclar nosso lixo para que os tatus-bolinha não se sintam desconfortáveis ao saírem de seus respectivos buracos para tomar banho de sol. Enfim, este é o chato que está pelo menos um pouquinho certo, quero dizer, infinitamente certo, mas que só o está quanto a um detalhe extremamente ínfimo se devolvido ao plano maior da realidade. E é este chato que, por estar só um pouquinho certo, nos leva a perguntar por que diabos está ali nos falando aquilo - e talvez recorrendo a todos os mais abjetos subterfúgios a fim de dar prova de seu argumento, mesmo que bem intencionado -, se se trata de matéria tão idiota e obviamente ululante.


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Essa é uma das patologias dos tempos soberbamente vis, durante os quais corremos o risco de nos tornarmos uns chatos portadores de uma ou duas verdades e crermos que a inclinação do eixo planetário delas dependa, de tão imbecis e ineptos que são os outros a ponto de não aceitarem aquelas evidências. Não tenho - entendam de uma vez - como ser a favor, por exemplo, do aborto. Mas me ressinto de ter de, mesmo que só às vezes, muito às vezes mesmo, ficar dizendo que “o aborto é errado por isso e por aquilo”. Quando cercados em todas as frentes pelo erro, o apegarmo-nos a umas duas e mesmas verdades poderá fazer de nossa comunhão a Legião.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".