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terça-feira, 27 de janeiro de 2009

O cubo de Marx

MOVIMENTO ENDIREITAR
Escrito por Diogo Costa   
Seg, 26 de Janeiro de 2009 10:46



Imagine um cubo de Rubik com sete cores. Os lados permanecem os mesmos seis, mas uma cor extra substitui sete ou oito dos 54 quadradinhos que compõem o cubo. Nesse Rubik de sete cores, não importaria quais quadradinhos coloridos você girasse, e em quais direções; enquanto houvesse mais cores do que lados, você nunca conseguiria resolver o cubo.

Agora imagine que esse cubo não fosse um objeto físico, mas uma teoria. Que em vez de ser manipulado manualmente fosse apenas manipulável intelectualmente. E que fosse tão encantador que sua investigação prometesse bastar para resolver todos os problemas existentes ou imagináveis do mundo.


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Para aqueles que ignorassem o probleminha inicial da sétima cor, o novo cubo teórico de sete cores carregaria em sua absurdidade uma desafiadora atração. Como ele não pode ser resolvido, discussões sem fim poderiam ser travadas sobre o cubo. Teses poderiam ser escritas. Conferências apresentadas. Centros acadêmicos organizados. Com o passar do tempo, haveria escolas de pensamento com diferentes posições, e seus trabalhos lotariam bibliotecas. Os paralelistas diriam que o Rubik de sete cores apenas pode ser compreendido num universo de 10 ou 11 dimensões. Outros ofereceriam a análise dinamista. Afirmariam que a estaticidade final do cubo é uma idealização humana sem referências na práxis rubikiana, e que o verdadeiro cubo deve ser analisado em uma rotatividade ininterrupta e perene dos quadrados coloridos. Os neodinamistas, insatisfeitos, traçariam analogias tipológicas. O mais fantástico é que a impossibilidade intrínseca do cubo permitiria que suas investigações se estendessem interminavelmente. As possibilidades teóricas do Rubik de sete cores seriam limitadas apenas pela imaginação humana.

Várias teorias modernas são cubos de Rubik de sete cores. O marxismo é um cubo de Rubik de sete cores. Sua impossibilidade inerente pode distrair o intelecto eternamente num fascinante absurdo sem que uma solução para o problema real jamais se apresente. E sua sofisticação teórica consegue em sua própria exposição revogar a possibilidade de se fazer as objeções mais fundamentais.

Esse último ponto é aquilo que Eric Voegelin chamava de proibição do questionamento filosófico. “Somos confrontados”, dizia Voegelin, “por pessoas que, como sabem que suas opiniões não conseguem resistir a uma análise crítica, fazem da proibição do exame de suas premissas parte do seu dogma”.

Voegelin usa as obras de Comte, Marx e Nietzsche como exemplos de teorias em que alguma espécie de dogma proibitivo vem embutido. O marxismo não aceita questionamentos que disputem suas críticas à individualidade humana. Esse tipo de questionamento individualista seria uma abstração mental que apenas reflete determinado estágio tecnológico das relações de produção. Mas se são as condições materiais da vida social que determinam nossa consciência, nossa consciência fica impedida de questionar a fundação do determinismo social-materialista. Pior ainda, todo o questionamento fundamental do marxismo é descartado como se fosse a manifestação que prova a verdade marxista. O sujeito da indagação será o eterno objeto demonstrável do marxismo. O argumento ad hominem passa a satisfazer a necessidade por argumentos.

A analogia com o cubo não pode ir muito além com o marxismo porque não estamos falando de um objeto alheio à nossa consciência. Nós somos o cubo de Marx. E como sua teoria se propõe mais real do que a nossa experiência consciente, a confiança na teoria significa uma desconfiança em nossa consciência. O excesso de cores não seria assim uma falha do cubo, mas do nosso espectro ótico. Um daltonismo bem treinado pode revelar lados homogêneos no Rubik de sete cores.

Também a homogeneidade cósmica do marxismo pode ser revelada pelo treinamento de um daltonismo metafísico - um daltonismo cego aos questionamentos filosóficos que poderiam explicar o próprio daltonismo. A razão acaba sendo corrompida da mesma forma que o Rubik de sete cores poderia corromper os sentidos de seus especialistas mais dedicados. E a natureza política do marxismo transforma as diferenças de percepção em um embate ideológico violento. Afinal, em vez de um simples cubo, você é que precisa ser resolvido. E exatamente porque a solução é impossível, a manipulação ideológica sobre as pessoas pode prosseguir infinitamente, tratando cada resistência como prova da necessidade de maior manipulação. No final, o teórico que crê estar decifrando a conjuntura de Poincaré está apenas fazendo de sua consciência um brinquedo defeituoso e tirano.


Fonte: http://www.ordemlivre.org

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".