Cavaleiro do Templo: mais sobre estes irmãos siameses PT-PSDB aqui.
MÔNICA BERGAMO | colunista da Folha de S.Paulo
FONTE: Folha de São Paulo(texto do dia 08/10/2006)
FONTE: Folha de São Paulo(texto do dia 08/10/2006)
A passagem de Geraldo Alckmin (PSDB-SP) para o segundo turno das eleições presidenciais implodiu um acordo informal que já estava sendo firmado entre lideranças do PSDB e o presidente Lula e ameaça levar de roldão as pretensões presidenciais de duas das maiores figuras do partido: José Serra, governador eleito de São Paulo, e Aécio Neves, de Mina Gerais.
Caso Lula tivesse liquidado a fatura no primeiro turno, Alckmin estaria lambendo (sozinho) as feridas da derrota. Serra e Aécio seriam hoje os principais candidatos à sucessão do petista. E, até segunda ordem, os únicos: nas conversas com Aécio, antes do primeiro turno, Lula chegou a dizer que, com a derrota de Aloizio Mercadante ao governo de SP, o PT não teria candidato competitivo à Presidência em 2010.
Em conversa com amigos, em setembro, quando as pesquisas indicavam que poderia ser eleito em primeiro turno, Lula disse: "As pessoas vêm me falar de Serra e Aécio. Quem disse que um deles não pode estar no nosso palanque em 2010? Ou que eu não posso estar no palanque de um deles?".
A missão de dialogar com Serra era do ministro Márcio Thomaz Bastos, da Justiça. Os dois tiveram vários encontros nos últimos meses em SP.
"O PT não dará trégua"
Em palestra para banqueiros, pela qual recebeu R$ 15 mil, o ex-ministro Antônio Palocci detalhou, em setembro, o acordo informal: os tucanos ajudariam Lula a aprovar reformas no Congresso. Em troca, teriam atendidos seus pleitos junto ao governo federal.
A possibilidade de vitória de Alckmin explode tudo. Em primeiro lugar, tirou Lula da posição de "amigo", como ele se referia a Serra e Aécio: para vencer as eleições, o presidente começou a atacar não só Alckmin mas todo o PSDB. E convocou dois possíveis presidenciáveis, que andavam sumidos, para a sua "tropa de choque": Marta Suplicy e Ciro Gomes.
Caso Alckmin vença as eleições, o quadro muda ainda mais: dez entre dez tucanos duvidam que ele abra mão de concorrer à reeleição. De dois, o número de presidenciáveis de 2010 pula para pelo menos quatro: Alckmin, Serra e Aécio, pelo PSDB, e o próprio Lula, como candidato de oposição.
Em jantar com empresários em SP, na semana passada, um dos deputados mais influentes do PT afirmou: "Vamos ser claros. Existia um acordo entre nós [PT] e o PSDB: o próximo governo era do Lula. O de 2010, do Serra ou do Aécio, sem problemas. Com Alckmin, o acordo será rompido. E Alckmin vai ter derrotado o Serra, o Aécio, o FHC, o Lula, todo mundo".
De acordo com o parlamentar, "o Alckmin, se eleito, não vai governar" porque PT, MST e CUT "não vão dar trégua".
"Não é possível"
Amigos íntimos e políticos do grupo de Serra no PSDB e no PFL mal disfarçam o desconforto com a possibilidade de Alckmin vencer as eleições.
Dias antes do primeiro turno, no coquetel do debate que a TV Globo promoveu entre os candidatos ao governo de SP, um dos políticos de maior destaque no Estado, muito próximo de Serra, fez cara de enterro ao receber a notícia de que pesquisas telefônicas indicavam que haveria segundo turno.
"Não é possível! Quem te falou?", perguntou o político à Folha. Depois, chegou a cochichar com a colunista: "Ele [Alckmin] não vai passar [para o segundo turno]. Não é possível, não vai dar tempo."
De acordo com um político do PFL paulista, a vitória de Alckmin vai fazer com que a disputa, no PSDB, "vire uma briga de foice no escuro". O mais irônico é que tanto Serra quanto Aécio, pressionados por Alckmin e sobretudo pelos eleitores tucanos que querem Lula fora do Planalto, devem se engajar agora na campanha.
Tucanos ouvidos oficialmente pela Folha negam que a vitória de Alckmin desagrade setores do PSDB. "Isso não existe. Não há um só tucano que esteja a favor da vitória do Lula. Há situações históricas em que o bem do país está acima de interesses pessoais", diz o ex-ministro Paulo Renato de Souza.
A vitória de Alckmin estava fora também dos planos de Fernando Henrique Cardoso, que já se preparava para ser o porta-voz da oposição a Lula.
FHC nunca escondeu que preferia ver Serra candidato à Presidência. Ele só decidiu apoiar Alckmin quando ouviu de especialistas como Carlos Augusto Montenegro, do Ibope, que Lula era um candidato "quase invencível". A um interlocutor, FHC foi claro: "Vamos colocar o Alckmin para perder. E preservar o Serra para 2010".
Entre amigos íntimos, FHC, celebrado pelo bom humor e por perder o amigo, jamais a piada, chegou a dizer, em março, que a derrota de Alckmin obrigaria os tucanos a comprarem uma butique para a filha dele se ocupar. Sophia, filha de Alckmin, já trabalhou na Daslu.
Um comentário:
A partir do artigo anterior de Olavo de Carvalho, já posso entender o que é um liberal. FHC e Serra são nomes palatáveis ao Clube de Bilderberg. Seu componente revolucionário é o que os habilita a serem. Foi este princípio que fez com que Lula fosse fabricado pelo General Golbery como alternância para o poder. Pensar que já naquela época existia o capimunismo... e que Sarney foi o primeiro presidente brasileiro a aceitar as regras do jogo... o eterno Sarney... liberal para ele.
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