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segunda-feira, 14 de julho de 2008

No Vietnã, remexendo na ferida

Do portal do ESTADÃO
Domingo, 13 de Julho de 2008


Não é incomum um chefe de governo cometer gafes no estrangeiro, em razão de distrações - como a de Reagan, em visita a Brasília, confundindo o Brasil com a Bolívia -, de estudada deliberação, com propósitos políticos - como de De Gaulle, no Canadá, referindo-se ao ''Quebec Livre'' -, e até do descuido preconceituoso, como o que levou o presidente Lula a dizer, numa cidade africana, que esta ''era tão limpa que nem parecia África''. Mas o que sucedeu na visita do presidente Lula ao Vietnã foi uma gafe absolutamente extemporânea, um remexer gratuito de ferida, constrangedor para as autoridades vietnamitas e desconfortável para a diplomacia norte-americana.

Ao visitar o general Vo Nguyen Giap (de 98 anos), estrategista militar que levou às vitórias contra a França e os Estados Unidos, o presidente Lula lhe disse que ''todos aqueles que amam a democracia'' o tinham ''como referência''. Certamente, entre todos os elogios que já ouviu em sua vida, o provecto militar jamais fora brindado com uma referência a serviços prestados à causa da democracia - e é improvável até que quem sempre pertenceu aos quadros de um partido totalitário e fez parte de um governo despótico entendesse a referência. Mas nosso presidente não se contentou com apenas esta exibição de desinformação histórica, política e cultural.

Numa entrevista coletiva, depois de dizer que no começo dos anos 60 era despolitizado (C.T. - era apenas no começo dos anos 60??? Agora por acaso esta pessoa ACHA que é politizada???), mas, como corintiano (já que ''o Corinthians vivia uma época difícil''), aprendera a ''ficar do lado dos fracos e oprimidos'', deu a sua versão da Guerra do Vietnã: ''Os vietnamitas eram baixinhos, magrinhos, contra os americanos, fortes, alimentados com hambúrguer.'' Os desavisados poderiam até pensar que o governante brasileiro estaria a propagar os méritos da tão criticada junk food norte-americana ou fazendo o elogio disfarçado do principal produto da odiada McDonald''s. Mas o que causa estranheza maior do que a atribuição de características de ''força'' ou ''fraqueza'' de povos em guerra, em razão do peso e do tamanho das pessoas - e isso diante de um homem que não deve passar muito do metro e meio de altura -, é a impressão de tratar uma grande tragédia, como foi a Guerra do Vietnã (na qual morreram 58 mil norte-americanos e cerca de 3 milhões de vietnamitas do sul e do norte (C.T. - estes 3 milhões são o número de vietnamitas MORTOS PELO REGIME QUE SE SEGUIU À SAÍDA AMERICANA DE LÁ)), como se fosse uma disputa entre seleções de futebol, nos termos: ''Não é pouco para um povo derrotar franceses e norte-americanos no mesmo século.''

É claro que nem o presidente do Vietnã nem qualquer outra autoridade vietnamita fizeram qualquer referência a ''vitórias'' passadas contra países com os quais, já há muito tempo, procuram intensificar suas relações comerciais - e nisso o Vietnã trilha o caminho do desenvolvimento, aberto pela China, pela via do relacionamento com o mundo capitalista. Observe-se que há um entendimento tácito, entre as diplomacias dos Estados contemporâneos, de que referências a conflitos passados só têm sentido quando destes ficaram questões por resolver. Entre EUA e Vietnã inexistem tais pendências - ao contrário, há um acordo comercial bilateral desde 2000 - e muito menos sentido haveria em o Brasil intrometer-se nessa história. País algum aprecia que se rememorem suas derrotas - especialmente a maior potência militar do mundo, que teve na Guerra do Vietnã o período mais constrangedor de sua história.

É fundamental que um chefe de governo só se pronuncie sobre assuntos que envolvam outros povos quando essa referência sirva a um objetivo - político ou comercial - de estreitamento da relação bilateral. Não se admite, entre governantes, a conversa gratuita, tal como os bate-papos entre amigos que não precisam ter escopo ou conseqüência. O que será dito por um governante no exterior necessita de um acurado preparo prévio, com assessoramento diplomático, para que não derive apenas de suas recordações pessoais ou velhas idiossincrasias. Isso quer dizer que não é o fato de Bush ter beijado a face barbuda de Lula na véspera, no encontro do G-8 no Japão, que eliminaria o mal-estar da diplomacia norte-americana ante o que disse o presidente no Vietnã.

Comentário do Cavaleiro do Templo: o ódio ao conhecimento que tem o brasileiro (que não sabe nem mesmo as bases éticas e morais da sua Civilização, acredita que NAZISMO foi um regime de direita, que NUNCA ouviu falar de Mário Ferreira dos Santos, que sabe mais sobre seu time de futebol do que sobre a HISTÓRIA do país em que nasceu, que acredita piamente que o CAPITALISMO é ruim (quando é em verdade o único sistema criado pelo homem que permite que mérito e esforço sincero tire pessoas da miséria), entre infinitos outros exemplos) e a crença de que não seja possível perder todos os direitos conquistados ao longo de muito tempo e muito sangue colocaram um COMUNISTA CELERADO (desnecessário o adjetivo, eu sei...) e inimigo do conhecimento na PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. O resultado vemos a cada vez que ele abre a boca. Se o brasileiro é tido como BURRO, VAGABUNDO e/ou MAL CARÁTER, o LULA, como PRESIDENTE, faz a úncia coisa que poderia fazer, já que mesmo ASSOCIADO ÀS FARC está no seu segundo mandato e conta com aprovações espetaculares segundo as pesquisas: confirmar estas impressões mundo afora...

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".