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terça-feira, 15 de julho de 2008

Explorando os nossos infortúnios econômicos

Do portal MÍDIA SEM MÁSCARA
por Jeffrey Nyquist em 15 de julho de 2008


Resumo: Na guerra pelo controle do mundo, mentirosos se travestem de reveladores da verdade e teorias conspiratórias têm sido um importante veículo para promover uma agenda totalitária de subversão e agitação revolucionária.

© 2008 MidiaSemMascara.org

A economia global está em apuros. De acordo com o jornal londrino The Telegraph, o Royal Bank of Scotland aconselhou seus clientes a que “reforcem sua posições em preparação para uma quebradeira geral nos mercados de ações e de crédito no transcorrer dos próximos três meses”, na medida em que a inflação, conduzida pelos altos preços da energia, paralise os principais bancos. É triste o fato de que os preços do petróleo tenham se recusado a cair. Dizem-nos que, recentemente, os sauditas tentaram reduzir o preço do barril – mas eles falharam.

A dor continua enquanto as perdas continuam a crescer. Haverá promessas políticas – com a ênfase na palavra “políticas”. De um lado, temos o senador John McCain, e do outro, o senador Barack Obama. Escrevendo no Wall Street Journal de 19 de junho, Karl Rove[1] alertava que ambos os candidatos à Casa Branca “podem se revelar iletrados em matéria de economia e irresponsavelmente populistas”. Ambos fazem as delícias do público que nutre a convicção de que as companhias de petróleo estão obtendo lucros obscenos. Mas as companhias de petróleo não são o problema, e se nós não tivermos a capacidade de avaliar a importância do assunto, com alguma perspectiva, a crise econômica se transformará em crise política, e esta poderá levar a uma sublevação social. Eu temo que os líderes dos EUA tenham ignorado o perigo, uma vez que o foco de sua atenção está concentrado no Oriente Médio e nas eleições. Sob a superfície, e por muitos anos, os valores e os ideais ocidentais vêm sendo atacados nos campi universitários americanos, nas igrejas, na televisão, em livros e na Internet. E eu ainda acrescentaria, apesar de poucos concordarem comigo, que isso foi apenas uma preparação do terreno para algo mais.

Num filme documentário de 2007 [link para o vídeo], intitulado Zeitgeist[2], dizem-nos que o Cristianismo é uma religião falsa, que os ataques de 11 de setembro foram uma armação interna e que os terríveis bancos centrais estão por trás de um sistema de escravização e pauperização. O filme nos diz que somos vítimas da conspiração de uma elite que usa a religião, a política e o dinheiro para controlar nossas vidas. O apelo à paranóia é realizado por uma série de giros e mudanças bruscas. Mas o que o filme evidentemente não faz é notar que o Cristianismo, o governo americano e um sistema com base num banco central deram à humanidade a mais bem sucedida sociedade da história. Três gerações de americanos desfrutaram de um alto padrão de vida e de uma excepcional liberdade individual. Que tenhamos usado mal nossa riqueza é outro problema; que tenhamos nos tornado uma sociedade permissiva e narcisista é mais fundamental na condução política do que ideologias ou política partidária. Mas isso apenas descreve a nossa vulnerabilidade.

É preciso repetir que os valores do Cristianismo, da República Americana e do capitalismo estiveram sob ataque de rivais totalitários por décadas. Quer você aprove, ou não, os valores e tradições ocidentais, você não pode negar a veracidade desta afirmação. Um desafio esteve e está em andamento, e este desafio tem implicações internacionais – formidáveis implicações estratégicas. As idéias expressas no documentário Zeitgeist são as idéias cardeais daqueles que desejam derrubar “as forças políticas estabelecidas”. Ponderem sobre este desafio ao sistema no contexto daquilo que está acontecendo na esfera econômica e o que deve acontecer na esfera política. O nome do jogo é jogar a culpa.[3] Está em curso um ataque contra a autoridade religiosa, contra a autoridade política existente, e também contra o sistema econômico tal como representado pelos “banqueiros centrais”. O ataque está acontecendo em muitos níveis simultaneamente; está em curso há décadas e pode acelerar-se em breve.

Se houve uma conspiração, não foi uma conspiração de autoridades religiosas, de George W. Bush ou de diretores de bancos centrais. Em vez de uma conspiração do establishment, há uma conspiração revolucionária dirigida contra a fé cristã, o Tio Sam e o capitalismo. O documentário Zeitgeist sugere que a fé e o patriotismo são embustes, fraudes, e que a base da sociedade é uma mentira. Porém, o documentário mesmo faz uso da manipulação e do engodo para passar a sua mensagem. Um discurso do presidente Kennedy sobre a conspiração comunista internacional é tirado do contexto para fazê-lo soar como um discurso contra uma trama secreta que o mataria em Dallas.

Na guerra pelo controle do mundo, mentirosos se travestem de reveladores da verdade, enquanto os líderes do mundo livre são demonizados como “riquíssimos malfeitores” ou “fomentadores de guerras”. Teorias conspiratórias têm sido um importante veículo para promover uma agenda totalitária de subversão e agitação revolucionária. Elas são usadas para desacreditar nossos líderes às vésperas da próxima guerra. O que revela o impulso totalitário nesse filme em particular é o seu ódio violento às mais básicas estruturas da Civilização Ocidental. Deve ter-se em mente, antes de qualquer coisa, que aqueles que buscaram a erradicação do Cristianismo, do governo constitucional e do capitalismo eram antes conhecidos como “comunistas”. Seu legado é o legado de Lenin, Stalin, Mao e Pol-Pot. As estrelas menores do movimento incluem luminares do porte de um Fidel Castro, Hugo Chávez, Robert Mugabe, Ho Chi Minh e Kim Jon IL, dentre outros.

Se a “Revolução é agora”, como diz o filme, então essa revolução tem muito em comum com a revolução nacional-socialista na Alemanha – que se apoiou numa teoria da conspiração. Hitler sempre afirmava que os banqueiros, também conhecidos como “os judeus”, exemplificavam a perversidade do capitalismo e a decadência da cultura de mercado. “Meus sentimentos contra o americanismo são sentimentos de ódio e profunda repugnância”, dizia Adolf Hitler. Os Estados Unidos são parte de uma “civilização materialista venenosa”, diziam os intelectuais japoneses a mando do general Hideki Tojo. A destruição do Ocidente era o sonho de Lenin e o grande projeto de Stalin. Na China, a alta liderança ensina aos seus oficias que eles devem se preparar para uma futura guerra contra os Estados Unidos.

A ideologia anti-ocidental estimulou o Eixo na II Guerra Mundial e o Bloco Comunista durante a Guerra Fria. Ela estimula a al Qaeda e o regime clerical iraniano. Se você observar a política doméstica americana, a ideologia antiocidental inspirou e estimulou os radicais dos anos 1960 da mesma fora que continua a inspirar e estimular o movimento antiguerra hoje. George W. Bush é injustamente difamado e caluniado: “um mentiroso e fomentador de guerras”. Na verdade, ele não é nada além de um homem bem-intencionado que foi mal servido por seus conselheiros e traído por seu próprio serviço de inteligência. Seus erros não são os de um mestre conspirador. A lógica da retórica totalitária supõe que o 11 de setembro tenha sido uma armação americana porque é intolerável permitir que o capitalismo e a República Americana tenham qualquer tipo de superioridade moral. Todas as medidas de defesa nacional são, por isto, denunciadas como ilegítimas. Todos os funcionários do governo americano são vilões, escroques e bobos. A República é nada mais que um sistema de exploração que precisa ser derrubado. Atentem para estas palavras. Não sejam levados pelo rufar dos tambores da propaganda antiocidental.

[1] NT: Karl Rove é considerado um dos grandes “arquitetos” e organizadores do Partido Republicano. Atribuem-lhe, dentro e fora do partido, os maiores méritos pelas duas vitórias de George W. Bush nas eleições presidenciais em 2000 e 2004. Odiado e temido por muitos, é subestimado por muito poucos.

[2] NT: Zeitgeist, palavra alemã que significa “o espírito do tempo, da época”. Foi e é utilizada em contextos variados.

[3] NT: The name of the game is to blame. A rima é intraduzível, mas pode ser explicada: a tática é inculpar a outros pelos efeitos maléficos de suas ações planejadas.

© 2008 Jeffrey R. Nyquist

Publicado por Financialsense.com

Jeffrey Nyquist é formado em sociologia política na Universidade da Califórnia e é expert em geopolítica. Escreve artigos semanais para o Financial Sense, é autor de The Origins of The Fourth World War e mantém um website: http://www.jrnyquist.com/

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".